28 C
São Paulo
segunda-feira, 25 novembro
InícioPediatriaAgosto Dourado - Mês do Aleitamento Materno

Agosto Dourado – Mês do Aleitamento Materno

Agosto Dourado – Mês do Aleitamento Materno

Agosto Dourado aleitamento materno

No mês de agosto, celebramos o chamado Agosto Dourado, destinado à conscientização sobre a importância do aleitamento materno.

 

Que as mães amamentam seus bebês, todo mundo sabe. Mas os benefícios que o aleitamento propicia para mãe e bebê podem não ser do conhecimento de todos, especialmente em um mundo cheio de fórmulas lácteas, suplementos nutricionais e outros produtos que são, às vezes de forma equivocada, propagandeados como alternativas à amamentação. Vamos aproveitar o Agosto Dourado e revisitar a importância do aleitamento materno!

 

Para começo de conversa, um dado fundamental: o aleitamento materno é a estratégia mais eficaz para prevenir mortes em crianças de até 5 anos. É isso mesmo. Dentre tantos métodos e tecnologias que podem (e devem) ser usados para reduzir a mortalidade infantil, o mais eficaz é talvez um dos de mais simples implementação: o processo fisiológico em que uma mãe amamenta seu bebê. Essa razão, isoladamente, basta para que busquemos encorajar o aleitamento materno.

 

Mas os benefícios não param por aí. Para entende-los, vamos revisar a origem e a composição do leite materno.

 

A síntese do leite materno depende primordialmente de três processos: a mamogênese (maturação do tecido mamário durante a puberdade e o período de gestação), a lactogênese (início da síntese do leite, que depende da ação dos hormônios prolactina, que estimula a produção do leite nas glândulas mamárias, e ocitocina, que estimula a ejeção do leite por meio da contração da musculatura lisa das mamas) e a galactopoiese (manutenção da síntese do leite, que depende da presença da prolactina e da ocitocina, do estímulo de sucção dos mamilos pelo bebê, e da remoção regular do leite que está nas mamas). Se os pré-requisitos para o desenrolar adequado desses três processos estiverem presentes, a mãe será capaz de produzir leite e sustentar essa produção.

 

Contudo, há mais peculiaridades nesse processo. O leite não permanece igual nas várias etapas do período de amamentação: dependendo do momento, ele adquire características específicas. O primeiro leite, produzido do 1º ao 5º dia depois do parto, é denominado colostro, possui cor amarelada e é rico em proteínas e imunoglobulinas (especialmente IgA, IgG e IgM), de tal forma que sua ingesta é fundamental para a maturação do sistema imune do bebê. Na sequência, do 6º ao 15º dia, o leite de transição é produzido e apresenta cor mais esbranquiçada e opaca, além de ser rico em lactose, proteínas e lipídios. Por fim, a partir do 16º dia, é produzido o chamado leite maduro, de cor intermediária entre o branco e o amarelo, que é o mais rico em termos nutricionais. Além disso, é importante esclarecer que o leite materno pode apresentar pequenas mudanças de cor no decorrer de uma mesma mamada, indo de mais esbranquiçado para mais amarelado. Isso se deve ao fato de que a primeira leva de leite, conhecido como leite anterior, é mais rico em água (sendo mais esbranquiçado e essencial à hidratação da criança), enquanto o leite secretado em seguida, conhecido como leite posterior, é mais rico em proteínas, ácidos graxos e lipídios (sendo mais amarelado e essencial à nutrição da criança). Logo, essas pequenas variações de cor são normais, e o importante é garantir que a mama seja esvaziada durante a amamentação, para que o bebê receba tanto o leite anterior como o posterior!

 

Com base nessas informações, podemos listar os diversos benefícios que a amamentação traz para mãe e bebê. Para o bebê, o aleitamento gera hidratação adequada e nutrição completa, maturação da imunidade (com menor risco de desenvolver alergias e infecções), melhor desenvolvimento da cavidade bucal (decorrente do ato de sucção), melhor desempenho cognitivo, menor risco de desenvolver comorbidades na vida adulta (como hipertensão, diabetes, obesidade e colesterol alto), menor risco de morte súbita, dentre outros. Para a mãe, o aleitamento gera menor risco de sangramento pós-parto (o hormônio ocitocina, que estimula a ejeção do leite materno, também estimula que o útero volte ao seu tamanho normal), menor risco de câncer de mama, menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, efeito contraceptivo imediato (em mulheres em aleitamento materno exclusivo, a alta de prolactina inibe novos ciclos ovulatórios), dentre outros. Além disso, mãe e bebê se beneficiam do vínculo que o ato de amamentar estimula.

 

Esses motivos endossam a recomendação pelo aleitamento materno exclusivo durante os primeiros 6 meses de vida da criança. Em outras palavras, o ideal é que nesse período o bebê se alimente única e exclusivamente do leite materno, sob livre demanda (isto é, a mãe dá o peito sempre que o bebê manifestar desejo de mamar). Dos 6 meses aos 2 anos de vida, a amamentação pode deixar de ser exclusiva, dando espaço para a introdução gradual de outros alimentos (fase absolutamente importante, já que uma introdução alimentar adequada é fundamental para que a criança se habitue a novos alimentos e adote uma dieta saudável). Por fim, a partir dos 2 anos, a criança tende a abandonar lentamente a amamentação e adotar os hábitos alimentares de sua família. Contudo, é importante salientar que não existem maiores contraindicações à amamentação de crianças com mais de 2 anos; inclusive, é preferível que o aleitamento ocorra por mais de 2 anos do que por menos de 6 meses. Podemos dizer que é melhor “pecar por excesso do que por falta”.

 

Por fim, falamos da importância do aleitamento materno, mas como uma mãe pode garantir que seu bebê esteja sendo amamentado da forma adequada? A resposta está na técnica da pega, que precisa ser feita corretamente. São vários pequenos passos, mas todos muito simples e fáceis de aplicar:

 

  1. O corpo da mãe precisa estar voltado para o corpo do bebê (uma forma fácil de garantir isso é verificar se a barriga do bebê está totalmente apoiada na barriga da mãe).
  2. O queixo do bebê precisa estar encostado no seio, mas ao mesmo tempo o seu nariz não pode estar encostado demais no seio, para não prejudicar a respiração.
  3. A boca do bebê precisa cobrir a maior parte possível da aréola do mamilo, e não apenas cobrir o mamilo (a aréola é o anel de pele mais escurecida que circunda o mamilo).
  4. Quando o bebê colocar a boca sobre o mamilo e a aréola, certifique-se de que os lábios dele estão virados para fora e que sua boca está aberta (“boquinha de peixe”).
  5. Quando o bebê sugar o leite, suas bochechas precisam ficar arredondadas, mostrando que a musculatura da sucção está conseguindo funcionar adequadamente.

 

Tomando esses cuidados, o bebê será amamentado de forma eficaz e tanto ele quanto a mãe poderão usufruir dos vários benefícios que o aleitamento materno permite. Essa medida, tão natural e direta, também ajuda a reduzir a mortalidade infantil e garantir uma saúde adequada para essas crianças.

 

Aproveitemos o Agosto Dourado para lembrar da importância do aleitamento materno e espalhar essas informações! Compartilhe esse artigo!

 

Se quiser mais informações, confira este caderno do Ministério da Saúde sobre aleitamento materno e alimentação complementar para crianças.

 

 

Por Enrico Suriano

 

 

 

 

Quer ser avisado sempre que sair um novo post? Inscreva-se na nossa newsletter!

POSTS RELACIONADOS