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quarta-feira, 05 fevereiro
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Sangramento no primeiro trimestre de gravidez: Saiba as possíveis causas

A obstetrícia é uma área médica complexa que lida com diversas condições que podem afetar a saúde materna e fetal. Essas condições, muitas vezes, se manifestam por meio de sangramentos e, se ocorrem no primeiro trimestre de geração, podem nos guiar as causas deles, para que possamos orientar nosso cuidado de forma mais eficiente.Algumas das causa mais comuns são as doenças trofoblásticas gestacionais e os abortamentos, que se destacam pela sua relevância clínica e impacto na saúde reprodutiva das mulheres. Por isso, vamos explorar um pouco dessas condições obstétricas. 

Doença Trofoblástica Gestacional (DTG)

A doença trofoblástica gestacional é uma anomalia proliferativa que afeta as células do tecido trofoblástico placentário. Ela é caracterizada por uma proliferação anormal das células que compõem a placenta, resultando em uma série de manifestações clínicas específicas.

USG com imagens de vesículas. Fonte: LIMA, L. DE L. A. et al. Correlações clínico radiológicas em pacientes com doença trofoblástica gestacional. Radiologia Brasileira, v. 49, n. 4, p. 241–250, 2016.

Epidemiologia e Fatores de Risco

A DTG ocorre em aproximadamente 1 a cada 200-400 gestações. Os principais fatores de risco incluem idade materna avançada e histórico prévio de doença trofoblástica gestacional. O marcador tumoral característico dessa condição é o beta-hCG, que se apresenta persistentemente elevado.

Quadro Clínico

Os sinais clínicos incluem sangramento vaginal e um útero maior do que o esperado para a idade gestacional. Outras manifestações podem incluir cistos tecaluteínicos, náuseas, vômitos, hipertireoidismo, pré-eclâmpsia precoce e vesículas hidrópicas vaginais.

Ultrassonografia transvaginal realizada em uma paciente com sangramento na 14ª semana de gestação. Exame mostrando útero aumentado de tamanho, com a cavidade endometrial preenchida por material amorfo, com múltiplas áreas anecogênicas, sugerindo mola hidatiforme completa. Notar ausência de produto embrionário e seus anexos. Na análise dopplerfluxométrica pode-se observar que não há fluxo vascular entre as vesículas, salientando sua característica avascular.
Fonte: LIMA, L. DE L. A. et al. Correlações clinicorradiológicas em pacientes com doença trofoblástica gestacional. Radiologia Brasileira

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico é baseado na elevação dos níveis de beta-hCG e na presença de sinais clínicos característicos. O tratamento principal é o esvaziamento uterino, seguido de monitoramento rigoroso dos níveis de beta-hCG para detectar possíveis malignizações.

Gestação Ectópica

A gestação ectópica ocorre quando o embrião se implanta fora da cavidade uterina, mais comumente nas trompas de Falópio. Os fatores de risco incluem histórico de gravidez ectópica, doença inflamatória pélvica, cirurgias tubárias, entre outros.

USG com imagem de saco anecogênico rodeado por anel hiperecogênico (seta). Fonte: Ultrassom – emergências em ginecologia e obstetrícia. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/FernandaHiebraGonalv/ultrassom-emergncias-em-ginecologia-e-obstetrcia>.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico é confirmado com base nos níveis de beta-hCG e exames de imagem, como ultrassom. Normalmente temos 3 sinais que levam a suspeita dessa condição: Dor, Atraso Menstrual e Sangramento Vaginal. 

Um lembrete importante: gestação ectópica não é sinônimo de gestação tubária!

Quanto mais precocemente obtivermos o diagnóstico, menos mórbido é o tratamento, que pode ser expectante, medicamentoso (com metotrexato) ou cirúrgico, dependendo do estágio da gestação e das condições clínicas da paciente.

Abortamentos

Os abortamentos são definidos como a interrupção da gestação antes de 20-22 semanas ou quando o feto pesa menos de 500 gramas. Eles são classificados em diferentes tipos, cada um com suas características e abordagens de manejo.

  • Tipos de Abortamento
  1. Ameaça de Abortamento: Caracterizado por sangramento vaginal com colo uterino fechado. O ultrassom pode mostrar um saco gestacional com ou sem embrião.
  2. Abortamento Retido: Ocorre quando o embrião ou feto está morto, mas os produtos da concepção não foram expelidos.
  3. Abortamento Incompleto: Parte dos produtos da concepção são expulsos, mas parte permanece no útero, resultando em sangramento e colo uterino aberto.
  4. Abortamento Completo: Todos os produtos da concepção são expulsos, o sangramento diminui e o colo uterino se fecha.
  5. Abortamento Infectado: Qualquer tipo de abortamento associado a infecção, requerendo esvaziamento uterino e antibioticoterapia.

Causas e Fatores de Risco

As causas de abortamento são variadas e incluem anomalias cromossômicas, fatores anatômicos, sistêmicos/metabólicos, e hábitos de vida como tabagismo e uso de álcool ou drogas. As anomalias cromossômicas são responsáveis por cerca de 70% dos abortamentos.

Manejo e Tratamento

O manejo dos abortamentos depende do tipo e das condições clínicas da paciente. Na ameaça de abortamento, a vigilância clínica é essencial. No caso de abortamento retido, pode-se optar por conduta expectante ou ativa, com uso de medicamentos como misoprostol ou procedimentos como a curetagem.

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Kiara Adelino
Kiara Adelino
Estudante do 2º semestre de Medicina. Adoro qualquer atividade que envolva mexer o corpo e aprender coisas novas.
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