Já que estamos no mês de conscientização sobre a amamentação infantil, precisamos entender que a nutrição neonatal é fundamental para o crescimento e desenvolvimento saudável dos bebês. O leite materno é considerado o alimento ideal, pois contém todos os nutrientes necessários e anticorpos que protegem o bebê contra infecções. Nesse resumão produzido pelo MedCof, com os materiais disponibilizados pelos nossos professores especialistas em nossa plataforma completa de preparação para a Residência, você pode encontrar detalhes sobre a colostroterapia, nutrição enteral mínima e nutrição parenteral.
Particularidades do Pré-Termo
RNPT apresenta elevadas necessidades nutricionais
RNPT (Recém- Nascido Pré-Termo) apresenta uma interrupção abrupta do fluxo placentário de aminoácidos e energia, o que condiciona a uma situação de rápido catabolismo. Essa condição condiz com uma urgência nutricional, uma vez que o cérebro é o principal órgão metabolizador do RNPT e a restrição de crescimento extrauterino compromete o desenvolvimento do ser. O início precoce de aminoácidos e energia mantém o anabolismo do RN, por isso é necessário rápida administração de leite materno.
Os objetivos dessa administração são simular o crescimento intrauterino (em alta velocidade) e permitir o desenvolvimento neurológico e crescimento adequado.
Observação: O RN com menos de 34 semanas apresenta incoordenação reflexa sucção-deglutição, devido a imaturidade do sistema nervoso, motora, enzimática e imunológica. Por essas razões, o leite materno deve ser diferente ( mais caloria, mais lipídio, mais carboidrato e menos lactose).
Nutrição
Colostroterapia
Essa técnica realiza a passagem de colostro em mucosa orofaríngea nas primeiras horas pós-nascimento. O benefício imunológico é a riqueza em IgA inserido no RNPT com o colostro, o que gera proteção da mucosa e dificulta desenvolvimento de sepse clínica. Além desses benefícios, a colostroterapia estimula o início da extração láctea pela mãe, diminuindo o tempo de chegada em nutrição enteral plena.
O Leite Humano é fundamental para o RNPT
Essa técnica é tão benéfica para o bebê pois reduz a probabilidade de displasia broncopulmonar, enterocolite necrosante, sepse tardia e retinopatia da prematuridade.
Além disso, há vários benefícios gastrointestinais, como HMOs probióticos, maturação gastrointestinal, melhor motilidade do TGI,maior tolerância alimentar, progressão mais rápida, redução da permeabilidade e melhor digestão e absorção de gorduras
Por fim, podemos citar os benefícios imunológicos (com os fatores de proteção do leite materno), neurológicos e ósseos.
Mas e a nutrição enteral (NE)?
A NE mínima deve iniciar nas primeiras horas de vida, se apresentar-se estável (sem iniciar com asfixia, droga vasoativa, VM com altos parâmetros, VAF). Deve ser inserida uma sonda gástrica com volume inicial de 20 mL por kg por dia e, após isso, quando atingir 1000 g, administrar de 20 a 30 mL por kg por dia.
A primeira escolha de nutrição sempre é o leite materno ordenhado, mas podemos encontrar o leite humano pasteurizado como segunda opção e, ainda, fórmula infantil de pré-termo como terceira.
O jejum é extremamente prejudicial ao RN, pois causa atrofia mucosa, piora da motilidade, piora da produção enzimática e maior risco de translocação.
Observação
Se o RN nascer com menos de 1500g ou com idade gestacional menor que 30 semanas, o leite pasteurizado é mais aconselhado por evitar a transmissão de Citomegalovírus para o corpo incapaz de se defender.
Se o bebê estiver tolerando bem a dieta, as quantidades progridem com a necessidade dele. Quando atingir 100 mL por kg por dia, o leite deve ser aditivado (com mais calorias, proteínas, cálcio e fósforo).
Os objetivos são atingir o volume alvo de 160 mL por kg por dia em até 2 semanas, alimentando uma necessidade energética de 110 a 130 kcal por kg por dia e com uma necessidade proteica de 4 g por kg por dia. A transição para alimentação VO se faz a partir de 32 semanas.
E a nutrição parenteral (NP)?
Esse é o caso dos idade gestacional menor e 31 semanas ou peso menor que 1250g; daqueles com idade gestacional de 31 a 33 semanas e 6 dias com peso de 1250 a 1499 g sem progresso de alimentação enteral nos 3 primeiros dias de vida; dos RNPT com 34 semanas ou mais e 1500g com malformação congênita ou gravemente doente; e dos RNPT em nutrição enteral que, por algum motivo, precise de jejum por mais de 48h.
A introdução se dá por meio da administração de cálcio e fósforo desde o início, além de sódio, potássio e magnésio conforme os resultados dos exames realizados.
A meta é atingir uma demanda de 90 a 120 kcal por kg por dia, diminuir complicações, distúrbios eletrolíticos, disglicemia, infecções, colestase e hipertrigliceridemia.
O acompanhamento durante a internação deve se atentar ao controle do aumento de peso diário (15 por kg por dia) além do comprimento e perímetro cefálico semanal. O foco é evitar restrição de crescimento extrauterino e controlar a curva padrão Intergrowth-21 para crescimento pós-natal do RNPT. No acompanhamento pós-alta basta o controle com a curva padrão Intergrowth-21 para crescimento pós-natal.
Método Canguru
Assim nomeada a técnica de atenção perinatal que promove a participação dos pais e da família. Ela consiste no contato pele a pele precoce, iniciado pelo toque e progredindo para o canguru. A primeira etapa se dá na Unidade Neonatal durante o pré-natal e parto com o contato pele a pele suporte e apoio no aleitamento. A segunda etapa ocorre o canguru máximo, uma vez que a mãe tenha o desejo e a disponibilidade e o bebê esteja em estabilidade clínica,com nutrição enteral plena e peso maior que 1250g. Essa segunda etapa ainda é indicada quando são administradas medicações orais e EV intermitentes, fototerapia e CNO2. A terceira e última etapa é composta pela alta e seu seguimento, com o bebê com peso maior que 1600g e sucção exclusiva ao seio, além da mãe segura e comprometida.
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