Uso de antidepressivos na gestação: A saúde mental durante a gestação é uma preocupação fundamental, tanto para a mãe quanto para o desenvolvimento saudável do feto.
Neste post abordaremos sobre alguns pontos que se deve avaliar no uso de psicotrópicos na gestação.
Veja a seguir
Introdução
O uso dos antipsicóticos na gestação é um grande desafio para a psiquiatria, principalmente quando há a necessidade de iniciar o antidepressivo em vigência da gestação.
Por outro lado, o uso de psicotrópicos como antidepressivos, estabilizadores de humor ou ansiolíticos, pode ser necessário para tratar transtornos psiquiátricos durante a gravidez. Especialmente pelo fato que as mulheres estão mais vulneráveis a apresentar nesse período de flutuação hormonal e mudança de vida, uma piora ou desenvolvimento de um transtorno mental.
Portanto, a avaliação da decisão de utilizar esses medicamentos deve ocorrer de forma cuidadosa, levando em consideração os potenciais riscos e benefícios envolvidos.
O que avaliar?
Avaliação individualizada:
A decisão de indicar o uso de psicotrópicos na gestação deve ter como base uma avaliação individualizada de cada caso, considerando fatores como:
- gravidade do transtorno psiquiátrico;
- histórico de tratamento anterior;
- riscos associados à doença não tratada e riscos potenciais do uso de medicamentos.
Uso de antidepressivos na gestação: Segurança para a mãe e o feto
A segurança do uso de psicotrópicos na gestação é uma preocupação importante. Estudos recentes têm investigado os efeitos desses medicamentos no desenvolvimento fetal e no resultado da gestação.
Sendo assim, deve-se avaliar o:
- Risco de Abortamento,
- Risco de malformação ou teratogênese;
- Risco de toxicidade neonatal e síndrome de abstinência e
- Risco de sequelas neurocomportamentais a longo prazo
Alternativas não medicamentosas:
Em alguns casos, pode ser possível considerar opções não medicamentosas para o tratamento de transtornos psiquiátricos durante a gestação. Terapias psicossociais, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e o suporte psicoterapêutico, podem ser eficazes e seguras para algumas gestantes.
Um estudo publicado na revista JAMA Psychiatry (2018) demonstrou que a terapia cognitivo-comportamental foi associada a uma redução significativa dos sintomas depressivos em gestantes, sendo uma opção a ser considerada antes do uso de medicamentos.
Monitoramento regular:
Quando o uso de psicotrópicos é indicado durante a gestação, é essencial que a gestante receba um monitoramento regular e cuidadoso. Isso pode incluir consultas frequentes com o médico, exames de ultrassom para acompanhar o desenvolvimento fetal e avaliação da resposta ao tratamento.
O acompanhamento médico adequado permitirá ajustes na medicação, se necessário, e identificação precoce de possíveis efeitos adversos tanto para a mãe quanto para o feto.
O que temos de evidência sobre cada classe?
Antidepressivos
Como grupo, os antidepressivos não estão relacionados a piores desfechos na gestação. Um estudo publicado no JAMA Psychiatry (2019) concluiu que o uso de antidepressivos durante o primeiro trimestre da gravidez não foi associado a um aumento significativo no risco de malformações congênitas.
No entanto, é necessário considerar os riscos específicos associados a cada classe de psicotrópico e discuti-los com a gestante antes de tomar uma decisão.
ISRS
Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina são drogas aceitas como seguras em relação a anomalias congênitas, exceto a Paroxetina , que houve observação da alteração cardíaca durante a utilização no primeiro trimestre desta medicação.
Alguns estudos apontaram um maior risco de abortamento e aumento de incidência de Transtorno do Espectro Autista, entretanto esses estudos não controlaram os vieses presentes.
Alguns desses fármacos, foram associados a um maior risco de hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido (HPPRN), uma condição rara, mas grave.
Tricíclicos
O uso de tricíclicos não está relacionado a presença de malformações, entretanto algumas coortes vem mostrando um risco maior (em até 3 vezes) para pré-eclâmpsia no período neonatal.
Além disso, o bebê pode apresentar sintomas anticolinérgicos, como constipação e retenção urinária, devido a exposição, além de sintomas devido a descontinuação/abstinência com irritabilidade, choro, dificuldade de sucção, hipoglicemia, icterícia, entre outros.
Outros antidepressivos
Os IMAO (inibidores da monoaminoxidade) são prescritos durante a gestação.
Os Duais (inibidores seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina) apresentam poucos estudos, a Venlafaxina é a mais utilizada, e estudos mostram que apesar de ser segura para malformações, aumenta o risco para hipertesnsão arterial e pré-eclâmpsia.
Os demais antidepressivos não estão associado ao aumento de risco de malformações, mas também há poucos estudos que demonstrem a sua segurança.
Estabilizadores do humor
Alguns estabilizadores de humor, como o lítio, podem apresentar riscos teratogênicos, associados a malformações congênitas, especialmente quando usados durante o primeiro trimestre da gestação, como a anomalia de Ebstein, e quando o bebê nasce pode apresentar a síndrome floppy baby (*hipotonia, letargia, arritmias e cianose).
Para mulheres que possuem transtorno grave, o benefício da medicação pode sobrepor o risco relativamente pequeno da anomalia de Ebstein.
Outros estabilizadores de humor, como o ácido valproico e carbamazepina, não devem ser usados na gestação, pois têm sido associados a um maior risco de malformações congênitas graves, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e problemas cognitivos.
Benzodiazepínicos
A associação do uso de benzodiazepínicos durante a gestação tem sido a um risco ligeiramente aumentado de malformações congênitas, especialmente quando utilizados no primeiro trimestre.
Além disso, a exposição neonatal a benzodiazepínicos pode levar à síndrome de abstinência neonatal, com sintomas de irritabilidade, agitação e problemas de sono.
Antipsicóticos
Em geral os antipsicóticos são escolhas seguras para tratar transtornos mentais durante a gestação, mostrado maior benefício em usar do que de evitar, aumentando expressivamente o risco de suicídio e infanticídio. Medicações como a quetiapina, risperidona, haloperidol e olanzapina são os antipsicóticos de menor passagem placentária.
O uso de antipsicóticos durante a gestação também pode estar relacionado a um risco aumentado de diabetes gestacional, ganho de peso materno, e complicações neonatais, como prematuridade e baixo peso ao nascer.
Uso de antidepressivos da gestação
O que precisa ficar é que a avaliação da abordagem a transtornos mentais no período perinatal deve acontecer de forma individualizada, levando em consideração os riscos associados ao uso e benefícios do psicofármaco em conjunto com outras terapias.
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