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quinta-feira, 19 setembro
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Ovário Policístico: O que é, sintomas, tratamentos e mais

O que é a SOP?

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a endocrinopatia mais comum em mulheres no período reprodutivo. Não apresenta etiologia totalmente conhecida (teorias apontam para a correlação de origem genética, multifatorial e poligênica). Demonstra heterogeneidade das manifestações clínicas – em virtude de tal fato, o estabelecimento do diagnóstico é difícil;

  • Em cerca de 80% dos casos, o quadro de SOP ocorre em hiperandrogenismo (seja clínico ou laboratorial);
  • Aproximadamente 30-40% das pacientes apresentam associação com infertilidade;
  • Até ¼ da população jovem pode apresentar USG com ovários semelhantes ao de pacientes com SOP.

Fisiopatologia 

Dois pontos principais em relação aos mecanismos que envolvem a SOP:

Hiperinsulinemia

  • A insulina tem ação sinérgica ao LH nas células da TEC, aumentando a produção de androgênios;
  • A redução de SHBG causando aumento de androgênios livres;
  • O aumento de IGF-1 causa a inibição de FSH;
  • Aumento da resistência insulínica e hiperglicemia.

 Hiperandrogenismo

  • Há alteração na pulsatilidade do GnRH. Por isso, observa-se:
  • FSH normal, e eventualmente baixo; 
  • LH elevado (geralmente há esse desbalanço) 
  • Por fim, ocorre um aumento da produção de androgênio pelas células da teca. 
  • A conversão de androgênios em estrona ocasiona uma proliferação endometrial; 
  • A elevada produção de androgênios e estrona cursam com feedback anormal no hipotálamo e da hipófise;
  • Ausência de ovulação leva à ausência de progesterona atuando no endométrio;
  • A longo prazo, o indivíduo apresenta alteração do perfil lipídico;
  • O desbalanço LH/FSH causa alteração do crescimento folicular (atresia) e produção ainda maior de androgênios;
  • Ou seja, a produção hormonal deixa de ser cíclica, desencadeando uma repercussão sistêmica, com irregularidade menstrual e anovulação.

fatores genéticos 

  • Prevalência em mães e irmãs é mais que o dobro da população geral;
  •  Padrão de herança poligênico;
  • Diferente graus de penetrância, fatores ambientais e epigenéticos dificultam a identificação precisa;
  • Diferentes genes e reguladores já foram descritos, o que pode justificar os diferentes fenótipos.

Obesidade X SOP

Os pacientes com SOP e sem obesidade apresentam alterações na expressão dos receptores de LH nos ovários e Hiperandrogenismo clássico. Já as pacientes com SOP e obesidade mostram uma redução dos receptores de insulina periféricos (gerando resistência insulínica e hiperinsulinemia), além disso há aumento dos receptores de insulina ovarianos (gerando o hiperandrogenismo).

Quadro Clínico

 Hiperandrogenismo

  • A forma clínica é definida pela presença de hirsutismo;
  • A quantificação é dada pelo índice de Ferriman-Gallwey > 6 (orientais > 4);
  • Referências mais antigas usam o valor de corte > 8;
  • Acne, seborreia: não existe definição precisa para o estabelecimento diagnóstico;
  • Alopecia hiperandrogênica – frontal e central;
  • Sintomas de virilização: clitoromegalia, aumento da massa muscular, alopecia, voz grossa;
  • É incomum no contexto de SOP.

Anovulação

  • Nesse caso, há presença de ciclos menstruais longos (com mais de 35 dias ou menos de 8 ciclos por ano); 
  • Há presença de amenorreia (por período maior que 3 meses); 
  • Além disso, existe sangramento uterino anormal, não estruturado, de causa ovulatória.

Infertilidade

  • Presença de anovulação crônica;
  • aumento da frequência de abortamento precoce (com causa ainda sob investigação).

Síndrome metabólica

  • Obesidade: pode cursar com SAOS;
  • Sinais de hiperinsulinemia:
    • Acantose nigricans;
    • Intolerância à glicose;
    • DM tipo II.
  • Dislipidemia;
  • HAS – hipertensão arterial sistêmica;
  • É interessante lembrar dos critérios diagnósticos de síndrome metabólica!

Diagnóstico 

Nessa síndrome, o diagnóstico é por exclusão, mas precisa preencher critérios (que são clínicos). Excluindo outros diagnósticos por meio da solicitação de exames complementares, é possível estabelecer o diagnóstico através dos critérios de Rotterdam (2018), que, para confirmação, precisam de pelo menos 2 dos 3:

  1. Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial;
  2. ciclos anovulatorios;
  3. USG com imagem sugestiva (presença de 20 ou mais folículos com tamanho entre 2-9mm, em pelo menos um ovário. Além disso, volume ovariano maior ou igual a 10cc, em pelo menos um ovário).

Tratamento

A paciente diagnosticada com SOP deve, primeiramente, mudar o estilo de vida (com inclusão de atividades físicas e alimentação saudável na rotina).Então, podem ser administrados cuidados medicamentosos, como no caso da Metformina (menos que 1500mg por dia) ou Análogos do GLP1 (Liraglutida e Semaglutida). Nos casos de intolerância à lactose, acantose nigricans e pacientes com obesas com antecedente de DM2, os medicamentos são os mais indicados para tratamento.  

Em casos cirúrgicos, podemos considerar a cirurgia bariátrica se o grau de obesidade superar o 2 e ser refratário, além de em casos de obesidade mórbida associada a falha do tratamento clínico. 

Em pacientes sem hiperandrogenismo clínico, o objetivo é a proteção endometrial, por meio de progestagênio intermitente por 10 dias, desogestrel de forma contínua (com efeito contraceptivo) e anticoncepcional combinado oral.

Para tratar a infertilidade associada, inicialmente é administrado MEV e Metformina (para não utilizar antiandrogênicos ou contraceptivos). É preciso, ainda,a avaliação completa do casal infértil e a indução de ovulação (por coito programado ou IIU). Se for necessário, é realizado o FIV a paciente de alto risco para hiperestímulo ovariano. 

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Kiara Adelino
Kiara Adelino
Estudante do 2º semestre de Medicina. Adoro qualquer atividade que envolva mexer o corpo e aprender coisas novas.
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