Texto escrito por Kiara Adelino, estudante de medicina da UECE.
Caro estudante MedCoffer, em outra matéria, já discutimos um pouco das novidades acerca do Diagnóstico da Diabetes Mellitus e do Tratamento do mesmo. Contudo, precisamos aprofundar, também, nossos conhecimentos acerca dos sinais e sintomas e, sobretudo, como esses conteúdos podem ser cobrados em prova de residência. Por esse ser um dos assuntos mais cobrados em Residência para Endocrinologia, é de suma importância dominar os conceitos e manifestações da Diabetes Mellitus. Então confira o post!
Etiologia
De acordo com o Manual MSD para Profissionais de Saúde, essa condição se caracteriza pela alteração da secreção de insulina e até, de graus variáveis de resistência periférica à insulina. Essa situação ocasiona em Hiperglicemia, o que reflete nos primeiros sintomas manifestados pelo paciente, tais como polidipsia, polifagia, poliúria e visão ofuscada. Molecularmente, a Hiperglicemia ocorre pela não inclusão das moléculas de glicose extracelulares nas células corporais. Tal disformidade se dá por diferentes meios, o que as qualifica as categorias dessa condição crônica: Tipo 1, Tipo 2, Gestacional e Tipos específicos (como neonatal ou advindo de doenças no pâncreas).
A Diabetes Mellitus Tipo 1 se relaciona a destruição autoimune das células beta-pancreáticas, levando a deficiência completa em insulina, uma vez que essas células são responsáveis pela liberação dessa última quando sensibilizadas pela alta concentração de glicose extracelular.
A Diabetes Mellitus Tipo 2 se dá com a perda progressiva e não autoimune dos receptores extracelulares de glicose nas células beta-pancreáticas, reduzindo a secreção adequada de insulina e frequente no contexto de resistência à insulina e síndrome metabólica.
A de tipo Gestacional, diagnosticada no segundo ou terceiro trimestre de gravidez, é uma condição que surge nessa condição e também está relacionada à hiperglicemia da paciente.
Por fim, a de Tipos específicos pode se associar a síndromes monogênicas (relacionada a irregularidades genéticas e diagnosticadas em período neonatal ou no início na maturidade do jovem), a doenças da parte exócrina do pâncreas (como fibrose cística e pancreatite, que desregulam a liberação de insulina no sangue) ou, então, induzida por medicamentos e produtos químicos ( como o uso de glicocorticóides, no tratamento de HIV e AIDS ou após transplante de órgãos).
Sinais e sintomas
Existem alguns sinais e sintomas comuns aos tipos de Diabetes, embora outros somente vigorem em cada diferente tipo. A hiperglicemia é o principal sintoma relacionado às condições. Em modo leve, a hiperglicemia pode ser assintomática, atrasando o diagnóstico. Porém, se for mais significativa, causa glicosúria e, assim, diurese osmótica, levando a aumento da frequência urinária e polidipsia.
Diabetes tipo 1
Como já dito, esse tipo de diabetes está relacionado a destruição autoimune das células beta pancreáticas e, então, ausência da produção de insulina. Esse tipo afeta cerca de 10% dos pacientes, classificados como dependentes de insulina. A destruição evolui de forma subclínica ao longo dos meses ou anos, até que a quantidade de células beta reduza até as concentrações de insulina serem totalmente inadequadas para controlar a glicemia. Normalmente, possui diagnóstico na infância, porém, na atualidade, existem muitos casos de diagnóstico em adultos (condição em que a progressão da doença é mais desacelerada).
Os principais sinais e sintomas associados a esse tipo são causas primárias da hiperglicemia, como a glicosúria (presença de glicose na urina, muitas vezes relacionada a presença de formigas em busca da urina do paciente), poliúria (quando o paciente vai exageradamente ao banheiro, o que pode causar desidratação do paciente) e polidipsia (sede em excesso devido a micção excessiva). Como é eliminada muita urina e, então, muita caloria, os pacientes normalmente emagrecem, apesar de sentir fome exagerada.
A diabetes Tipo 1 tem como característica importante o começo brusco dos sintomas. Nele, há um quadro clínico de cetoacidose diabética, no qual o organismo produz ácido em excesso, o que pode ocasionar momentos de náusea, sonolência, visão embaçada e diminuição da resistência à atividade física. Nesses momentos, o paciente tende a respirar mais profundamente como tentativa do organismo de corrigir a acidose. O desenvolvimento da diabetes ocorre em estágios: o primeiro versa sobre a presença no sangue de anticorpos específicos em pessoas com níveis normais de glicose no sangue, porém sem sintomas. No segundo estágio, os níveis de glicose ficam acima do normal, mas o paciente permanece sem sintomas. No terceiro, os reais sintomas se manifestam.
Diabetes tipo 2
Possivelmente os pacientes não apresentam os sintomas durante anos ou décadas antes de serem diagnosticados, uma vez que os sintomas podem ser sutis nesse caso. O aumento da micção e da sede é moderado inicialmente, contudo piora gradativamente com o passar das semanas e meses. O paciente, então, apresenta-se extremamente cansado, com visão turva e com desidratação (estado hiperglicêmico hiperosmolar).
Como já mencionado, os acometidos com diabetes Tipo 2 produzem insulina, contudo o organismo é resistente à ação dela. Por isso, também ocorre hiperglicemia. Essa mesma pode alterar a secreção de insulina, pois as altas concentrações de glicose podem dessensibilizar e causar disfunção das células beta (toxicidade à glicose). A obesidade e o ganho de peso são determinantes significativos da resistência à insulina no tipo 2. Essa condição possuem alguns determinantes genéticos, mas também refletem a dieta, os exercícios e o estilo de vida (uma vez que a incapacidade de suprimir a lipólise no tecido adiposo aumenta as concentrações plasmáticas de ácidos graxos livres, que podem alterar o transporte de insulina estimulado por glicose e atividade da glicogênio sintase muscular.
Diante dos sinais e sintomas acima citados, podemos saber as diferenças entre os tipos para o diagnóstico por meio do fluxograma resumido. Com isso, não esqueça de revisar nossas matérias sobre esse tema para se preparar melhor para as provas de residência médica com ajuda do MedCof.
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