
LRA e DRC
A Lesão Renal Aguda (LRA) e a Doença Renal Crônica (DRC) são condições importantes na pediatria, com implicações significativas para a saúde a longo prazo. Devido a essa importância, é imperioso revisar os conceitos básicos acerca do diagnóstico e tratamento dessas condições.
Lesão Renal Aguda (LRA)
A LRA é definida como uma deterioração súbita da função renal, potencialmente reversível. O diagnóstico e a classificação da LRA são baseados nos critérios pRIFLE e KDIGO.
Definição e Critérios
A LRA é uma deterioração súbita da função renal, com retenção de escórias nitrogenadas, distúrbio hidroeletrolítico (DHE) e distúrbio ácido-básico (DAB). Conforme os critérios mais atuais pRIFLE, podemos identificá-la baseados na taxa de filtração glomerular estimada (eTFG) e/ou redução da diurese. Além disso, os critérios KDIGO AKI se embasam na definição única de LRA que considera critérios RIFLE, pRIFLE e AKIN.
Classificação da LRA
A LRA é classificada em três categorias principais:
- Pré-renal: Causada pela redução da perfusão renal, com parênquima renal intacto. É a forma mais comum de LRA pediátrica;
- Renal/Intrínseca: Caracterizada por dano estrutural ao parênquima renal;
- Pós-renal: Resultado de obstruções anatômicas congênitas ou adquiridas do trato urinário inferior.
Etiologia da LRA
A Pré-renal pode ser causada por desidratação, hemorragia, diuréticos, queimaduras, choque, insuficiência cardíaca, sepse, AINEs, IECA. A renal/intrínseca está associada a isquemia prolongada, sepse, hipotensão, nefrotoxinas, rabdomiólise, SHU, vasculites, glomerulonefrites. Por fim, a pós-renal pode advir de válvula de uretra posterior (VUP), obstrução da junção ureteropélvica, urolitíase, cistite hemorrágica, bexiga neurogênica.
Diagnóstico da LRA
O diagnóstico envolve a avaliação clínica e laboratorial:
- Clínica: Anamnese detalhada para identificar a etiologia (diarreia/vômitos, uso de drogas nefrotóxicas, hidronefrose pré-natal);
- Exame Físico: Avaliação da perfusão, mucosas, pressão arterial e presença de massas abdominais;
- Laboratório: Elevação de creatinina e ureia séricas, alterações no exame de urina, acidose metabólica, DHE (hipercalemia, hiponatremia, hipocalcemia, hiperfosfatemia).
Tratamento da LRA
O tratamento visa tratar a causa subjacente, manter o equilíbrio hidroeletrolítico e oferecer suporte nutricional. Ele pode ser feito por fluidoterapia, com expansão volêmica com cristaloide (10-20 mL/Kg) em casos de hipovolemia, com atenção à sobrecarga volêmica. Além disso, é importante fazer o manejo eletrolítico, com cautela com a administração de potássio e fósforo em casos de oligúria/anúria. O suporte nutricional precisa seguir requisitos normais de manutenção e calorias suplementares para atender às necessidades catabólicas. Por fim, a terapia de Substituição Renal (TSR) é indicada em casos de sobrecarga volêmica refratária, hipercalemia/acidose não responsivas, uremia e necessidade de nutrição adequada.
Doença Renal Crônica (DRC)
A DRC é definida como dano renal estrutural ou funcional que persiste por ≥ 3 meses. A classificação é baseada na eTFG e albuminúria. Ela é definida como um dano renal estrutural e/ou funcional que persiste por um período mínimo de três meses.
Diagnostico
Podemos diagnosticá-la quando encontramos eTFG < 60 mL/min/1,73 m² por mais de 3 meses, ou eTFG > 60 mL/min/1,73 m² acompanhada de dano estrutural ou marcadores de anormalidades da função renal (proteinúria, albuminúria, distúrbios tubulares renais).
Etiologia
- < 5 anos: Malformações congênitas do trato urinário (rins displásicos/hipoplásicos, VUP);
- Escolares e Adolescentes: Glomerulopatias, uropatias, doenças hereditárias, sequelas de doenças sistêmicas;
- > 12 anos: Glomerulopatias (GESF).
Clínica da DRC
Manifestações Comuns: Alterações cardiovasculares, anemia, anorexia, alteração do crescimento, doença óssea associada ao hiperparatireoidismo.
Tratamento da DRC
O manejo é determinado pelo estágio da doença e sua etiologia. Nos estágios 2, 3 e 4, seguimos com o tratamento conservador (correção de DHE/AB, anemia, distúrbios osteometabólicos, HAS, distúrbios hormonais, oferta nutricional adequada). Já nos estágios avançados, o recomendado é a terapia renal substitutiva (diálise crônica ou transplante renal).
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