O que é a hanseníase?
A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae. Apesar de ser uma das doenças mais antigas conhecidas pela humanidade, ainda representa um desafio significativo em saúde pública em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil, que ocupa a segunda posição global em número de casos novos. Apesar disso, os dados epidemiológicos mostram que a recorrência de pacientes que desistem do tratamento é bastante elevada. Vamos ver alguns desses importantes dados, que podem ser cobrados na sua prova de residência!
Etiologia e Epidemiologia
O agente etiológico da hanseníase é o Mycobacterium leprae, um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR), que possui afinidade por células nervosas e cutâneas. A transmissão ocorre principalmente por vias aéreas superiores, através do contato prolongado com casos não tratados. A doença é mais prevalente em áreas de baixa renda e condições de vida precárias, refletindo a importância dos determinantes sociais na sua propagação.
Entre 2014 e 2023, foram registrados 241.460 casos novos de hanseníase, dos quais 14.766 tiveram abandono de tratamento como situação de encerramento.
Apesar de a maioria dos pacientes que abandonaram o tratamento não apresentarem incapacidades físicas no momento do diagnóstico, o abandono do tratamento pode influenciar no aparecimento de incapacidades físicas. A alta proporção de casos não avaliados ou ignorados (14,6%) destaca a necessidade de fortalecimento da avaliação neurológica simplificada, com vistas a orientar a conduta de prevenção de incapacidades físicas e reabilitação.
Manifestações Clínicas
A hanseníase apresenta-se com uma ampla gama de manifestações clínicas, que variam conforme a resposta imune do hospedeiro:
- Indeterminada: Fase inicial com máculas hipocrômicas e perda sensitiva discreta. Pode evoluir para formas mais definidas se não tratada.
- Tuberculóide: Caracterizada por lesões bem delimitadas e comprometimento neural significativo, com resposta imune celular robusta.
- Dimorfa: Apresenta variabilidade clínica, com lesões cutâneas de diversos tipos e acometimento neural.
- Virchowiana: Forma mais grave, com infiltração difusa da pele e presença de hansenomas, associada a uma resposta imune celular deficiente.
Diagnóstico
O diagnóstico da hanseníase é clínico e laboratorial, baseado nos seguintes critérios:
- Clínico: Presença de lesões de pele com alteração de sensibilidade térmica, dolorosa ou tátil, espessamento de nervos periféricos e sinais cardinais da doença.
- Laboratorial: Baciloscopia de raspado intradérmico e biópsia de pele são métodos importantes para a confirmação diagnóstica. A baciloscopia positiva é indicativa de formas multibacilares.
Tratamento
O tratamento da hanseníase é realizado com Poliquimioterapia (PQT), que varia conforme a classificação do paciente em paucibacilar ou multibacilar:
- Paucibacilar: 6 meses de tratamento com Dapsona e Rifampicina.
- Multibacilar: 12 meses de tratamento com Dapsona, Rifampicina e Clofazimina.
O tratamento supervisionado mensalmente e a adesão do paciente são cruciais para o sucesso terapêutico e a prevenção de incapacidades.
Reações Hansênicas
As reações hansênicas são complicações imunológicas que podem ocorrer antes, durante ou após o tratamento:
- Tipo 1 (Reação Reversa): Relacionada à hipersensibilidade tardia, com exacerbação das lesões cutâneas e neurite. O manejo inclui o uso de corticosteroides.
- Tipo 2 (Eritema Nodoso Hansênico): Causada por imunocomplexos, manifesta-se com febre, nódulos dolorosos e sintomas sistêmicos. Talidomida e corticosteroides são utilizados no tratamento.
Complicações
A hanseníase, se não tratada adequadamente, pode levar a complicações graves, incluindo deformidades físicas e incapacidades permanentes. A educação em saúde, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para controlar a doença e reduzir o estigma associado. devemos tomar como base os dados lançados para guiar uma conscientização acerca desse tratamento em nossa futura prática médica e residência.
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