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Atualizações SOP 2023: novas diretrizes

novas diretrizes SOP

 Com suas manifestações clínicas diversificadas, a SOP requer uma abordagem precisa no diagnóstico e avaliação. Confira as novas diretrizes atualizadas em 2023.

Sumário

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma condição complexa que afeta até 13% das mulheres em idade fértil em todo o mundo. Com suas manifestações clínicas diversificadas, a SOP requer uma abordagem precisa no diagnóstico e avaliação.

 

Em outubro de 2023, tivemos uma nova atualização da Diretriz da NHMRC que trouxe novas perspectivas especialmente no diagnóstico da SOP. Nesse post, iremos abordar esses temas.

O que é a SOP?

 

A SOP, Síndrome do Ovário Policístico, é uma condição endócrina que afeta o sistema reprodutivo feminino. Essa síndrome tem como características típicas as disfunções hormonais que causam sintomas como irregularidade menstrual, hirsutismo e anovulação.

💡 LEMBRE-SE DA ESCALA DE FERRIMAN-GALLWEY: Sendo caracterizado hirsutismo se a pontuação total for:

      • Negras ou Brancas ≥ 8.

      • Mediterrâneas, Hispânicas ou do Oriente Médio ≥ 9-10
      • Asiáticas ≥ 2.

       Segundo a FEBRASGO é considerado hirsutismo um valor > 4 para orientais e > 6 para mulheres de outras regiões.
    Uptodate 2023

    Importante frisar ainda que o hiperandrogenismo clínico pode ser evidenciado por acne e queda de cabelo.

    As diretrizes de diagnóstico e avaliação da SOP evoluíram significativamente, com base nas últimas evidências científicas, e é essencial que profissionais da área de saúde estejam cientes dessas mudanças.

    Atualizações no Diagnóstico

     

    As novas diretrizes 2023 enfatizam uma abordagem mais holística no diagnóstico da SOP.

     

    Os critérios diagnósticos anteriores, baseado nos Critérios de Rotterdam e principalmente na contagem e tamanho dos cistos ovarianos, foram revisados para considerar uma variedade de sintomas clínicos e resultados de exames.

     

    Perceba a comparação dos critérios diagnósticos utilizados baseado nas diretrizes correspondentes.

     

    Critérios de consenso do NIH 1990Critérios de Rotterdam 2003Definição AES 2008
    Todos obrigatórios2 de 3 necessáriosTodos obrigatórios
    Irregularidade menstrual devido a oligo ou anovulaçãoOligo- ou anovulaçãoSinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo
    Sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismoSinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismoSinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo
    Exclusão de outras doençasOvários policísticos na USG: presença de ≥12 folículos de 2-9 mm de diâmetro, ou volume ovariano > 10 cm³Ovários policísticos (por ultrassom)

    💡 LEMBRE-SE DOS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS:

    • Distúrbios tireoidianos;
    • Falência ovariana;
    • Hiperprolactinemia;
    • Hiperplasia Adrenal Congênita – não clássica;
    • Síndrome de Cushing;
    • Hipogonadismo hipogonadotrófico;
    • Hipertecose ovariana;
    • Síndrome de resistência grave à insulina;
    • Tumor suprarrenal;
    • Uso de drogas: anabolizantes e ácido valpróico.

    A nova diretriz, também, estabeleceu um novo algoritmo diagnóstico baseado em 3 condições, considerando sempre a exclusão de diagnósticos diferenciais:

    A nova diretriz, também, estabeleceu um novo algoritmo diagnóstico baseado em 3 condições, considerando sempre a exclusão de diagnósticos diferenciais:

    Disponível em: https://academic.oup.com/jcem/article/108/10/2447/7242360?login=false

    Vamos entender, então, alguns conceitos fundamentais para a aplicação do algoritmo acima:

     

    1. Ciclos irregulares ou disfunção ovulatória, definido como:
      1. Ocorre entre 1 a < 3 anos após a menarca : com duração <21 ou >45 dias.
      2. 1 ano após a menarca: >90 dias para qualquer ciclo.
      3. 3 anos após a menarca até a perimenopausa : com duração <21 ou >35 dias ou <8 ciclos por ano.
      4. Amenorreia primária aos 15 anos ou >3 anos após a telarca
      OBS: É esperado no primeiro ano após a menarca, como parte da transição puberal.
    2. Testes de Hiperandrogenismo:
      1. Testosterona total e livre;
      2. Se Exames acima inalterados + Hiperandrogenismo clínico→ Avaliar Androstenediona + SDHEA (sulfato de desidroepiandrosterona)
    3. No 3 passo, em que as mulheres apresentam apenas Ciclos Irregulares ou Hiperandrogenismo, vamos agir de acordo com a faixa etária
      a. Adultas: solicitação de USG (´preferencialmente transvaginal) OU AMH (Hormônio Anti-mülleriano)
      b. Adolescentes: USG não está indicado, deve-se considerar risco de SOP e continuar um cuidado integral, programando novas reavaliações futuras.

    Perceba que na nova atualização foi provado que a USG possui uma importância ainda menor o diagnóstico, especialmente quando tratamos de adolescentes, não sendo recomendada o uso de USG neste público.  Essas mudanças buscam tornar o diagnóstico da SOP mais preciso e inclusivo, levando em consideração as diversas apresentações clínicas da condição.

    Outras atualizações sobre a SOP 2023

    A avaliação hormonal na SOP agora é mais detalhada, com foco na medição de hormônios específicos, para o auxílio na identificação do hiperandrogenismo e para descartar os diagnósticos diferenciais.

     

    A avaliação metabólica na SOP também foi ampliada. Além dos tradicionais testes de glicose em jejum e hemoglobina glicada (HBA1c), agora é recomendado que seja realizado.

     

    PREFERENCIALMENTE o teste de tolerância à glicose oral e de insulina para avaliar a resistência à insulina. Caso indisponível, devem ser solicitados a glicemia de jejum e a HBA1c.

    💡 SUMARIZANDO OS PRINCIPAIS EXAMES LABORATORIAIS

    Em geral, a solicitação dos seguintes exames fazem parte do roteiro de investigação para o diagnóstico da SOP:

    • TSH;
    • Prolactina;
    • 17-OH progesterona;
    • LH e FSH;
    • Testosterona total e livre;
    • DHEA e SDHEA;
    • Perfil Lipídico;
    • TOTG – 2 horas;

    No entanto, cada caso deve ser avaliado e individualizado a partir da história e exame clínico.

    As atualizações sobre a SOP em 2023 representam um avanço significativo na forma como a condição é diagnosticada e avaliada.

    A mudança para critérios diagnósticos mais abrangentes e a ênfase na avaliação hormonal e metabólica podem levar a diagnósticos mais precoces e a um tratamento individualizado, focando na melhoria da qualidade de vida de tantas pacientes que sofrem com esta endocrinopatia.

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