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sexta-feira, 22 novembro
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Entenda mais sobre emergências hipertensivas

Os termos “emergências hipertensivas” e “urgências hipertensivas” surgiram com o intuito de classificar de forma funcional as crises hipertensivas.
Sendo de grande importância não só para a prova de residência médica, mas também para o cotidiano da prática médica, esse é um tema que certamente você precisa dominar! 

No texto abaixo você encontrará as definições, achados mais comuns, tratamentos e entre outras informações, mas, para um conteúdo na íntegra, temos aulas com especialistas disponíveis em nossa plataforma. 

Definição de emergência hipertensiva (EH)

Emergência hipertensiva tipicamente têm elevação acentuada da pressão arterial (PA sistólica [PAS] > 180 mmHg e PA diastólica [PAD] > 120 mmHg), com lesão aguda de órgão-alvo ou, então, piora de lesão crônica de órgão-alvo. 

Definição urgência hipertensiva (UH)

Quando há elevação acentuada da PA sintomática, sem lesão aguda ou disfunção iminente de órgão-alvo, mas, atenção, esse termo está em desuso

A maioria das urgências hipertensivas não necessitam de intervenção medicamentosa no departamento de emergência, mas sim reorientação e encaminhamento ambulatorial, podendo ser tratada com anti-hipertensivos orais.

Nesse sentido, é válido sempre avaliar e tratar condições que podem estar levando o paciente a apresentar aumento da pressão arterial, como: dor, agitação, hipervolemia, abstinência, retenção urinária e entre outros.

Emergências hipertensivas importantes para a prova de residência médica 

Mediante paciente com PA elevada, e na suspeita de lesão de órgão alvo, é necessário realizar investigação completa para identificar o caso levando em conta fatores contribuintes para elevação de PA (que não EH), como: dor, agitação, hipervolemia, abstinência e entre outros.

O tratamento ideal da emergência hipertensiva varia de acordo com a emergência em questão, mas temos algumas medidas gerais – com algumas exceções:

  • Não abaixar a pressão muito rápido.
  • Lembrar da regrinha de ouro: 10-20% nas primeiras 1h-2hs do quadro; 5-15% nas primeiras 24 horas até atingir 25% do valor inicial;
  • Posterior normalização se possível.

Exceções

  • Acidente vascular encefálico isquêmico:
    • se trombólise → manter PA < 185/110mmHg;
    • se não → tolerar até 220/110mmHg.
  • Dissecção aguda de aorta: a pressão arterial sistólica deve ser reduzida rapidamente para 100-120mmHg (PAS). Lembrar de sempre utilizar primeiro o betabloqueador e depois o vasodilatador, isso porque o vasodilatador pode vir a causar uma taquicardia reflexa.
  • Acidente vascular cerebral hemorrágico: normalmente pressão arterial sistólica mantida entre 140-160 mmHg.

Abaixo, você confere algumas emergências hipertensivas com os achados mais comuns, o tratamento e a droga de escolha para controle de PA, de acordo com a literatura “Medicina de Emergência: Abordagem Prática” 17º edição.

Encefalopatia hipertensiva

Achados mais comuns: confusão, letargia, alterações visuais, crises convulsivas, alteração no exame de fundo de olho e rebaixamento do nível de consciência;
Tratamento: suporte clínico, controle da PA, tratamento das convulsões;
Drogas de escolha para controle de PA: nitroprussiato, labetalol.

Acidente vascular encefálico

Achados mais comuns: déficit neurológico novo, alterações do nível de consciência;
Tratamento: Trombólise, trombectomia mecânica, controle de PA (hemorrágico, HSA);
Drogas de escolha para controle de PA: nitroprussiato.

Edema agudo de pulmão

Achados mais comuns: dispneia, expectoração rósea, ansiedade, sudorese, taquipneia, estertores no exame físico;
Tratamento: ventilação mecânica não invasiva, diuréticos, controle de PA, controle de fator desencadeante;
Drogas de escolha para controle de PA: Nitroglicerina, nitroprussiato.

Síndrome coronariana aguda

Achados mais comuns: dor torácica, alterações de ECG;
Tratamento: intervenção coronariana percutânea ou trombólise;
Drogas de escolha para controle de PA: esmolol (primeira escolha), labetalol, nitroglicerina, metoprolol.

Dissecção aguda de aorta

Achados mais comuns: dor torácica intensa de início súbito, sudorese, palidez, síncope, assimetria de PA e de pulso, novo sopro aórtico;
Tratamento: controle rápido da PA com alvo de PAS ≤ 120 mmHg e FC ≤ 60 bpm ou menor valor tolerável e analgesia;
Drogas de escolha para controle de PA: esmolol, labetalol, metoprolol, nitroprussiato.

Insuficiência renal aguda

Achados mais comuns: diminuição do débito urinário, hematúria, edema, dispneia (congestão pulmonar);
Tratamento: tratamento da congestão e distúrbios eletrolíticos, diálise, se necessário;
Drogas de escolha para controle de PA: hidralazina, betabloqueadores em geral.

Crise adrenérgica

Achados mais comuns: ansiedade, dor torácica, midríase fotorreagente, hipertermia;
Tratamento: alfabloqueadores, betabloqueadores (só usar após bloqueio alfa adequado), bloqueadores de canal de cálcio e bloqueadores do sistema renina-angiotensina;
Drogas de escolha para controle de PA: em crises associadas a intoxicação por simpaticomiméticos, o uso de benzodiazepínicos é em geral suficiente para tratar a hipertensão.

Eclâmpsia/pré-eclâmpsia

Achados mais comuns: proteinúria, alterações visuais, crises convulsivas. Pode ser assintomática;
Tratamento: sulfato de magnésio, controle de PA;
Drogas de escolha para controle de PA: hidralazina, labetalol.

Questões sobre emergências hipertensivas

1) R+ Clínica – UNESP, 2022

No que diz respeito às urgências e emergências hipertensivas (de acordo com as VII diretrizes brasileiras de hipertensão), assinale a alternativa correta:

a) A hipertensão acelerada é a hipertensão diastólica grave (geralmente > 120 mmHg) na presença de retinopatia grau III (estreitamento arteriolar e cruzamentos patológicos e alterações hipertensivas como hemorragias em chama de vela e exsudatos moles com edema de papila).
b) A hipertensão acelerada com retinopatia hipertensiva grau III é considerada urgência hipertensiva, visto a necessidade em reduzir a pressão arterial em poucos minutos.
c) A urgência hipertensiva refere-se às condições clínicas nas quais a hipertensão grave deve ser reduzida em minutos ou poucas horas.
d) São emergências hipertensivas: dissecção de aorta, falência ventricular esquerda aguda, hemorragia intracerebral e crises causadas por feocromocitoma, abuso de drogas ou eclâmpsia.

2) R+ Clínica – UFRJ, 2021

Mulher, 59 anos, com encefalopatia hipertensiva é admitida com PA = 190 x 130mmHg. Iniciou-se nitroprussiato de sódio endovenoso e 30 minutos depois, PA= 160x 110mmHg. A conduta mais adequada, neste momento, para esta paciente é:

a) Diminuir a dose de nitroprussiato de sódio.
b) Aumentar a dose de nitroprussiato de sódio.
c) Manter a dose de nitroprussiato de sódio.
d) Suspender o nitroprussiato de sódio.

Gabarito

  1. D

São emergências hipertensivas: dissecção de aorta, falência ventricular esquerda aguda, hemorragia intracerebral e crises causadas por feocromocitoma, abuso de drogas ou eclâmpsia.

  1. C

Comentário de especialista: Meta de redução de até 25% da PAM em até 1 hora, o tratamento instituído reduziu 15% da PA em 30 minutos, ainda dentro da faixa de segurança de redução de PA. O tratamento deve ser mantido com reavaliação frequente e cautela para redução até 25% da PAM em até 1 hora.

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Giulia Gallucci
Giulia Gallucci
Estudante de Medicina. Entusiasta da organização e da atividade fisica.
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