
Conceitos chaves
O abdome agudo hemorrágico é uma emergência cirúrgica que exige diagnóstico rápido e intervenção eficaz. Para residentes em cirurgia geral, o reconhecimento precoce e o manejo adequado são cruciais para garantir o melhor prognóstico para o paciente. Por isso, vamos revisar conhecimentos essenciais para a prática clínica.
O que é Abdome Agudo Hemorrágico?
O abdome agudo hemorrágico se caracteriza por uma hemorragia interna na cavidade abdominal, resultante de diversas causas. A identificação da fonte do sangramento e a estabilização do paciente são os primeiros passos no manejo desta condição crítica.
Causas Comuns
A etiologia do abdome agudo hemorrágico é variada, e o conhecimento das causas mais comuns é fundamental para orientar a investigação diagnóstica.
- Causas Ginecológicas: Em mulheres em idade fértil, causas ginecológicas como a ruptura de uma gravidez ectópica são importantes a serem consideradas.
- Aneurismas: Em pacientes idosos, especialmente tabagistas, a ruptura de um aneurisma de aorta é uma causa grave e frequente.
- Tumores e Cistos Hepáticos: Em jovens, tumores ou cistos hepáticos com sangramento espontâneo ou após trauma devem ser investigados.
Apresentação Clínica
A apresentação clínica do abdome agudo hemorrágico é dominada por dor abdominal intensa e sinais de choque hipovolêmico. A gravidade dos sintomas pode variar dependendo da quantidade de sangue perdido e da rapidez da hemorragia.
- Dor Abdominal: A dor é geralmente súbita e intensa, podendo ser difusa ou localizada, dependendo da causa do sangramento.
- Choque Hipovolêmico: Sinais de choque, como taquicardia, hipotensão e palidez, são comuns devido à perda de sangue.
Manejo Inicial na Sala de Emergência
O manejo inicial do abdome agudo hemorrágico deve ser rápido e eficiente, visando estabilizar o paciente e identificar a causa do sangramento.
Ao iniciar pela anamnese, devemos questionar sobre antecedentes relevantes, como coagulopatias, uso de anticoncepcionais orais, tabagismo e gravidez, que podem fornecer pistas importantes sobre a etiologia do sangramento. Após isso, é essencial iniciar o suporte intensivo com transfusão maciça de sangue para repor o volume perdido e manter a perfusão tecidual.
Para complementar, devemos coletar exames laboratoriais, incluindo hemograma completo, coagulograma e beta-HCG (em mulheres), com o fim de avaliar a gravidade da hemorragia e descartar gravidez. Além disso, a ultrassonografia à beira do leito (POCUS) pode nos orientar quanto a presença de líquido livre na cavidade abdominal e auxiliar no diagnóstico diferencial, como a identificação de uma ectópica rota ou aneurisma.
Abordagem Diagnóstica
A abordagem diagnóstica depende da estabilidade do paciente.
- Paciente Estável: Em pacientes estáveis e respondedores à ressuscitação inicial, a tomografia computadorizada (TC) de abdome é o exame de escolha para identificar a causa do sangramento.
- Paciente Instável: Em pacientes instáveis ou não respondedores, a laparotomia exploradora é mandatória para identificar e controlar a fonte do sangramento.
Tratamento Específico
O tratamento específico varia conforme a etiologia do abdome agudo hemorrágico.
Primeiramente a laparoscopia pode ser considerada em casos selecionados para diagnóstico e tratamento de causas ginecológicas ou outras condições menos graves. Em sequência, a arteriografia com embolização é usada em casos de cistos com sangramento ativo (blush) (a arteriografia com embolização pode ser uma opção para controlar a hemorragia).
Por fim, o tratamento conservador pode ser útil em algumas situações, como pequenos sangramentos autolimitados, o tratamento conservador com monitorização e suporte pode ser apropriado.

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