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sexta-feira, 22 novembro
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Cessação de Tabagismo

tabagismo

O problema do tabagismo

Qual é a principal causa de morte evitável no mundo? A resposta é curta e direta, e deve ser de conhecimento de todos os profissionais da saúde: o tabaco (Fonte: WHO 2011). Está associada a doenças comunicáveis como pneumonia, tuberculose, e não comunicáveis, como doenças cardiovasculares, câncer e pneumopatias. E seu impacto não afeta apenas quem fuma, mas quem convive também. Uma boa parcela da mortalidade infantil, inclusive, pode ser associada ao tabagismo.

 

Em termos de saúde pública e individual, é difícil pensar em alguma prevenção mais efetiva do que a cessação do tabagismo. E é aí que mora o problema: embora 80% dos fumantes queira, de alguma forma, parar com esse hábito, apenas 3% consegue a cada ano. Existem tratamentos, porém, para ajudar a atingir esse objetivo, subindo o número de sucessos para até 30% em 1 ano (Fonte: INCA).

 

Abordaremos, sucintamente, nesse texto as principais modalidades que estão disponíveis.

 

 

Tratamento não-farmacológico

  • Comportamental – explorar as motivações do paciente e elaborar pequenos e concretos planos, valorizando os esforços e reduzindo danos.
  • Grupos abertos – os pacientes podem compartilhar experiências e dicas de sucesso e se inspirarem, além de se comprometerem mais pelo objetivo em comum do grupo.
  • Consultas individuais semanais – aplicando medicina centrada na pessoa, acolhendo-a em suas preocupações e fornecendo o suporte necessário. Não valorizar tanto os malefícios de continuar fumando, mas os benefícios da cessação.

 

 

Tratamento farmacológico

  • Bupropiona – antidepressivo que inibe seletivamente a recaptura de dopamina e noradrenalina, considerada primeira linha para o tratamento do tabagismo. Tem como contraindicações o antecedente de convulsão (pois diminui o limiar epileptogênico) e de psicose (p. ex.: transtorno bipolar, esquizofrenia). Um efeito colateral é a insônia. Seu custo é mais vantajoso (cerca de R$ 200,00) e ela é fornecida pelo SUS.
  • Nortriptilina – antidepressivo tricíclico que é segunda linha para o tratamento, pois não há tanta evidência. É útil por ser um medicamento mais acessível, de menor custo e que dá sono (como é comum na classe dos tricíclicos), o que pode ajudar aqueles tabagista com perfil mais agitado e que enfrentam dificuldades para dormir.
  • Vareniclina – considerada a primeira linha para o tratamento. Seu mecanismo é diminuir o prazer associado ao consumo da nicotina. Traz como potencial efeito a perda do prazer e seu uso pode não ser a melhor escolha em pacientes com caráter mais depressivo. Outras desvantagem é o custo, que fica superior a R$ 1.200,00 para o tratamento completo. Não é fornecido pelo SUS.

 

 

Reposição de nicotina

  • Homes, pastilhas – podem ser interessantes principalmente na substituição do hábito. “Aquela vontade de colocar um cigarro na boca” pode ser trocada por uma goma de mascar!
  • Adesivos de nicotina – os mais recomendados para a reposição de nicotina, vêm na dosagem de 21, 14 e 7 miligramas. Tem eficácia igual a da bupropiona, sem os efeitos colaterais. Seu único efeito adverso é o prurido. É contraindicado nos casos pós-IAM, por um mês. Tem custo de R$ 741,00 por mês.

 

 

Arrematando as pontas…

Como vimos, o tratamento para cessação de tabagismo é uma das medidas de saúde mais importantes em termos de prevenção de morbimortalidade e se constitui de medidas farmacológicas e não farmacológicas não invasivas, que podem ser realizadas no âmbito da atenção básica. O tratamento para o tabagismo deve ser centrado na pessoa e individualizado, considerando seu passado médico, suas características psicossociais particulares, e suas preferências e possibilidades de acesso.

 

Esse texto teve como objetivo apenas apresentar as modalidades terapêuticas, estando muito longe de esgotar qualquer aspecto desse assunto. Para se aprofundar mais no tema, dentro do contexto do SUS, cheque o texto do Instituto Nacional do Câncer.

 

 

Por Gustavo Boog

 

 

 

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