
O que é a condição
A neurossífilis é uma manifestação tardia da infecção pelo Treponema pallidum que afeta o sistema nervoso central (SNC). As causas da infecção são marcantes no desenvolvimento neurológico, percebidas em diagnóstico computadorizados e na anamnese clínica.
A neurossífilis pode se apresentar de diversas formas, tanto precoce quanto tardia, e deve ser investigada em qualquer paciente com sintomas neurológicos e diagnóstico sorológico de sífilis. A invasão do SNC ocorre já nas primeiras semanas após a infecção inicial.
Apresentações Clínicas
A neurossífilis pode se manifestar de várias formas, dependendo do tempo de infecção e do envolvimento do SNC:
- Precoce (< 5 anos):
- Meningite Asséptica: Predomínio de celularidade linfomonocitária no líquor (LCR), com bacterioscopia e culturas negativas.
- Meningovascular:Sinais neurológicos focais.
- Ocular (Uveíte Anterior/Panuveíte): LCR pode ser normal.
- Tardia (> 10 anos):
- Tabes Dorsalis: Perda da propriocepção profunda, levando a marcha alargada.
- Demência: Uma das causas tratáveis de demência.
- Epilepsia.
- Pupila de Argyll-Robertson: Pupilas pequenas que não reagem à luz, mas se acomodam à visão próxima.
Diagnóstico da Neurossífilis
O diagnóstico da neurossífilis envolve a avaliação clínica, sorológica e a análise do líquor (LCR).
Indicação de Punção Lombar
A punção lombar é indicada nas seguintes situações:
- Presença de sintomas neurológicos e oftalmológicos;
- Evidência de sífilis terciária ativa;
- Falha no tratamento clínico sem exposição sexual.
Em pacientes vivendo com HIV (PVHIV), a punção lombar é indicada após falha do tratamento, independentemente da história sexual.
Análise do Líquor (LCR)
A análise do LCR é crucial para o diagnóstico de neurossífilis. No entanto, tanto o VDRL quanto o FTA-ABS podem ser negativos no LCR, especialmente na forma ocular. Nesses casos, a celularidade (> 5 células) e a proteinorraquia devem ser consideradas.
- VDRL: É uma molécula grande que não ultrapassa a barreira hematoencefálica (BHE). Se presente no líquor, indica produção local de cardiolipina, tornando-o mais específico, mas menos sensível;
- FTA-ABS: É uma molécula menor que ultrapassa a BHE, sendo mais sensível, mas menos específico;
- PVHIV: Pacientes vivendo com HIV podem ter LCR basalmente alterado devido ao efeito imunomodulador do HIV, mesmo com carga viral indetectável.
Tratamento da Neurossífilis
O tratamento da neurossífilis envolve a administração de antibióticos por via intravenosa. As opções de tratamento são:
- Penicilina G cristalina por 14 dias.
- Ceftriaxona por 14 dias.
No caso de alergia à Penicilina, devemos proceder com dessensibilização.
E quais são os critérios de cura?
A cura é avaliada por meio da punção de LCR em 6 meses, observando a melhora dos parâmetros de glicose, proteínas e celularidade. Os critérios para PVHIV podem divergir entre o Ministério da Saúde e as diretrizes americanas.
Casos Especiais
A neurossífilis se comporta de forma específica dentro da doença, inclusive com tratamentos diferentes. Após a infecção inicial, ocorre a invasão do SNC nas primeiras semanas.
Qualquer sintoma neurológico, frente a um diagnóstico sorológico de sífilis, deve ser investigado para neurossífilis.

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