O que são as Valvopatias?
Valvulopatias são doenças que afetam as válvulas do coração, impedindo que elas abram e fechem corretamente. Essas válvulas controlam o fluxo sanguíneo dentro do coração. Ela, normalmente, são causadas por:
- Estenose: A válvula não abre completamente, dificultando a passagem do sangue.
- Insuficiência: A válvula não fecha completamente, permitindo que o sangue retorne
Essas condições podem ter origens congênitas (A pessoa já nasce com a válvula defeituosa) ou adquiridas (Causadas por doenças como febre reumática, infecções, hipertensão ou doenças do tecido conjuntivo).
Tratamento
O tratamento varia de acordo com a gravidade da doença e pode incluir:
- Medicamentos: Para controlar os sintomas e retardar a progressão da doença.
- Cirurgia: Para reparar ou substituir a válvula defeituosa.
É importante lembrar que a valvulopatias, se não tratadas, podem levar a complicações graves, como insuficiência cardíaca. Além disso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida do paciente.
Vamos para as questões?
SP – Universidade de São Paulo 2021
1 – Qual das valvopatias indicadas a seguir é compatível, quando ocorrida isoladamente, com as alterações presentes neste eletrocardiograma?
a) Insufciência aórtica.
b) Estenose mitral.
c) Insufciência tricúspide.
c) Estenose pulmonar.
Comentário do professor:
Essa questão demanda da gente um conhecimento significativo sobre a interpretação do ECG. Nós devemos reconhecer sobrecarga cavitária e, com isso, determinar a provável doença valvar que provoca esse padrão adverso. De primeira, conseguimos identificar um FC normal ( perto de 100 bpm), com onda P positiva em D1, D2 e aVF (determinando o ritmo sinusal). Então, identificamos que a onde P está deflagrando um QRS, mantendo intervalos PR constante e de duração normal (condução atrioventricular normal). Depois de tudo isso, vamos procurar sinais de sobrecarga! A primeira derivação (V1) pode nos mostrar sobrecarga da atrial esquerda em D2 e podemos procurar sobrecarga da atrial direita. Para olhos treinados, podemos identificar um Índice de Morris na onda bifásica P.
Esse achado (específico dessa derivação) denota presença de sobrecarga atrial esquerda.
Na derivação D2 Encontramos uma onda P apiculada e alta, menor que 2,5mm. Isso demonstra que não há sobrecarga atrial direita, já que tem que superar esse valor para configurar sobrecarga.
Com essa análise, já podemos eliminar os itens C e D, pois representam doenças valvares com repercussões diretas nas câmaras direitas.
Partindo para análise das câmaras ventriculares, analisamos o eixo do ECG. Em D1, o QRS é negativo e em aVF é positivo, o que representa desvio do eixo para direita (provável sobrecarga nas câmaras direitas) além disso, é notável a positividade de QRS em V1 (mais próximo do VD), com onda R ampla associada a uma S profunda em V6 (mais próximo do VE). Por fim, vemos um padrão strain em V1 (com infradesnível de ST e onda T invertida, achado clássico de sobrecarga!), o que não acontece em V5 e V6.
A bolinha azul especifica o QRS positivo em V1 e a bolinha verde o infradesnível em STe inversão da onda T. Esses achados nos clarificam quanto uma sobrecarga ventricular esquerda! Por isso achamos o gabarito da nossa questão como ITEM B, já que na estenose mitral apresenta resistência contra a passagem de sangue do lado esquerdo do coração, provocando sobrecarga do átrio e progressiva dilatação do mesmo. Esse aumento de pressão de enchimento transmite retrogradamente para os pulmões, e em alguns casos, para as câmaras direitas.
SP – Universidade Estadual Paulista 2009
2 – Na valvulopatia mitral:
a) O aumento do átrio esquerdo na estenose pura é observado pela presença de trombos neste átrio ao raio X de tórax.
b) A história de febre reumática, endocardite e coronariopatia estão entre as causas frequentes de insuficiência pura.
c) Geralmente observa- se bradicardia sinusal na estenose pura, sendo bem menos frequentes arritmias ventriculares e fibrilação atrial.
d) O implante de prótese valvar biológica é reservado aos casos de insuficiência pura, já nos casos de estenose pura está indicada a plastia valvar.
Comentário do professor:
Nessa questão precisamos saber identificar os dois principais tipos de valvulopatias mitrais, as estenoses mitrais e as insuficiências mitrais. A primeira, dificulta a passagem de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo (levando a sobrecarga de pressão e, consequente, dilatação do AE). A principal etiologia das estenoses mitrais é associada a cardiopatia reumática (95% dos casos). Devido a sobrecarga da dilação, os pacientes lidam mal com volume e sentem indigestões, e, ainda, são sensíveis a taquicardia. outro ponto que cabe citar é a incidência de arritmias cardíacas nesses. Quando falamos do segundo tipo, podemos salientar que ele ocorre devido a falha no fechamento dos folhetos valvares(gera regurgitação do ventrículo para o átrio).As principais etiologias sçao a degenerativa, doença reumatia, doença isquemica, endocardite infecciosa, alcificação senil e dilatação do ventriculo esquerdo. Clinicamente, podemos identificar o paciente nessa condição quando ele apresenta aumento das dimensões do átrio e do ventrículo, levando a um sinal de duplo contorno (identificado na radiografia do tórax).
Com isso, podemos dizer que o gabarito da nossa questão é o item B, já que as causas citadas realmente estão entre as mais incidentes de insuficiência mitral.
SP – Faculdade De Medicina de Marília 2022
3 – Homem, 38 anos, portador de valvopatia reumática, atualmente em classe funcional III da NYHA (New York Heart Association), é admitido no pronto-atendimento com história de síncope há algumas horas. Encontra-se assintomático no momento, mas a ausculta revela sopro ejetivo acentuado em focos aórtico e aórtico acessório, com irradiação para o pescoço. Foi realizado ecocardiograma que revelou intensa calcificação valvar aórtica, área valvar = 0,4 cm2 , fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 30% e gradiente VE-AO = 60 mmHg. A conduta correta nesse momento é:
a) Realizar ecocardiograma com estresse farmacológico com dobutamina.
b) Realizar ressonância cardíaca para avaliação miocárdica e defnição de conduta.
c) Prescrever diurético e manter em seguimento clínico, com repetição de ecocardiograma em 6 meses.
d) Internar imediatamente e encaminhar para correção cirúrgica da estenose aórtica.
Comentário do professor:
A – INCORRETA – A tendência é que quanto menor a área valvar, maior o gradiente de pressão e, portanto, maior a velocidade de saída do fluxo transvalvar. Ao se encontrar um paciente com uma estenose aórtica grave (área valvar < 1cm²) com baixo gradiente de pressão transvalvar deve-se suspeitar de pseudo-estenose aórtica, devendo-se realizar o ECO com dobutamina. No entanto, nosso paciente apresentou alto gradiente (60 mmHg), compatível com a área valvar reduzida.
B – INCORRETA – Temos um paciente jovem, sem outras comorbidades cardiovasculares com indicação de cirurgia cardíaca. Neste paciente a preocupação é preservar a função cardíaca prejudicada pela valvopatia reumática, não temos nada para pensar em coronariopatia, não havendo necessidade de investigação neste sentido.
C – INCORRETA – Conforme explicado na letra D abaixo, nosso paciente já possui indicação de abordagem por estenose grave (< 1cm) + fator complicador.
D – CORRETA – Apesar de classe funcional NYHA III, nosso paciente apresenta ausculta com sopro importante de estenose aórtica e com ecocardiograma evidenciando área valvar de 0,4 cm e FEVE 30%. Sendo assim, temos uma indicação de abordagem cirúrgica por área valvar < 1 cm + fator complicador.
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