Dia Nacional da Tontura: entenda os conceitos!

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Imagem artisticamente distorcida que simula vertigem ou tontura, mostrando um homem de costas em uma trilha florestal, com o fundo em efeito de movimento radial.
Efeito visual que simboliza a sensação de vertigem ou tontura. | Imagem: Canva.
Imagem artisticamente distorcida que simula vertigem ou tontura, mostrando um homem de costas em uma trilha florestal, com o fundo em efeito de movimento radial.
Efeito visual que simboliza a sensação de vertigem ou tontura. | Imagem: Canva.

Uma das principais queixas nos consultórios de neurologia e otorrinolaringologia, que merece atenção redobrada por estar associada a várias condições! 

Conceitos-Chave 

No dia 22 de abril, celebra-se o Dia Nacional da Tontura, data escolhida para conscientizar profissionais de saúde e a população sobre esse sintoma tão frequente na prática clínica, muitas vezes incapacitante e que desafia as equipes multiprofissionais de neurologia, otorrinolaringologia, clínica médica e até emergências.

Mas o que é a tontura? Esta, refere-se genericamente a qualquer alteração da percepção do equilíbrio corporal. Em termos semiológicos, essa sensação é denominada como tonteira (tontura é o termo popular), variando de sensação leve de desequilíbrio até a incapacidade total de se manter em pé. Pode ser relatada de muitas maneiras pelo paciente: “cabeça leve”, “sensação de desmaio”, desequilíbrio ao caminhar ou sensação de que o corpo (ou o mundo) está girando.

Vertigem x Tontura

Apesar de usadas como sinônimas no cotidiano, tontura e vertigem não são a mesma coisa.  

Vertigem é definida como um tipo específico de tontura em que há uma ilusória sensação de movimento – normalmente um “girar” de objetos ao redor (vertigem objetiva) ou do próprio corpo (vertigem subjetiva).  

Já tontura é qualquer sensação de alteração do equilíbrio, sem necessariamente envolver giro.

Anatomia do sistema vestibular, fonte da maioria das causas de tontura.
Anatomia do sistema vestibular, fonte da maioria das causas de tontura. | Fonte: Acervo de ilustrações do grupo MedCof.

Essa distinção é crucial porque a vertigem, geralmente, aponta para condições envolvendo o sistema vestibular (periférico ou central), enquanto outras formas de tontura podem sugerir causas cardiovasculares, metabólicas, neurológicas ou psicogênicas.

Principais Causas de Tontura e Vertigem 

Causas Otorrinolaringológicas (ou Vestibulares Periféricas) 

Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB)

A principal causa de vertigem em adultos. É desencadeada por mudanças rápidas de posição da cabeça, dura segundos, e está relacionada ao deslocamento de otólitos nos canais semicirculares do ouvido interno.

Doença de Ménière

Envolve crises de vertigem rotatória prolongada (minutos a horas), associadas à perda auditiva flutuante, zumbido e sensação de pressão no ouvido.

Neuronite vestibular

Vertigem intensa, isolada, geralmente sem sintomas auditivos, frequentemente após quadro viral.

Labirintite

Similar à neuronite, mas acompanhada de diminuição auditiva – essencial diferenciar das demais por gravidade e abordagem.

Fístula perilinfática, schwannoma vestibular, entre outros

Menos comuns, exigem investigação.

Causas Neurológicas (Vestibulares Centrais)

Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico ou hemorrágico

Vertigem central pode ser manifestação inicial de lesões do tronco encefálico ou cerebelo, acompanhada de sinais neurológicos focais.

Enxaqueca vestibular

Crises de tontura/vertigem associadas a sintomas migranosos (fotofobia, fonofobia, cefaleia, náusea).

Esclerose múltipla

Lesões desmielinizantes podem afetar centros vestibulares centrais.

Tumores de fossa posterior

Menos frequentes, mas importantes em quadros prolongados, progressivos e com sintomas adicionais (disartria, dismetria, ataxia).

Outras Causas Relevantes:

  • Cardiovasculares: Hipotensão postural, arritmias, insuficiência cardíaca.
  • Metabólicas: Hipoglicemia, hipoxemia, alterações eletrolíticas.
  • Psiquiátricas: Ansiedade, síndrome do pânico, distúrbios somatoformes.
  • Polifarmácia: Utilização simultânea de várias medicações, especialmente em idosos.

Avaliação Clínica

O diagnóstico etiológico da tontura exige anamnese detalhada:

Nota-se o tipo de tontura, por isso devemos pedir para que o paciente descreva se há  sensação de giro, para pesquisar vertigem, enquanto a sensação de “desmaio” remete a causas cardiovasculares. Além disso, perguntamos  o tempo de duração de cada episódio, fatores desencadeantes e sintomas associados (zumbido, perda auditiva, cefaleia, sintomas neurológicos).

Os exames físicos e testes de equilíbrio – como o teste de Dix-Hallpike (para VPPB), a avaliação dos reflexos vestíbulo-oculares (nystagmus) e o exame neurológico – ajudam a diferenciar as causas periféricas das centrais.

Exame físico neurológico, com diferenciação dos nervos cranianos.
Exame físico neurológico, com diferenciação dos nervos cranianos. | Fonte: Acervo de Ilustrações do Grupo MedCof.

Manejo e Tratamento

O tratamento depende da causa subjacente:

  • VPPB: Manobras de reposicionamento como Epley têm alta taxa de sucesso e rápida resolução dos sintomas.
  • Doença de Ménière: Dieta hipossódica, diuréticos, controle de crises com medicações vestibulares.
  • Crises vestibulares centrais: Necessitam de avaliação neurológica urgente para descartar AVC, principalmente se acompanhadas de sinais neurológicos focais.
  • Tonturas não vestibulares: Tratar causa base (ajuste de medicação, controle glicêmico, tratamento psiquiátrico, reposição volêmica etc.).

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