Dor articular: pode ser osteoartrite?

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Nominada de osteoartrite, osteoartrose ou somente artrose, essa condição é uma importante causa de afastamento dos trabalhos, segundo a Sociedade Brasileira de Radiologia.

Achado radiológico de artrose. Fonte: Sociedade Mineira de Radiologia 

Conceitos Iniciais 

A osteoartrite (OA) é uma  das desordens articulares mais comuns na medicina. Ao contrário da artrite reumatoide, que é uma doença inflamatória, a OA é caracterizada por um processo degenerativo que afeta toda a articulação. Por isso, precisamos dominar a etiologia, diagnóstico e até as opções de tratamento mais recentes para gabarito nas provas de residência! 

Fisiopatologia

A osteoartrite é uma doença complexa que afeta a cartilagem articular, o osso subcondral, os ligamentos e a membrana sinovial. Tradicionalmente vista como uma “doença do desgaste“, hoje a OA é reconhecida como um processo ativo com múltiplos fatores contribuintes, incluindo genética, biomecânica e inflamação de baixo grau.

Evidências anatômicas da osteoartrite. Fonte: Fonte: Histologia Básica: Texto e Atlas, 2018

Epidemiologia e Fatores de Risco

Segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Radiologia, a OA é uma das principais causas de morbidade em idosos, com um pico de incidência por volta dos 50 anos. No Brasil, a prevalência é de aproximadamente 4,1%, mas esse número tende a aumentar com o envelhecimento da população.

Os fatores de risco para OA podem ser divididos em intrínsecos e extrínsecos: 

  1.  Intrínsecos:
  •  Genética: Há uma forte predisposição genética para OA.
  •  Idade: O envelhecimento está associado ao aumento da prevalência de OA.
  • Obesidade: O excesso de peso aumenta a carga sobre as articulações, especialmente nos joelhos e quadris.
  • Sarcopenia: A perda de massa muscular contribui para a instabilidade articular.
  1. Extrínsecos:
  • Danos repetitivos: Atividades que envolvem movimentos repetitivos ou sobrecarga nas articulações aumentam o risco.
  • Lesões articulares prévias: Traumas, fraturas ou cirurgias articulares podem levar ao desenvolvimento de OA.

Manifestações Clínicas

A OA se manifesta principalmente como dor mecânica, que piora com a atividade e alivia com o repouso. A rigidez matinal é comum, mas geralmente dura menos de 30 minutos.

Mãos com evidência de osteoartrite, causadora das dores articulares. Fonte: Sociedade Brasileira de Radiologia.

Os locais de acometimento mais frequentes incluem:

  • Mãos: As articulações interfalangianas distais (IFD), interfalangeanas proximais (IFP) e a primeira carpometacarpal (rizartrose) são comumente afetadas.
  • Joelhos: A dor é frequentemente localizada na face medial da articulação.
  • Quadris: A dor pode irradiar para a virilha, nádega e coxa.
  • Coluna cervical e lombar: A OA pode causar dor e rigidez no pescoço e na região lombar.
Principais focos da osteoartrite. Fonte: Acervo de ilustrações do Grupo MedCof.

No exame físico das mãos, é possível identificar nódulos de Heberden (nas IFD) e nódulos de Bouchard (nas IFP).

Diagnóstico

O diagnóstico de OA é baseado na história clínica, exame físico e exames de imagem, já que não existem exames laboratoriais específicos para a OA. O fator reumatoide (FR) pode ser falsamente positivo, especialmente em idosos, e não deve ser usado para descartar OA. A análise do líquido sinovial pode ser útil para descartar outras causas de dor articular, como infecção ou artrite inflamatória.

A radiografia é o exame de imagem fundamental para avaliar a OA! Os achados radiográficos típicos incluem:

  • Redução do espaço articular;
  • Esclerose subcondral;
  • Osteófitos;
  • Desalinhamento articular.

Tratamento

O tratamento da OA visa aliviar a dor, melhorar a função e retardar a progressão da doença. As opções de tratamento incluem medidas não farmacológicas, farmacológicas e cirúrgicas.

  1. Medidas Não Farmacológicas

As medidas não farmacológicas são a base do tratamento da OA e incluem:

  • Educação do paciente: Informar o paciente sobre a doença, suas causas e opções de tratamento.
  • Exercícios: Fortalecimento muscular, alongamento e exercícios aeróbicos de baixo impacto.
  • Perda de peso: Reduzir a carga sobre as articulações.
  • Órteses: Utilização de órteses para suporte e alinhamento articular, especialmente nas mãos.
  • Fisioterapia: técnicas para aliviar a dor, melhorar a função e aumentar a amplitude de movimento.
  • Terapia ocupacional: Adaptação de atividades para reduzir o estresse nas articulações.
  1. Medidas Farmacológicas

As opções farmacológicas para o tratamento da OA incluem:

  • Analgésicos:

 Paracetamol (útil para dor leve a moderada) e anti-inflamatórios não esteroides ( sendo tópicos ou orais, servem para alívio da dor e inflamação).

  • Infiltrações:

Corticoides (com injeções intra-articulares de corticóides que podem proporcionar alívio temporário da dor) e ácido hialurônico (embora o benefício seja questionável, algumas pessoas relatam alívio da dor após as injeções). Além disso, a duloxetina pode ser útil em pacientes com OA e fibromialgia associada, os condroprotetores, como glicosamina e condroitina, têm benefício incerto e não são recomendados pelas diretrizes atuais e, por fim, a capsaicina tópica (Embora tenha sido utilizada, atualmente está descontinuada).

  1. Tratamento Cirúrgico

O tratamento cirúrgico é reservado para casos de dor intratável e prejuízo significativo da mobilidade. A artroplastia total (substituição da articulação) é uma opção eficaz para pacientes com OA avançada nos joelhos ou quadris.

Raio X do joelho com osteoartrite. Fonte: American College of Rheumatology. 

Osteoartrite Generalizada

A osteoartrite generalizada (OAG) é definida como o acometimento de mais de três grupos articulares. É importante diferenciar a OAG primária da secundária, que pode ser causada por outras condições, como doenças inflamatórias ou infecciosas.

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