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sexta-feira, 22 novembro
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Doenças Inflamatórias Intestinais: tratamento operatório

Doenças Inflamatórias Intestinais: tratamento operatório

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A doença inflamatória intestinal (DII) é um espectro de doença do intestino que geralmente é categorizada em duas: a Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU).

O tratamento dessa condição é complexo e deve ser multidisciplinar, visto a complexidade e cronicidade dela. Uma das opções terapêuticas mais avançadas é a abordagem cirúrgica.

Nesse texto, vamos entender quais são as cirurgias disponíveis para a DII e, o mais importante, quando elas devem ser indicadas.

Quais são as operações existentes para DII?

As operações existentes para a RCU e para a DC visam a resolução de complicações anatômicas e estruturais decorrentes do processo inflamatório crônico. São elas:

  • Drenagem de coleções e abscessos por via percutânea ou aberta;
  • Ressecções cirúrgicas de segmentos acometidos;
  • Estenoplastias (ou seja, plastia de estenoses);
  • Correção de fístulas;
  • Ostomias em casos selecionados.

Os portadores de Doença de Crohn – que acomete o trato gastrintestinal completamente, da boca ao ânus, e transmuralmente, da mucosa interna à serosa ou adventícia externa – podem se beneficiar de cirurgia em diferentes contextos. Veja a tabela a seguir que contém as indicações absolutas e relativas de cirurgia:

INDICAÇÕES ABSOLUTASINDICAÇÕES RELATIVAS
PERFURAÇÃO/ABSESSOINTRATABILIDADE CLÍNICA
HEMORRAGIA PROFUSARETARDO CRESCIMENTO NA FAIXA PEDIÁTRICA
OBSTRUÇÃOMASSA PALPÁVEL/PLASTRÃO
CÂNCER/DISPLASIAFÍSTULAS COMPLEXAS

Para entender tais indicações, devemos seguir o princípio que nenhum tratamento é inócuo ou isento de riscos, e as cirurgias tem os seus. Portanto, os benefícios da intervenção – como em tudo na Medicina – devem superar os potenciais prejuízos. Nos casos de emergências mais agudas, como a perfuração, abscesso, sangramento e obstrução, há grave risco de morte e não há tratamento clínico que resolva o problema. A presença de displasia ou carcinoma numa biópsia também é, claramente, indicação suficiente para operar o paciente. No caso das indicações relativas, não há risco iminente de morte, porém os benefícios potencialmente superam os riscos, sendo necessária a ponderação da equipe médica sobre a decisão de operar.

Já nos casos de Retocolite Ulcerativa – manifestação da DII que acomete não o trato gastristinal por completo, mas apenas o reto e cólon, e não de forma transmural, mas apenas mucosa e submucosa – as indicações operatórias são praticamente iguais, com algumas poucas peculiaridades.

Confira na tabela a seguir quais são elas:

INDICAÇÕES ABSOLUTASINDICAÇÕES RELATIVAS
COLITE AGUDA OU MEGACOLON TÓXICOINTRATABILIDADE CLÍNICA
PERFURAÇÃOPERFURAÇÃO
HEMORRAGIA COM INSTABILIDADEANEMIA GRAVE TRANSFUSÕES FREQUENTES
CÂNCER/DISPLASIA

Perceba, que como na DC, a presença de alterações oncológicas ou emergências abdominais como hemorragias graves, perfuração também são indicação absoluta. Uma indicação não incluída na tabela da DC é a colite aguda ou megacólon tóxico, que são complicações específicas da RCU. No caso das indicações relativas, perceba que não se incluem as fístulas e a massa palpável, que são manifestações da DC mas não da RCU. Porém, se inclui a necessidade de transfusõessanguíneas frequentes. Lembre-se que a anemia na DII se deve a dois mecanismos principais: as perdas intestinais e a inflamação crônica (lembra da anemia de doença crônica da Hematologia? Quem disse que cirurgia não precisa saber nada da clínica?).

A DII é uma doença crônica potencialmente grave, com dois polos com manifestações específicas, e que podem desenvolver complicações importantes apesar do tratamento clínico, tanto oncológicas quanto de urgências abdominais. Entendemos que aí se encontra o papel das cirurgias para o manejo dos pacientes, sem nunca esquecer, porém, que a multidisciplinaridade e longitudinalidade do cuidado são os elementos mais importantes para garantir a melhor qualidade de vida possível para os indivíduos acometidos.

Por Gustavo Boog 

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