A tuberculose (TB), doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, se mantém como um desafio de saúde global. No Brasil, a tuberculose tem relevância epidemiológica significativa, pois o país apresenta alta incidência, influenciada por fatores socioeconômicos, desigualdades regionais e a coexistência com o HIV. Apesar dos esforços no controle da tuberculose no Brasil, a persistência da epidemia e a ocorrência de cepas resistentes demandam conhecimento sobre o assunto e medidas abrangentes. Por isso, teremos uma série de posts sobre a tuberculose. No post de hoje, vamos conversar sobre os agentes etiológicos e a forma de transmissão.
O que causa tuberculose?
O complexo Mycobacterium tuberculosis (MTBC) inclui diferentes espécies capazes de causar tuberculose em humanos e animais.
M tuberculosis |
M bovis |
M africanum |
M canettii |
M microti |
M pinnipedii |
M caprae |
O quadro abaixo reúne algumas características das principais espécies.
M tuberculosis ou bacilo de Koch | M bovis |
Preferência pelo parênquima pulmonar | Principal agente em áreas rurais |
Transmissão de pessoa a pessoa | associado à zoonose por consumo de leite não pasteurizado, com importância histórica e regional, mas com prevalência reduzida atualmente graças à pasteurização. |
Maior frequência de apresentações extrapulmonares, especialmente a TB ganglionar. |
Como ocorre a transmissão da tuberculose?
A transmissão da TB, na sua forma mais comum, ocorre quando o paciente é classificado como bacilífero, ou seja, que possui alto número de bacilos (suficiente para transmitir para outra pessoa). A transmissão ocorre através de gotículas, pela fala, espirro ou tosse.
Embora possam se depositar em superfícies, a Mycobacterium tuberculosis não sobrevive por longos períodos fora do organismo hospedeiro, e a via fômite não é considerada relevante para a transmissão..
Determinantes da chance de infecção
Como citamos acima, a concentração de bacilos expelidos pelo doente determina se ele é capaz de transmitir tuberculose para outra pessoa ou não. Classificamos da seguinte maneira:
- Bacilíferos → A positividade na prova tuberculínica (PPD) não define se o paciente é bacilífero mas sim se houve infecção latente ou ativa. O termo ‘bacilífero’ é mais precisamente determinado pela baciloscopia positiva do escarro.
- Multibacilíferos → baciloscopia positiva no escarro, BAAR positivo. Geralmente, causa a forma cavitária da doença.
- Paucibacilíferos → cultura positiva e escarro negativo. Geralmente, causa a forma não cavitária.
- Não bacilíferos → formas extrapulmonares de TB.
Outro determinante é a intensidade e a frequência de contato entre o paciente doente e o paciente exposto. Para iniciar a infecção, são necessários 20 a 200 bacilos.
Condições ambientais também são considerados determinantes de infecção. As partículas podem ficar horas dispersas no ar mas são rapidamente diluídas ao ar livre, sendo desativadas pela luz solar ultravioleta. Dessa forma, o risco de transmissão da tuberculose aumenta em ambientes fechados e com pouca iluminação natural.
A resistência natural da pessoa exposta também é um determinante, considerando aspectos genéticos, a presença ou não de doenças debilitantes ou imunodepressoras. Contactantes próximos e frequentes, especialmente em ambiente domiciliar, têm risco de infecção que pode variar entre 30% e 50%, dependendo da carga bacilar e ventilação do ambiente.
Agora que conversamos sobre os agentes etiológicos e a transmissão, aproveite para anotar os principais pontos do tema e continue ligado no nosso blog, pois iremos conversar mais sobre tuberculose. Vale lembrar que a tuberculose é uma doença de notificação compulsória no Brasil e o diagnóstico e tratamento são gratuitos pelo SUS. Bons estudos!
O método que te aprova
Se você quer garantir a sua aprovação nas provas de residência, então conheça o grupo MedCof e a metodologia que já aprovou mais de 10 mil residentes pelo país. Confira abaixo o depoimento de uma de nossas alunas que esteve presente no Medcof day: