
Alergias e condições relacionadas são queixas comuns na prática médica, e compreender suas nuances é crucial para um atendimento eficaz. Por isso, vamos relembrar aspectos essenciais de angioedema, urticária, rinite alérgica, disfunção de pregas vocais (DPV) e aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA), que são temáticas fundamentais nas provas de residência e na prática clínica.
Angioedema: Histamina vs. Bradicinina
O angioedema é caracterizado por inchaço na pele ou mucosas. É essencial distinguir entre os tipos mediados por histamina e bradicinina:
- Histamina: pode apresentar urticária e prurido, com evolução rápida e possível piora com AINEs. Melhora com anti-H1, corticoide e adrenalina. A principal célula efetora é o mastócito, que se degranula liberando histamina em resposta a alergias, infecções, autoanticorpos, neoplasias e medicações como opioides, quinolonas, AINEs e contrastes iodados.
- Bradicinina: Não apresenta urticária, tem evolução lenta e não responde a anti-H1, corticoide ou adrenalina. Inclui o angioedema hereditário (AEH) e o induzido por IECA.
O angioedema por histamina é o mais comum, com início em minutos a horas e resolução em 24 a 48 horas. Pode ser agudo ou crônico e geralmente responde bem a anti-H1, corticoides e adrenalina.
Urticária: Crônica vs. Aguda
A urticária envolve a degranulação de mastócitos e basófilos, liberando histamina e causando vasodilatação local. As lesões são efêmeras, restritas à epiderme, duram menos de 24 horas e não deixam lesões residuais.
- Aguda: Duração inferior a 6 semanas, frequentemente associada a infecções ou medicações;
- Crônica: Duração superior a 6 semanas, investigar autoimunidade/tireoide.
O tratamento envolve quadruplicar a dose de anti-H1, omalizumabe e, em alguns casos, ciclosporina.
Angioedema por Bradicinina: características e causas
O angioedema por bradicinina tem início gradativo, não é pruriginoso e resolve-se em 48 a 72 horas. Não há urticária associada, mas pode ocorrer dor abdominal devido a edema de alças intestinais. Não responde a corticoides, adrenalina ou anti-H1.
Angioedema Hereditário (AEH): diagnóstico e tratamento
O AEH (Angioedema Hereditário) é uma doença rara, com mutação autossômica dominante no gene SERPING1. Pode ser causado por defeito quantitativo ou qualitativo no inibidor de C1. A mortalidade pode chegar a 25-40% se não tratado adequadamente, especialmente em casos de angioedema de laringe.
- Quadro Clínico: Angioedema de face, extremidades e genitais, crises álgicas abdominais com náuseas e vômitos, e eritema marginatum (não pruriginoso, pode preceder a crise)
- Diagnóstico: Utilizar o acrônimo HAAAAE (Hereditário, Angioedema recorrente, Dor Abdominal recorrente, Ausência de Urticária, Ausência de resposta a anti-histamínicos, Associação com Estrogênio). A dosagem de C1-INH e C4 é fundamental.
- Tratamento: Crise: Plasma fresco congelado, icatibanto, inibidor de C1pd.
- Profilaxia: Inibidor de C1pd, andrógenos, tranexâmico ou lanadelumabe
Rinite Alérgica: diagnóstico e tratamento
A rinite alérgica é uma inflamação da mucosa nasal, frequentemente coexistente com asma. A classificação ARIA considera prevalência, impacto na qualidade de vida, desempenho no trabalho/escola e carga econômica.
- Tratamento: corticóide nasal, anti-H1 (oral ou nasal), antileucotrienos e imunoterapia alérgeno-específica. A imunoterapia é considerada o melhor tratamento, induzindo tolerância através do estímulo persistente com doses crescentes de alérgenos.
Disfunção de Pregas Vocais (DPV): diagnóstico diferencial e tratamento
A DPV simula asma, mas envolve discinesia das pregas vocais, que aduzem em vez de abduzir durante a respiração, causando dispneia extratorácica. A laringoscopia revela fenda posterior no fechamento das pregas vocais. O tratamento envolve fonoaudiologia e psicoterapia.
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