A contaminação de parasitas na Clínica Pediátrica é bastante comum, principalmente aqueles intestinais, devido ao maior contato com contaminantes e com outras crianças doentes que esse grupo normalmente tem. As parasitoses podem ter origem protozoária, verminose (com destaque para os helmintos) e ameboide. As mais sérias, normalmente, são aquelas com ciclos de contaminação que incluem o sistema respiratório e nervoso, mas todas devem ser tratadas e diagnosticadas precocemente. Dito isso, entendemos a importância de diferenciar plenamente as parasitoses intestinais, visando identificar a que podem evoluir para outros sistemas.
Protozoários
Um fato importante a ser destacado é que os protozoários, normalmente, não cursam com eosinofilia (com exceção da isospora, que causa diarreia em HIV-AIDS). As principais parasitoses de protozoários são a Amebíase e a Giardíase.
Amebiase
Muitos indivíduos são assintomáticos, mas, nos sintomáticos, podemos identificar diarreia baixa (com acometimento do cólon, causando múltiplos episódios de evacuação diária em pouco volume e com liberação de produtos patológicos). Uma possível complicação e a evolução para abscesso hepático, por isso a importância da identificação e tratamento precoce (com Imidazólicos).
Giardiase
Essas parasitoses acometem o intestino delgado, causando esteatorreia, cólicas, flatulência e diarreia de grande volume. Popularmente, ela se associa com a “diarreia do viajante”, com evolução mais tardia (os sintomas aparecem após 1-2 semanas da viagem). Se os sintomas se desenvolverem muito próximo ao fim da viagem, pensamos primeiramente em rotavirus! O diagnóstico se dá por PPF (protoparasitológico por fezes) e o tratamento pode ser por meio, também, de imidazólicos (por 5-10 dias) e nitazoxanida (por 3 dias).
Vermes
Diferentemente dos protozoários, esses parasitas costumam cursar com eosinofilia. Eles podem ser divididos entre aqueles que possuem ciclo pulmonar e os que não possuem:
Com Ciclo Pulmonar | Sem Ciclo Pulmonar |
Ascaridiase (bolo de ascaris) | Teniase (cisticercose) |
Estrongiloidíase (com disseminação, pode evoluir para sepse por BGN) | Enterobiase (prurido anal, principalmente de noite) |
Ancilostomíase (associada com anemia ferropriva) | Tricuríase (prolapso retal) |
Toxocaríase (doença visceral) |
*As parasitoses com ciclo pulmonar se associam à Síndrome de Loeffler!
Geralmente, a primeira escolha é o Albendazol/mebendazol, porém podemos administrar pirantel e ivermectina (principalmente em casos de estrongiloidíase).
Amebíase
Causada pela Entamoeba histolytica, essa parasitose pode causar lise de tecido e evoluir com quadro de abscesso hepático. O período de incubação do verme é de 8-12 semanas, aparecendo sintomas como colite amebiana (vários episódios, tenesmo) com produtos patológicos, embora a maioria dos pacientes sejam assintomáticos (90%). Em casos de diarreia de longa data, alternada com episódios de constipação, associada com febre, perda ponderal, anorexia e irregularidade intestinal, a suspeita de amebíase deve guiar o diagnóstico com mais brevidade possível. Se diagnosticado, por meio de exames de fezes de Faust PCR e sorologia, o tratamento deve ser feito por meio da administração de metronidazol por 10 dias.
Ciclo pulmonar
Agora que já exploramos as principais parasitoses e dividimos aquelas que possuem ciclo pulmonar, vamos entender como esse contato ocorre.
Nesse ciclo, as larvas que eclodem no intestino, entra, na circulação sanguínea e maturam no pulmão, causando tosse, na qual a larva é deglutida, chega no intestino e migra para o pulmão (infiltrado migratório, mimetiza asma). Devido a isso, o paciente pode apresentar acessos de tosse seca e febre dispneia. Por meio de exames radiográficos do tórax, podemos identificar o infiltrado inflamatório. já os exames laboratoriais nos elucidam quanto a eosinofilia. Confirmado o diagnóstico e identificado o agente parasitário (seguindo o Mnemônico das doenças com ciclo pulmonar: SANTA, S-Estrongiloidíase, A-Ancylostomiasis, N-Necator, T-Toxocariasis, A-Ascaridíase).
O método que te aprova!
Quer alcançar a aprovação nas provas de residência médica? Então seja um MedCoffer! Aqui te ajudaremos na busca da aprovação com conteúdos de qualidade e uma metodologia que já aprovou mais de 10 mil residentes no país! Por fim, acesse o nosso canal do youtube para ver o nosso material.