Na preparação para a residência em Pediatria, é sumário aos alunos dominarem as enfermidades que podem ser ameaças a vida dos neonatos, assim como dos tratamentos e modos de prevenção para esses quadros. Nesse texto, aprofundaremos as atualizações de tratamento nas infecções de vias aéreas superiores que podem ser cobradas em questões e provas, assim como prepararemos os profissionais em sua prática médica.
Texto escrito por Kiara Adelino Pinto – Medicina Facisc Quixeramobim.
Contextualização
As infecções podem localizar-se no trato respiratório superior e inferior. O trato superior consiste nas vias aéreas das narinas até as cordas vocais da laringe, incluindo os seios paranasais e o ouvido médio. O trato respiratório inferior sobre a continuação das vias aéreas desde a traqueia e brônquios até os bronquíolos e alvéolos. As infecções não se limitam ao trato respiratório e tem efeitos sistêmicos, devido à possível extensão da infecção ou toxinas microbianas, inflamações e redução da função pulmonar.
Exceto durante o período neonatal, as infecções respiratórias agudas são as mais comuns causas de doença e mortalidade em crianças menores de 5 anos. Dentre essas infecções, são as mais comuns as doenças agudas avaliadas em ambulatórios, variando desde um resfriado comum até doenças com risco de vida. Essas atingem públicos de alta e baixa renda, mas a disponibilidade de tratamento e prevenção pode ocasionar gravidade e diferentes dessas infecções.
Conceitos
As doenças de vias superiores são as doenças infecciosas mais comuns. Essas abrangem rinite (o resfriado comum), sinusite, infecções de ouvido, faringe aguda ou amigdalofaringite, epiglotite e laringite – das quais infecções de ouvido e faringe causam complicações mais graves (surdez e febre reumática aguda, respectivamente)
Como a maioria das Infecções de Vias Aéreas Superiores são autolimitadas, as implicações são mais importantes do que as infecções. As infecções virais agudas predispõem crianças a infecções bacterianas dos seios paranasais e do ouvido médio, e a aspiração de secreções e células infectadas pode resultar em infecções do trato respiratório inferior.
Patologias Associadas e Diagnóstico
Para as discussões iniciarem, necessita-se entender quais enfermidades estão associadas e como identificá-las.
Faringite Aguda
Causada por vírus na maioria dos casos infantis, ocasiona leve vermelhidão e edema faringeo e aumento das amígdalas. A infecção bacteriana é mais comum em crianças de maior idade. Em países com piores condições de vida, é mais comum sequelas pos-estretococicas, com febre reumática aguda e cardite. A vacinação quase universal de lactantes com a vacina DTP (Difteria-tetano-coqueluche) é, no entanto, rara, mas primordial para a saúde das crianças e mães.
Nasofaringite Viral
Pacientes com resfriado comum podem apresentar uma escassez de achados clínicos, apesar do notável desconforto subjetivo. Alguns sintomas comuns são: secreção nasal, eritema e edema da mucosa nasal, febre e eritmema faringeo.
Faringite Bacteriana
Pode ser difícil de distinguir da faringite viral. A avaliação da infecção estreptococica do grupo A merece atenção especial. Os achados físicos sugerem um alto risco para doença estreptococica do grupo A: eritema, inchaço ou exsutados das amigdalas ou faringe, temperatura superior a 38,3ºC, nódulos cervicais dolorosos, ausência de conjuntivite e tosse (o que pode sugerir doença viral) e, menos comumente, petequias do palato e erupção cutânea.
Rinossinusite Bacteriana Aguda
Em crianças, apresenta-se com corrimento nasal persistente, tosse com duração de 10 dias ou mais e dor no seio nasal afetado em crianças mais velhas. Geralmente essas condições possuem origem viral, no entanto, há também casos bacterianos, e diferenciá-los é um desafio que ainda deve ser superado em clínica. Ocasionalmente, os pacientes com sinusite bacteriana aguda apresentam sintomas graves, como dor facial unilateral e dor no maxilar. Pode notar-se mau hálito, porque a flora residente processa os produtos da inflamação.
Epiglotite
Condição inflamatória da epiglote ou das estruturas próximas simultaneamente, incluindo as aritenoides, pregas arieploticas e valeculas. Essa condição põe em risco a vida da criança ao causar inchaço ofundo das vias aéreas superiores, o que pode levar a asfixia e parada respiratória. O inicio é súbito com os seguintes sintomas: dor de garganta, baba e dificuldade de deglutição, disfonia abafada, tosse seca, febre e fadiga. A tríade clínica sialorreia, disfagia e angústia é apresentação clássica.
Infecção Aguda do ouvido
Em países com cuidados médicos inadequados, pode levar a tímpanos perfurados e secreção crônica no ouvido mais tarde na infância, com fim em deficiência auditiva ou surdez. Infecções de ouvido repetidas podem levar a mastoidite, que, por sua vez, pode espalhar a infecção para as meninges. A mastodite e outras complicações das IVAS são responsáveis por quase 5% de todas as mortes por Infecções Respiratórias Agudas em todo o mundo.
Testes Clínicos
Os testes para os patógenos específicos são úteis quando a terapia direcionada depende de resultados (por exemplo: gonococo e coqueluche). Testes bacterianos ou virais específicos também são necessários em outras situações selecionadas, como quando os pacientes são imunossuprimidos durante certos surtos ou para fornecer terapia específica. A terapia direcionada não está disponível para a maioria dos virus que causam ITRS. Portanto, o teste viral raramente indica-se para IVAS virais não complicadas em ambiente ambulatório. No entanto, a confirmação de uma condição viral, como gripe, pode reduzir o uso inapropriado de antibióticos. O teste também é indicado se a avaliação clínica sugerir doenças orofaringeas relacionadas a doenças sexualmente transmissíveis.
A cultura de swabs de garganta e lavagens nasais continuam sendo o padrão para confirmar patogenos bacterianos de IVAS. As amostras devem ser retiradas da faringe posterior ou das amígdalas,nao da cavidade oral. Para confirmar a infecção nasofaringea viral, as culturas virais continuam sendo o padrão, para então detectar vírus influenza, vírus parainfluenza (PIV), adenovirus, RSV e outros vírus.
No hemograma completo (CBC) com diferencial, os pacientes com IVAS podem apresentar contagem aumentada de glóbulos brancos com desvio a esquerda. Linfócitos atípicos, linfocitose ou linfopenia podem observar-se em algumas infecções virais. Linfocitose também pode observar-se na Coqueluche. Contudo, um hemograma provavelmente não será útil na diferenciação do agente infeccioso ou no direcionamento da terapia em IVAS não complicadas em ambientes ambulatórios.
Os exames de imagens só devem ser requeridos em condições com suspeitas de anomalias estruturais ou complicações complexas teciduais.
Tratamento das IVAS
A maioria é autodiagnosticada e tratada em casa. Os pacientes que apresentam IVAS geralemente se beneficiam de tranquilização, educação e instrução para tratamentos sintomáticos em casa.
Em novembro de 2013, a Academia de Pediatria divulgou um conjunto de 3 princípios básicos para o uso eficaz de antibióticos no tratamento de IVAS, incluindo otite média aguda, sinusite bacteriana aguda e faringite estretococica. Os principais são os seguintes: Diagnóstico preciso de uma infecção bacteriana; consideração dos riscos versus benefícios do tratamento com antibioticose; implementação de estratégias criteriosas de prescrição, incluindo seleção do antibiótico mais eficaz, prescrição de uma dose apropriada e tratamento pela menor duração possível.
Por fim, é preciso pontuar que as IVAS são as motivações mais comuns do atendimento pediátrico, razão para a importância do médico dessa área, ou aspirante, dominar os conhecimentos referentes aos diagnósticos diferenciais e condutas que devem tomar-se em cada caso.
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