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Joseph Lister e as técnicas inovadoras de assepsia

joseph lister

 

Joseph Lister nasceu em West Ham, Condado de Essex, Inglaterra no dia 05 de abril de 1827. Seu pai, Joseph Jackson Lister, era enólogo e cientista amador, foi pioneiro na produção de lentes acromáticas para microscópios – que não distorciam as imagens e as cores dos objetos observados.

 

Lister teve seu interesse pela ciência despertado no laboratório do pai, onde usava o microscópio para investigar a natureza.

 

Aos 17 anos entrou na University College London e em 1847 adquiriu seu bacharelado em artes – seu pai considerava a graduação em artes de extrema importância antes que seguisse outra carreira. Após a graduação, iniciou a Faculdade Real de Cirurgiões e se formou com honras aos 26 anos.

 

Nessa mesma época, Lister e o irmão John contraíram varíola. Ambos se recuperaram, mas o irmão teve um tumor cerebral que tirou sua visão e movimento das pernas, vindo a falecer um tempo depois. A morte do irmão levou Lister a questionar sua vocação médica e o levou a viajar por um ano pela Grã-Bretanha e Europa, decidindo estudar teologia e seguir carreira de religioso Quaker.

 

Em 1849 voltou a se dedicar à cirurgia, retornando para a University College. Além de estudar na universidade, Lister também comprava peças anatômicas para praticar em casa. Após alguns meses recebeu o convite para ser auxiliar cirúrgico de John Eric Erichsen – cirurgião sênior da universidade, onde seguiu até 1852 – mesmo ano que examinou a estrutura do olho humano utilizando seu microscópio e consolidou a hipótese de que a íris era composta por fibras de musculatura lisa e possuía ações involuntárias, o contrário do que se acreditava na época.

 

Em 1858 publicou um estudo sobre a contração e a dilatação arterial, onde determinou que o comando para tais funções partia do Sistema Nervoso Central. Esse estudo originou o “Método de Lister” que, entre outras coisas, consistia na elevação dos membros inferiores antes de uma cirurgia para diminuir a irrigação sanguínea no local.

 

As cirurgias eram praticadas sem nenhuma higiene: não havia troca de roupas entre os procedimentos, os aventais costumavam ficar imundos, com crostas secas de sangue e pus por cima – acreditava-se que essas eram marcas de um bom exercício da profissão.

 

Enquanto era professor na Universidade de Glasgow, entrou em contato com um artigo do químico francês Louis Pasteur que sugeria três métodos de eliminação dos microrganismos: filtração, exposição ao calor ou exposição a antissépticos. Dessa forma, Lister se concentrou em encontrar um antisséptico eficaz que matasse os microrganismos e não causasse danos aos pacientes e orientava seus alunos a lavarem as mãos antes das cirurgias com uma solução de ácido carbólico a 5%, assim como os instrumentos cirúrgicos e o anfiteatro. Roupas deveriam ser trocadas e lavadas com frequência e as feridas tratadas.

 

A introdução de técnicas de assepsia com agentes químicos (ácido carbólico), reduziu os óbitos pós-operatórios. O primeiro trabalho sobre assepsia foi publicado em 1857 (Os Estádios Primários da Inflamação). O ácido carbólico era utilizado como antisséptico para limpar tesouras e Lister supôs que teria o mesmo efeito de prevenção de doenças em local cirúrgico, aplicando de forma não diluída a uma lesão grave na perna de um jovem que se curou sem infecção, poupando-o de uma amputação.

 

joseph lister assepsia
Antissepsia Listeriana em Cirurgia Antisséptica (1872) por William Watson Cheyne, um dos mais ferozes defensores de Lister.

 

Em Edimburgo conheceu a técnica de amputação na articulação do tornozelo do James Syme – que permitia ao paciente suportar o peso sobre o coto do tornozelo, técnica que permitia maior mobilidade e independência. Tornou-se assistente de Syme e se casou com sua filha, a qual se tornou uma importante assistente para seus estudos posteriormente.

 

Também desenvolveu estudos sobre coagulação, provando que o sangue permanecia fluido dentro das veias se o endotélio se mantivesse íntegro, mas coagulava quando o endotélio era perfurado.

 

Em 1869 assumiu a cátedra de cirurgia na Universidade de Edimburgo, substituindo seu sogro que se aposentou após ter um acidente vascular cerebral que o deixou com sequelas motoras.

 

Em 1871, Lister foi chamado ao leito da rainha Vitória, que estava com um abscesso infectado na axila. A rainha provou os métodos do cirurgião e espalhou sua popularidade. Ao realizar o procedimento na rainha, desenvolveu uma cânula, em substituição ao tradicional dreno de fios de seda que não estava funcionando adequadamente, utilizada posteriormente para drenagem de outros abscessos. A rainha criou um baronato para Lister em 1883, devido às suas descobertas e contribuições para a medicina.

 

 

O antisséptico Listerine foi desenvolvido em 1879 como antisséptico cirúrgico e comercializado até hoje como enxaguante bucal. Seu nome se deu em homenagem a Lister.

 

 

Lister foi primeiro cirurgião a esterilizar o categute (fio feito de intestino de animais e usado em suturas), passando a utilizar o categute carbólico, e, posteriormente, em 1881, introduziu o categute crômico (material fibroso feito de colágeno retirado do intestino de vacas ou ovelhas e tratado com sais de ácido crômico), primeiro material de sutura desenvolvido especificamente para uso cirúrgico.

 

Joseph Lister morreu em 10 de fevereiro de 1912, com quase 85 anos. Após sua morte foi criado um fundo, que levou ao surgimento da Medalha Lister, uma premiação do Royal College of Surgeons of England por realizações na cirurgia já concedida a 27 pessoas.

 

 

 

 

Referências bibliográficas:

Filho, Lauro Arruda Câmara. QUEM FOI JOSEPH LISTER. Hospital do Coração. 

Estudos Superiores e de especialização. Joseph Lister. Biblioteca Virtual em Saúde Adolfo Lutz. Disponível em: http://www.bvsalutz.coc.fiocruz.br/html/pt/static/trajetoria/origens/estudos_joseph.php

Voigt, Rafael. Joseph Lister e um capítulo da história da medicina. Revista Voz da Literatura. 

Lima, Daladier Pessoa Cunha. Joseph Lister e a Rainha Vitória. Jornal Tribuna do Norte. 

Neufeld, Paulo Murillo. Personagem da História da Saúde XI: Joseph Lister. Revista Brasileira de Análises Clínicas Vol. 53 Nº. 1 2021. Disponível em: http://www.rbac.org.br/wp-content/uploads/2021/08/RBAC-vol-53-1-2021_editorial.pdf

BARR, Justin; PODOLSKY, Scott H. Listerism then and now. The Lancet. The art of medicine. Volume 389, ISSUE 10073, P1002-1003, 2017. Disponível em:  https://doi.org/10.1016/S0140-6736(17)30652-9

 

 

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