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quinta-feira, 21 novembro
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Distúrbios da hemostasia: um resumo para os residentes de medicina

Plaquetopenia

A plaquetopenia é um motivo comum para consultas hematológicas, representando cerca de 33% dessas consultas. Entre 5–10% de todos os pacientes hospitalizados desenvolvem plaquetopenia, sendo que em cenários de terapia intensiva essa taxa pode alcançar 35%. Diante de um quadro de plaquetopenia, é essencial excluir emergências, avaliar o grau da condição, considerar exposições e o contexto clínico do paciente, além de determinar o tempo de evolução e sintomas associados. Uma hematoscopia pode ajudar a identificar a presença de grumos plaquetários, o que sugere pseudoplaquetopenia.

Os principais mecanismos etiológicos incluem a deficiência na produção de plaquetas (insuficiência medular, neoplasias, medicamentos, infecções virais e doenças hepáticas), aumento na destruição, sequestro esplênico (esplenomegalia), pseudoplaquetopenia (pela formação de anticorpos anti-EDTA), e causas dilucionais, como edema e gestação.

Em casos de plaquetopenia, é crucial investigar antecedentes de sangramento ou história familiar. Se houver confirmação, é provável que seja uma plaquetopenia verdadeira; do contrário, deve-se considerar pseudoplaquetopenia, que representa cerca de 15% dos casos. Esta condição ocorre devido à formação de agregados plaquetários.

Púrpura Trombocitopênica Imunológica (PTI)

A PTI é uma doença de exclusão caracterizada por sangramentos mucocutâneos, como gengivorragia, epistaxe, equimoses e petéquias. Não há alterações em hemácias e leucócitos. A incidência varia entre 1,6–3,9 por 100.000 pessoas ao ano, acometendo todas as idades. Nos adultos jovens, é mais comum em mulheres, enquanto em crianças, 80% dos casos são autolimitados. Nos adultos, 80% das vezes a condição evolui para cronicidade.

O diagnóstico, por sua vez, é feito por exclusão e a avaliação medular não é necessária, a menos que outras causas sejam suspeitas. Investigação para HCV, HIV e, em áreas endêmicas, H. pylori, também é recomendada.

O tratamento de primeira linha inclui corticoides, como a prednisona ou dexametasona, além de imunoglobulina intravenosa (IVIG). As opções de segunda linha incluem o uso de eltrombopag, rituximabe ou esplenectomia.

Doença de Von Willebrand

A doença de Von Willebrand (DvW) é a desordem hemorrágica hereditária mais comum, resultante de uma deficiência na quantidade ou qualidade do fator de Von Willebrand (FvW), responsável pela adesão e ativação plaquetária, além de proteger o fator VIII. Clinicamente, manifesta-se por sangramentos mucocutâneos.

Classifica-se a DvW em três tipos principais: 

  • Tipo 1: deficiência parcial mais comum – cerca de 60-80%; 
  • Tipo 2: deficiência qualitativa
  • Tipo 3: deficiência total

O tratamento envolve o uso de desmopressina ou reposição do fator de Von Willebrand.

Trombocitopenia Induzida por Heparina (HIT)

A HIT é uma complicação relacionada ao uso da heparina, que costuma ocorrer entre 5 e 14 dias após o início da terapia. Além disso, pode ocorrer no 1° dia se o paciente já tiver sido exposto nos últimos 30 dias. 

Nesse sentido, é válido ressaltar que a exposição pode ser, inclusive, por heparina profilática, ainda que de cateteres.

Sendo assim, a plaquetopenia associada ao uso da heparina desencadeia-se pela formação de anticorpo contra o complexo PF4-heparina.

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Giulia Gallucci
Giulia Gallucci
Estudante de Medicina. Entusiasta da organização e da atividade fisica.
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