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O que são as Síndromes Medulares e como são cobradas nas provas de Residência Médica

As síndromes medulares ocorrem quando partes da medula espinhal são danificadas, seja por traumas, doenças ou outras condições. Essa lesão interrompe as vias nervosas que transmitem informações entre o cérebro e o corpo, causando uma variedade de sintomas que dependem da área da medula afetada e da extensão do dano. As principais  em provas são as neoplasias mieloproliferativas crônicas, relacionadas com mutações drivers no genes JAK2, CALR e MPL. Entre essas, podemos citar: policitemia Vera, Trombocitemia essencial, mielofibrose e leucemia mieloide crônica. Vamos explorar um pouco de cada uma delas?

Policitemia Vera

Por ser uma neoplasia mieloproliferativa crônica, observa-se uma proliferação clonal de células mieloides, afetando a hematopoiese. Por esse motivo, há aumento da massa eritroide (+ hemoglobina e hematócrito). A maioria dos diagnósticos ocorre de modo acidental, pela identificação da poliglobulia, em idosos e na população masculina. 

Os pacientes podem apresentar sinais e sintomas como: cefaleia, alterações visuais, prurido “aqua gênico” (por exemplo após banhos quentes), eritromelalgia (queimação nas extremidades), tromboses, leucocitose, plaquetose e esplenomegalia. 

No tratamento dessa síndrome, o objetivo é alcançar níveis de pelo menos 45% de hematócrito. Para isso, podem ser realizadas sangrias, hidroxiureia e associação com AAS. 

Trombocitemia Essencial

Essa é uma síndrome que ocorre devido a ativação constante dos receptores de TPO – trombopoetina. Então, observa-se uma plaquetogênese intensa, contudo, não é comum quadros de anemia, poliglobulia e leucocitose. Essa é mais comum que a anterior e acomete, principalmente, mulheres e idosos. Um detalhe importante a se destacar a a apresentação de quase 90% de mutações no gene JAK2-V617F dos pacientes diagnosticados. Os sintomas dela incluem: plaquetose (com casos secundários de ferropenia, infecções, inflamação, esplenomegalia e trauma), esplenomegalia e sintomas vasomotores. O diagnóstico ocorre pela presença dos 4 maiores critério OU 3 critérios maiores e 1 menor: 

Critérios MaioresCritérios Menores 
Plaquetas > 450.000 /mm3ausência de causa secundária de trombose
Presença de JAK2, CARL e MPL
Sem critérios para leucemia mieloide crônica, policitemia vera, síndrome mielodisplásica e mielofibrose
Medula com aumento de megacariócitos atípicos

O tratamento visa aliviar os sintomas e minimizar as complicações, visando alcançar níveis plaquetários entre 100 e 400 mil. Normalmente, são administrados interferon, hidroxiureia e AAS. 

Mielofibrose

Entre as síndromes citadas, essa é a mais rara. Pode ser primária ou secundária a PV e TE. Ela decorre devido a mutações nos genes JAK2, CARL ou MPL e acomete principalmente pacientes com 67 anos ou mais. Podemos observar a presença de dacriócitos (hemácias em lágrima) no sangue periférico e uma possível evolução para leucemia mieloide aguda. Os pacientes são bastante sintomáticos, pois essa é uma doença de caráter extremamente inflamatório, e apresentam fadiga extrema, desconforto abdominal, tromboses,esplenomegalia maciça, anemia, leucocitose e plaquetopenia. 

O diagnóstico ocorre pela presença de 3 critérios maiores e 1 menor:

Critérios MaioresCritérios Menores
Megacariócitos anômalos acompanhados de fibrose medular de grau maior ou igual a 2  Anemia sem causa aparente
Presença de mutações JAK2 ou CARL ou MPL Leucocitose maior que 11.000/mm3
Ausência de BCR-ABLEsplenomegalia palpável 
Aumento de DHL
Reação leucoeritroblástica

O tratamento depende da condição do paciente. Se ele estiver em alto risco e for elegível, ocorre o transplante de medula óssea alogênico. Se estiver em risco intermediário, deve-se tratar de acordo com a sintomatologia (anemia, esplenomegalia, sintomas constitucionais). Em baixo risco depende: se assintomático apenas espera e assistência, se sintomático é preciso tratar conforme os sintomas. 

Leucemia Mieloide Crônica

Essa síndrome ocorre devido à translocação que envolve os braços longos dos cromossomos 9 e 22, o que leva à fusão dos 2 genes e formação do BCR-ABL. Esse processo ativa constantemente a enzima TK, estimulando a desregulação da proliferação e maturação dos granulócitos. Essa síndrome representa de 15 a 20% das leucemias nos indivíduos adultos, sendo os diagnosticados, normalmente, homens maiores de 60 anos. 

Fonte:http://www.biomedicinabrasil.com/2017/10/leucemia-mieloide-cronica-e-cromossomo

Os pacientes podem apresentar: leucocitose com desvio escalonado para esquerdo e basofilia (principal marco diagnóstico), esplenomegalia, fadiga e perda de peso. Porém, é importante pontuar que quase metade dos pacientes é assintomática até o diagnóstico. Aqueles sintomáticos podem passar por 3 fases: crônica (90% dos pacientes), acelerada (blastos de 10 a 19% na medula e evolução citogenética) e blástica (20% ou mais de blastos no sangue ou na medula, sarcoma mieloide e infiltrado de células blásticas extramedulares). 

Para diagnosticarmos, precisamos nos atentar a diferenciá-la de reações leucemoides observando a presença dos sinais já expostos e do cromossomo Philadelphia. O tratamento envolve os inibidores TK!

Síndrome Mielodisplásica

Essa é uma neoplasia caracterizada pela hematopoiese clonal associada a citopenias. O risco de evolução para LMA depende das mutações envolvidas, motivo para acompanhamento constante do paciente! O risco aumenta se ele for exposto previamente a quimioterapia, radioterapia, benzeno e tabagismo. Ela é mais frequente em homens e a prevalência aumenta com a idade.  O Diagnóstico se dá por observação de proliferação monoclonal de células tronco-hematopoiéticas, eritropoiese ineficaz, citopenias e anormalidades genéticas. Normalmente apresentam quadros que variam com a citopenia envolvida, mas podemos citar fadiga, infecções, sangramento e anemia (mais comum).

Fonte:https://ingoh.com.br/sindrome-mielodisplasica-parece-uma-anemia-simples-mas-nao-e/

O tratamento dessa síndrome ocorre com o manejo dado a partida pontuação do risco: 

  • Alto: se elegível TCTH, se não são administrados hipometilantes. 
  • Intermediário: tratar de acordo com a sintomatologia, e se avaliar fazer TCTH.
  • Baixo: se assintomático apenas esperamos, se sintomático são tratados os sintomas. 

Anemia Aplástica

Representando uma doença de falência medular, essa síndrome tem caráter autoimune e causa pancitopenia em pacientes jovens. Ela é uma anemia macrocítica, com ausência de esplenomegalia, o que é um fator que já nos guia ao diagnóstico quando estamos investigando um paciente. Outros fatores que possibilitam o diagnóstico é biópsia de medula óssea (em busca de hipocelularidade global. Por fim, o tratamento dessa condição envolve a imunossupressão como conduta inicial, seguida por transplante de medula óssea como método curativo. 

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