
O acompanhamento do crescimento infantil é uma das pedras angulares da puericultura, e a identificação precoce de alterações no crescimento é crucial para garantir o desenvolvimento saudável da criança. A baixa estatura, em particular, é um motivo frequente de preocupação para pais e um desafio diagnóstico para médicos. Por isso, vamos revisar de forma concisa e prática para residentes em pediatria, que precisam dominar essas temáticas para suas provas de residência.
Avaliação Inicial
O primeiro passo na avaliação de uma criança com suspeita de baixa estatura é determinar se ela realmente se enquadra nessa definição. De acordo com as mais recentes pesquisas, dois critérios principais podem ser utilizados:
- Estatura < -2DP (desvios padrão) para o sexo e idade:
Este critério compara a altura da criança com a distribuição normal da população pediátrica, considerando sexo e idade.
- Estatura < -2DP da estatura alvo (EA):
A estatura alvo é calculada com base na altura dos pais, levando em conta uma correção para o sexo da criança. A fórmula é:
- Menina: (Média dos pais) – 6,5 cm;
- Menino: (Média dos pais) + 6,5 cm;
- Alvo +/- 8,5 cm.
Se a criança preencher um desses critérios, o próximo passo é avaliar a velocidade de crescimento (VC).
Velocidade de Crescimento
A velocidade de crescimento é um indicador fundamental da saúde do crescimento infantil. Para avaliá-la adequadamente, é necessário medir a estatura da criança em intervalos de, pelo menos, 4 a 6 meses e, em seguida, calcular a proporção do crescimento para 12 meses.
É importante destacar que a velocidade de crescimento normal varia de acordo com a idade:
- 1º ano de vida: 25 cm;
- 1 – 2 anos: 12 cm;
- 2 – 4 anos: 7 – 8 cm/ano;
- 4 – 6 anos: 6 cm/ano;
- 6 anos – puberdade: 5 – 7 cm/ano.
Um adendo é o estirão puberal:
- Meninas (fase M3): 8 – 12 cm/ano;
- Meninos (fase G4): 10 – 14 cm/ano.
Um ponto crucial a ser lembrado é que a velocidade de crescimento nunca deve ser menor que 5 cm/ano. Se a VC estiver reduzida (<5cm/ano), é imperativo investigar causas patológicas.
Causas Patológicas
Quando a velocidade de crescimento está baixa, é essencial realizar um rastreamento para identificar possíveis causas patológicas. O material de apoio divide essas causas em três categorias principais:
1. Sistêmicas:
- Nefropatias: Solicitar ureia, creatinina, gasometria, urina 1, eletrólitos.
- Doença celíaca: Solicitar anti-endomísio, anti-transglutaminase, IgA.
- Outros: Hemograma, vitamina D, proteína C reativa.
2. Genéticas:
- Síndrome de Turner (45, X): Cariótipo em todas as meninas com baixa estatura.
- Outros dismorfismos: Cariótipo em meninos com dismorfismos associados.
- Endocrinopatias:
- Hipotireoidismo: Solicitar TSH, T4L.
- Síndrome de Cushing: Solicitar cortisol e ACTH.
- Deficiência de GH: Solicitar IGF-1, IGFBP-3 (não dosar GH devido à secreção pulsátil).
Outras condições genéticas, como a Síndrome de Noonan (rasopatia com mutação no gene PTPN11) e a acondroplasia (mutação no FGFR3), também devem ser consideradas. A obesidade associada à baixa estatura deve levantar suspeitas de causas endócrinas, como resistência à insulina e suas consequências no crescimento.
Fonte: https://doi.org/10.1590/1982-0216/202022416519
Variantes Normais do Crescimento
Se a velocidade de crescimento for normal, é mais provável que a baixa estatura seja uma variante normal do crescimento. As duas principais variantes são:
1. Baixa Estatura Familiar:
- Criança pequena, mas com alvo familiar baixo.
- Idade óssea normal.
- Velocidade de crescimento normal.
2. Atraso Constitucional do Crescimento:
- Estatura dentro do alvo familiar.
- Idade óssea atrasada.
- Velocidade de crescimento normal.
- Puberdade atrasada.
- História familiar semelhante.
- Estatura final normal.
É importante ressaltar que esses são diagnósticos de exclusão, ou seja, devem ser considerados apenas após descartar causas patológicas.
Idade Óssea
A idade óssea (IO) é um exame complementar valioso na avaliação da baixa estatura. Ela indica a maturação endócrina global e pode ajudar a identificar a causa da baixa estatura. A IO é avaliada por meio de uma radiografia de mão e punho esquerdos, comparada com o Atlas de Greulich e Pyle.
Um atraso na idade óssea sugere um atraso constitucional do crescimento ou deficiência de GH, enquanto uma idade óssea normal é mais consistente com baixa estatura familiar. O limite normal é de 20% acima ou abaixo da idade cronológica.
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