Nesse post vamos abordar sobre a avaliação da toxoplasmose na gestação, e como conduzir frente ao diagnóstico sorológico evidenciado.
Durante o pré-natal de uma paciente, os cuidados são redobrados em relação à proteção do binômio materno-fetal, principalmente quando tratamos de infecções que podem ser transmitidas por via placentária.
Introdução
A toxoplasmose é uma infecção parasitária transmitida por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados, além do contato com fezes de gatos (oocistos ou esporozítos) ou carne crua (bradizoítas).
Ciclo de Transmissão
A gestante pode transmitir o parasita para o feto, causando toxoplasmose congênita, por via transplacentária. Essa transmissão ocorre especialmente na vigência da infecção aguda, por isso é imprescindível o rastreio durante o pré-natal.
Toxoplasmose Congênita
A toxoplasmose congênita é uma preocupação extremamente relevante, uma vez que a infecção pode levar a uma série de malformações congênitas.
Manifestação
A maioria dos recém-nascidos também são assintomáticos, mas, quando presentes, os sintomas podem ser graves e irreversíveis, como:
- Catarata congênita;
- Microftalmia;
- Perda visual (coriorretinite);
- Hepatoesplenomegalia, icterícia, ascite;
- Púrpura trombocitopênica;
- Crises convulsivas;
- Hidrocefalia, disgenesia do corpo caloso e envolvimento cerebelar
- Calcificações costumam ser mais grosseiras e aleatórias no parênquima encefálico.
- Microcefalia e distúrbios de migração neuronal são achados pouco comuns.
💡 LEMBRE-SE!
Quanto MENOR a idade gestacional, MAIOR é o risco de complicações na toxoplasmose congênita.
Diagnóstico
O diagnóstico da toxoplasmose na gestação é baseado na avaliação das sorologias da toxoplasmose IgM e IgG, e só é fechado quando temos duas amostras positivas com um intervalo de no mínimo 2 semanas.
É importante entender o significado de cada resultado:
- IgM Positivo: indica uma infecção aguda recente, já que o IgM começa a aparecer após 1 semana da infecção e não é capaz de atravessar a barreira placentária.
- Logo, se o feto possui IgM, positivo indica, infecção fetal!
- IgM Positivo: indica uma infecção aguda recente, já que o IgM começa a aparecer após 1 semana da infecção e não é capaz de atravessar a barreira placentária.
- IgG Positivo: Isso sugere que a gestante teve exposição há no mínimo 2-4 semanas, e permanece positivo durante toda a vida.
- Teste de avidez: verifica a intensidade da ligação (avidez) pelo antígeno, portanto:
- Alta Avidez: sugere infecção antiga, há cerca de ≥ 4 meses.
- Baixa Avidez: sugere infecção recente
- Teste de avidez: verifica a intensidade da ligação (avidez) pelo antígeno, portanto:
- IgG Positivo: Isso sugere que a gestante teve exposição há no mínimo 2-4 semanas, e permanece positivo durante toda a vida.
- IgA
💡 LEMBRE-SE!
As recomendações do Ministério da Saúde recomendam solicitar as Sorologias IGM e IGG nos exames do primeiro trimestre da gestação.
Conduta
A conduta após a avaliação sorológica depende do resultado:
- Sorologias Negativa (IgG e IgM -): Não infectada – medidas preventivas + rastreio trimestral deve ser realizado.
- Medidas Preventivas: evitar carnes mal cozidas, correta higienização de frutas e legumes, evitar contato com gatos, evitar contato sem proteção com terra.
- Sorologias Negativa (IgG e IgM -): Não infectada – medidas preventivas + rastreio trimestral deve ser realizado.
- IgG +/IgM – : Imune ou Infecção Crônica – Não há risco de reativação em gestante imunocompetentes. logo, não necessitar repetir exames.
- IgG – / IgM +: Infecção muito recente ou Falso positivo – Solicitar IgA
- IgA +→ Infecção confirmada → Iniciar tratamento + Pré-Natal de alto risco;
- IgA – →Falso positivo → Suspender tratamento + Seguimento habitual;
- Se IgA indisponível→ Iniciar Tratamento e repetir Sorologias em 2-3 semanas.
- IgG +→ Infecção confirmada (houve soroconversão) → Manter tratamento + Pré-Natal de alto risco;
- IgG – →Falso positivo (indepedentemente de IgM) → Suspender tratamento + Seguimento habitual;
- Se IgA indisponível→ Iniciar Tratamento e repetir Sorologias em 2-3 semanas.
- Realizar Amniocentese (padrão-ouro para diagnóstico fetal) após 18 semanas de IG ou no mínimo 4 semanas da provável infecção
- IgG – / IgM +: Infecção muito recente ou Falso positivo – Solicitar IgA
- IgG + / IgM +: Infecção aguda ou crônica – Depende da IG.
- IG < 16 semanas → Solicitar Teste de Avidez;
- Alta (>60%) → Infecção pré-gestacional/crônica→ Não tratar!
- Intermediária (30-60%) → Inconclusivo → Iniciar tratamento!
- Baixa(<30%) → Infecção aguda→ Iniciar tratamento + Pré-natal de alto risco !
- IG < 16 semanas → Solicitar Teste de Avidez;
- Se IG > 16 semanas → Teste de avidez não ajuda a diferenciar! → Iniciar tratamento.
- Realizar Amniocentese (padrão-ouro para diagnóstico fetal) após 18 semanas de IG ou no mínimo 4 semanas da provável infecção
⚠️ APRENDA A INICIAR O TRATAMENTO.
- Até 18° semana → Espiramicina 1000mg VO de 8/8h + PCR de Liquido Amniótico+ USG mensal;
- >18° semana → Pirimetamina 50mg VO 12/12 por 2 dias, seguido de Pirimetamina 25 mg VO 12/12h + Sulfadiazina 1g VO 6/6h + Ácido Folínico 15mg VO 1x/d + PCR de Liquido Amniótico + USG mensal;
Avaliação do Feto : LA (Amniocentese) e/ou USG
- LA (+) e/ou alteração na ecografia fetal compatível com infecção congênita→ Manter SD+P+AF até o parto.
- LA (-) e ecografia fetal normal→ Avaliar idade gestacional e risco fetal ao considerar substituir SD/P/AF por espiramicina.
- Nas infecções adquiridas no último trimestre→ Manter SD/P/AF até o parto;
- Na ausência de Amniocentese → Manter SD/P/AF até o parto;
O método que te aprova
Se você quer garantir a sua aprovação nas provas de residência, então conheça o grupo MedCof e a metodologia que já aprovou mais de 10 mil residentes pelo país. Confira abaixo o episódio do nosso podcast papo de aprovado em que nossos coordenadores conversam com quem pode comprovar na prática a recompensa de confiar em nosso método:
- Na ausência de Amniocentese → Manter SD/P/AF até o parto;