
A torção testicular é uma emergência médica caracterizada pelo giro do testículo sobre o seu cordão espermático, interrompendo o fluxo sanguíneo. Suas principais causas são anomalias anatômicas e movimentos bruscos. Os sintomas incluem dor intensa e súbita no testículo, inchaço e náusea. O tratamento é cirúrgico imediato para evitar danos permanentes ao testículo.
Causas da torção testicular
As principais causas e fatores de risco são:
- Deformidade em “clapper-bell” (“clapper de sino”): Nesta condição, o testículo fica mais livre na bolsa escrotal devido à ausência de fixação normal à túnica vaginal, facilitando o giro.
- Cordão espermático excessivamente longo: Permite maior mobilidade do testículo, favorecendo a torção.
- Trauma escrotal ou abdominal: Uma batida direta ou lesão pode provocar a rotação do testículo, especialmente se ele já for mais móvel por causas anatômicas.
- Atividades físicas intensas: Movimentos bruscos sem proteção adequada da região genital podem induzir a torção.
- Movimentos repentinos durante o sono: A torção pode ocorrer de forma espontânea, mesmo durante o sono devido a movimentos involuntários.
- Período de puberdade: O rápido crescimento testicular nesta fase pode predispor à torção, principalmente quando somado a anomalias anatômicas.
- Criptorquidia (testículo não descido): Testículos não totalmente descidos ou mal posicionados têm maior risco de girar.
- Histórico familiar: Parentes próximos com episódios de torção testicular podem indicar predisposição genética.
- Mudanças súbitas de temperatura: A contração rápida do músculo cremaster (responsável por elevar o testículo) devido à exposição ao frio pode desencadear torção em indivíduos predispostos.
Quais são os sintomas da torção testicular?
Os principais sintomas englobam:
- Dor súbita e intensa no testículo: Dor geralmente aparece de forma abrupta, podendo ser muito forte e persistente.
- Inchaço (edema) do escroto: O escroto pode aumentar de volume rapidamente, ficando visivelmente maior do que o habitual.
- Vermelhidão ou coloração escura do escroto: Pode ocorrer alteração na cor do escroto, tornando-se avermelhado ou arroxeado.
- Náuseas e/ou vômitos: É comum o paciente apresentar mal-estar intenso, inclusive com episódios de vômito.
- Sensibilidade aumentada ou dor à palpação: Qualquer toque na região pode intensificar a dor.
- Posição elevada do testículo afetado: O testículo que sofre a torção pode ficar mais alto que o outro e em um ângulo anormal.
- Desconforto abdominal: Em alguns casos, a dor pode irradiar para a região do baixo ventre.
A intensidade e frequência dos sintomas são:
- Intensidade: Os sintomas geralmente são de grande intensidade, especialmente a dor, que costuma ser descrita como insuportável ou aguda.
- Frequência: Eles surgem de modo súbito, podendo evoluir em questão de minutos a horas após a torção. A persistência da dor é característica, sem alívio.
Diagnóstico de torção testicular
As etapas do diagnóstico são:
- Avaliação clínica e anamnese;
- Exame físico;
- Solicitação de exames complementares (quando necessário);
- Confirmação diagnóstica e tomada de decisão para tratamento.
O diagnóstico de torção testicular começa com uma avaliação clínica detalhada, onde o médico irá perguntar sobre o início súbito da dor escrotal, possível irradiação, náuseas, vômitos e histórico de fatores de risco.
Em seguida, é realizado o exame físico, buscando sinais como dor intensa, aumento do volume escrotal, testículo elevado e horizontalizado, e ausência do reflexo cremastérico (elevação do testículo ao estímulo da face interna da coxa).
Este diagnóstico deve ser realizado preferencialmente por um médico – geralmente urologista, cirurgião geral ou clínico em pronto-socorro – devido à urgência da condição. O reconhecimento precoce é fundamental, pois a torção testicular representa uma emergência urológica, e o tempo de evolução dos sintomas impacta diretamente na viabilidade do testículo.
Em caso de dúvida clínica, pode ser solicitado um ultrassom Doppler de bolsa escrotal, exame de imagem não invasivo que avalia o fluxo sanguíneo testicular. A ausência ou redução desse fluxo sugere fortemente torção testicular. No entanto, caso a suspeita clínica seja alta, a indicação é seguir diretamente para cirurgia, sem atrasar o tratamento pela realização de exames.
Diferença entre torção testicular e escroto agudo?
O termo escroto agudo refere-se a um quadro clínico caracterizado por dor, edema, vermelhidão e aumento de volume escrotal de início súbito, representando uma emergência urológica. Já a torção testicular é uma das principais causas de escroto agudo, mas não a única. Portanto, a torção testicular é um diagnóstico específico dentro do grande grupo de etiologias dessa condição.
Característica | Torção Testicular | Escroto Agudo |
Definição | Rotação do testículo sobre o cordão espermático, interrompendo o fluxo sanguíneo. | Síndrome clínica com dor escrotal aguda e sinais inflamatórios. Engloba diversas causas. |
Causa | Geralmente espontânea, mais comum em adolescentes. | Múltiplas causas: torção testicular, orquiepididimite, trauma, hérnia, tumores. |
Sintomas | Dor intensa e súbita, náusea, vômito, testículo elevado. | Dor pode ser gradual ou súbita, com aumento de volume ou edema testicular. |
Exame físico | Testículo horizontalizado, reflexo cremastérico abolido (ausente). | Pode haver aumento de volume, edema, hiperemia; achados dependem da causa específica. |
Urgência | Muito urgente – risco de necrose testicular em horas se não for tratado rapidamente. | Varia conforme a causa subjacente; algumas condições são emergenciais, outras menos graves. |
Diagnóstico diferencial | A torção testicular deve ser diferenciada principalmente de orquiepididimite e outras causas escrotais. | Envolve distinguir entre todas as possíveis causas de dor escrotal aguda, como torção, infecção, trauma, etc. |
É importante realizar o diagnóstico diferencial do escroto agudo, pois a torção testicular precisa ser identificada rapidamente para evitar perda do testículo.
Entre os principais diagnósticos diferenciais do escroto agudo está a orquiepididimite (inflamação do testículo e epidídimo), geralmente causada por infecção, que apresenta sintomas semelhantes mas evolução menos dramática, sendo o tratamento conservador com antibióticos.
Já a torção testicular necessita de intervenção cirúrgica imediata. Outras causas do escroto agudo incluem trauma, hérnia inguinal encarcerada, tumores e hidrocele complicada.
Como é o tratamento de torção testicular?
Dentre os tratamentos para a torção testicular estão os principais:
- Desse-torção manual;
- Cirurgia de urgência (orquiopexia);
- Orquiectomia (retirada do testículo, em casos graves).
O tratamento da torção testicular é uma emergência médica e deve ser iniciado o mais rápido possível para preservar a viabilidade do testículo. O primeiro passo, em alguns casos, pode ser a distorção manual, que consiste em tentar desenrolar o testículo girando-o cuidadosamente no sentido oposto ao da torção. No entanto, esse procedimento deve ser feito somente por um profissional treinado e, ainda assim, não substitui a cirurgia.
O tratamento definitivo é a cirurgia de urgência, chamada orquidopexia. Nessa cirurgia, o médico faz uma incisão no escroto para visualizar o testículo, realiza a distorção cirúrgica (girando o testículo de volta à posição correta) e avalia sua viabilidade.
Se o testículo ainda estiver viável, ele é fixado (orquidopexia) para evitar novas torções. Por segurança, geralmente fixa-se também o testículo contralateral, pois ele pode apresentar maior risco de torção futura.
Se, durante a cirurgia, o testículo estiver sem irrigação sanguínea e apresentando sinais de necrose devido ao tempo prolongado da torção, realiza-se a orquiectomia, ou seja, a retirada do testículo afetado para evitar complicações.
Qual é a importância da intervenção rápida?
A torção do testículo é perigosa porque interrompe o suprimento de sangue ao testículo de forma súbita e intensa. Uma intervenção rápida é fundamental para evitar consequências graves, como a morte do tecido testicular (necrose) e, muitas vezes, a perda permanente do testículo.
Se não tratada em até 6 horas após o início dos sintomas, há grande risco de danos irreversíveis. Após esse período, as chances de salvar o testículo diminuem drasticamente. Por isso, a torção testicular é considerada uma urgência médica que exige atendimento imediato.
Além do risco direto ao órgão, o atraso no tratamento pode comprometer a fertilidade e causar sérias repercussões psicológicas. Portanto, procurar socorro médico imediato pode fazer toda a diferença entre a preservação e a perda do testículo.
Em quanto tempo preciso operar?
A cirurgia para torção testicular deve ser realizada preferencialmente nas primeiras 6 horas após o início dos sintomas. Esse é o período em que há maior chance de salvar o testículo. Após 12 horas, o risco de perda testicular aumenta significativamente.
Quem teve torção testicular pode ter filhos?
Quem teve torção testicular pode ter filhos, mas isso depende principalmente do tempo entre o início da torção e o tratamento cirúrgico. Quando a intervenção é rápida, a fertilidade costuma ser preservada. Se a torção causar perda de um testículo, a fertilidade normalmente não é totalmente comprometida, já que o outro testículo pode manter a função reprodutiva.
Um estudo publicado no Journal of Urology avaliou a fertilidade de pacientes após torção testicular e concluiu que “a fertilidade geralmente não é afetada quando pelo menos um testículo funcional permanece, especialmente se o atendimento foi rápido”.
É possível evitar a torção testicular?
De forma direta, não existe uma maneira totalmente eficaz de prevenir a torção testicular em homens que não têm fatores predisponentes conhecidos. A torção testicular geralmente ocorre devido a uma característica anatômica chamada “testículo em sino” ou “clapper bell”, que torna o testículo mais móvel e, portanto, mais suscetível à torção.
Essa característica é congênita, ou seja, a pessoa já nasce com ela e, na maioria das vezes, não é identificada antes de um episódio agudo.
Entretanto, há alguns cuidados a serem seguidos:
- Avaliação clínica: Se houver histórico familiar de torção ou sintomas sugestivos (dor testicular recorrente, por exemplo), o médico pode pedir exames para analisar a anatomia escrotal.
- Orientação sobre sintomas: O principal conselho do médico é estar atento aos sintomas — dor súbita, intensa, inchaço ou desconforto testicular — e buscar atendimento médico imediatamente, já que o tempo é determinante para salvar o testículo.
- Orquidopexia preventiva: Em casos raros, quando se identifica um testículo muito móvel em exames de rotina ou durante cirurgia por outro motivo, pode-se recomendar uma cirurgia preventiva chamada orquidopexia (fixação do testículo), principalmente se já houve torção do lado oposto.
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