Louis Pasteur nasceu em 27 de dezembro de 1822, em Dole, Leste da França. Aos 15 anos pintava quadros – muitos dos quais decoram hoje o Instituto Pasteur de Paris.
Em 1840 completou o curso de Letras no Colégio Real de Besançon, mas por acreditar que ser professor não era sua vocação, decidiu retomar os estudos em Paris, onde foi se especializar em Física e Química na Escola Normal Superior, passando a trabalhar como assistente do químico Antoine Jerôme Balard.
Em 1848, Pasteur iniciou seus ensinamentos de Física Elementar em uma escola secundária de Dijon e no ano seguinte foi nomeado professor de Química da Universidade de Estrasburgo – onde conheceu sua esposa Marie Laurent, filha do reitor – deixando essa posição somente em 1854 quando foi convidado a assumir a cadeira de Química da Universidade de Lille.
Pasteur desenvolveu diversos estudos importantes na área científica, porém seus estudos sobre doenças infecciosas foram os responsáveis por dar maior notabilidade à sua carreira. A Teoria Germinal das Doenças Infecciosas, proposta por ele, dizia que a maioria das doenças era causada por germes e tinham capacidade de contagiar outras pessoas, o que colocava abaixo a Teoria da Geração Espontânea, proposta pelo naturalista John Needham, que dizia que os seres vivos se originavam a partir de uma matéria inanimada. A partir disso, diversos microrganismos causadores de doenças infecciosas foram identificados e foram desenvolvidas técnicas para combatê-los.
Com seu microscópio, descobriu a existência das leveduras que azedavam cervejas e vinhos de produtores da região e, para solucionar essa questão, desenvolveu a técnica conhecida hoje como pasteurização.
Seus estudos sobre fermentação também o levaram a estabelecer conceitos básicos de esterilização e assepsia para prevenir contaminações e infecções cirúrgicas, o que inspirou John Halsted a aprimorar essas técnicas posteriormente.
Em 1862, Pasteur tornou-se diretor do Museu de História Natural de Rouen e membro da Academia de Ciências.
Engajado com suas pesquisas sobre doenças infecciosas, fez a descoberta de três importantes bactérias responsáveis por infecções humanas: estafilococos, estreptococos e pneumococos. Além disso, foi responsável pela grande descoberta dos vírus ao revelar o agente transmissor da raiva.
Em 1886, foram apresentados na Academia de Ciências Francesa os resultados para o tratamento da raiva e, com isso, Pasteur foi convidado a iniciar um centro de produção para a vacina antirrábica, o que fez com que enfrentasse grande perseguição de jornais e opinião pública, pois suspeitavam de suas vacinas, chegando a ser criada, contra ele, a Liga Universal dos Antivacinadores.
Dom Pedro II era um grande amigo e entusiasta dos trabalhos de Louis Pasteur e possuía grande interesse que seu amigo viesse a se instalar no Brasil para estudar as epidemias de febre amarela, porém o pesquisador já se encontrava em uma idade avançada e com sequelas de um derrame, então recusou o convite alegando que estava velho demais para se aventurar nos trópicos, além de estar mais interessado em prosseguir com seus estudos sobre a vacina antirrábica, por isso propôs que viria apenas se pudesse testar sua vacina em condenados à pena de morte, já que o experimento não havia sido testado em humanos ainda. Dom Pedro II foi contra sua proposta, pois desaprovava a pena de morte e não via vantagens em oferecer essa alternativa aos condenados não tendo provas de sua eficácia, visto que ninguém escolheria a possibilidade de morrer por conta de uma vacina ao invés de por uma pena de morte que nunca era realizada, além de a febre amarela – o verdadeiro alvo de interesse do Imperador – ser responsável por muito mais mortes que a raiva.
Um ano após o desacordo com o Imperador do Brasil, finalmente Pasteur teve a oportunidade de testar sua vacina em humanos: um menino francês de 9 anos, chamado Joseph Meister, foi mordido por um cão raivoso e sua mãe procurou pelo pesquisador que decidiu realizar a aplicação da vacina. O menino não desenvolveu a doença, comprovando a eficácia da criação de Pasteur e fazendo com que Meister entrasse para a história como a primeira pessoa que foi salva pela vacina antirrábica.
Apesar de toda a desconfiança da população e do governo, o Instituto Pasteur de Paris foi fundado em 04 de junho de 1887, com o objetivo de fornecer a vacina antirrábica e o soro antidiftérico para as colônias europeias na África e Ásia, além de dar continuidade aos estudos sobre as doenças infecciosas.
Sua relação com o Imperador do Brasil não foi abalada e Dom Pedro II contribuiu generosamente com 100 mil francos para a criação do Instituto, ganhando um busto de mármore em sua homenagem.
Pasteur faleceu em 1895, aos 72 anos, mas seu legado segue firme até os dias atuais. O Instituto Pasteur possui hoje 134 anos de história e 10 prêmios Nobel pela sua contribuição para o desenvolvimento da medicina, como a prevenção e o tratamento da peste, tétano, tifo, febre amarela, tuberculose, poliomielite, hepatite B e o isolamento do HIV na década de 80. Suas filiais estão presentes em dezenas de países e ainda hoje é um dos principais centros de pesquisa do mundo.
Referências bibliográficas:
Louis Pasteur, um químico francês que mudou a forma como se combatiam as doenças. Biblioteca Nacional – Governo Federal.
Louis Pasteur. Canal Ciência – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.
WITCHEMICHEN, Diego H. Louis Pasteur. Unicentro Paraná.
DANTAS, Karinna Ribeiro; HIDALGO, Juliana M. Spallanzani, Needham e a controvérsia sobre a Geração Espontânea: uma proposta didática para o Ensino Médio. Portal de Revistas da PUC-SP. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/hcensino/article/download/54147/35572/164477
No Instituto Pasteur. Vida pessoal e Trajetória Científica – Biblioteca Virtual Oswaldo Cruz.
ASSUMPÇÃO, Maurício Torres. D. Pedro II e o Instituto Pasteur. Conexão Paris.
ASSUMPÇÃO, Maurício Torres. A história do Brasil nas ruas de Paris – Capítulo 8: Dom Pedro II e o Instituto Pasteur. RFI.
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