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quinta-feira, 09 janeiro
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Entenda as principais síndromes genéticas na clínica pediátrica

O estudo das síndromes genéticas é um campo fundamental na medicina, especialmente para residentes que buscam compreender as complexidades dos distúrbios genéticos e suas manifestações clínicas. Então, vamos ver um pouco sobre várias síndromes genéticas, destacando suas características, diagnósticos e abordagens de tratamento, com base nas diretrizes atuais.

Síndrome de Down

A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é uma das anomalias cromossômicas mais comuns. Afeta aproximadamente 1 em cada 600 a 1.000 nascidos vivos. As características principais incluem hipotonia, perfil facial achatado, e prega palmar única. Além disso, há um risco aumentado de comorbidades, como cardiopatias congênitas e hipotireoidismo. O diagnóstico é frequentemente clínico, confirmado por cariótipo e por sinais de Hall (pelo menos 4): 

  1. Perfil facial achatado;
  2. Reflexo de Moro diminuído;
  3. Hipotonia;
  4. Hiperflexibilidade das articulações; 
  5. Fendas palpebrais oblíquas; 
  6. Pele redundante na nuca;
  7. Displasia da pelve;
  8. Displasia da falange do 5° quirodáctilo;
  9. Orelhas pequenas e arredondadas;
  10. Prega palmar única.

A intervenção precoce com reabilitação, fisioterapia e suporte educacional é crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, já que o número de comorbidades resultante da condição é alto, como cardiopatias, reações leucemoides, policitemia, leucemia, mieloproliferação transitória, entre outras). 

Fonte: DIRETRIZES DE ATENÇÃO À SAÚDE DE PESSOAS COM SÍNDROME DE DOWN – SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA – MARÇO/2020.

Síndrome de Patau 

Caracterizada pela trissomia do cromossomo 13, a síndrome de Patau acomete 1 entre 10 mil nascidos. A letalidade dela pode ser identificada precocemente e dentre os sintomas a principal tríade é a Microftalmia, a Fenda Palatina e a Polidactilia, mas existem outros sintomas (como holoprosencefalia, unhas hipoplásicas e malformações cardíacas).

Fonte: Ramsey, K. Wong, et al. “Monozygotic twins discordant for trisomy 13.” Journal of Perinatology 32.4 (2012): 306-308.

Síndrome de Turner

A Síndrome de Turner é caracterizada pela presença de um único cromossomo X (45,X) e afeta cerca de 1 em 2.500 meninas. As manifestações incluem baixa estatura, pescoço alado e cardiopatias como coarctação da aorta. Embora a inteligência geralmente seja normal, problemas de aprendizado podem ocorrer. O tratamento envolve terapia com hormônio de crescimento para melhorar a estatura e reposição de estrogênio para o desenvolvimento sexual.

Fonte: https://pin.it/6zmkvKT3R 

Síndrome de Klinefelter

A Síndrome de Klinefelter, resultante de um cromossomo X adicional nos homens (47,XXY), ocorre em cerca de 1 em 1.000 homens. Caracteriza-se por alta estatura, testículos pequenos e ginecomastia. Os pacientes podem apresentar dificuldades de aprendizado e problemas comportamentais. O tratamento inclui terapia de reposição de testosterona, que ajuda a desenvolver características sexuais secundárias e melhora a densidade óssea.

Fonte: Smyth, Cynthia M., and William J. Bremner. “Klinefelter syndrome.” Archives of internal medicine 158.12 (1998): 1309-1314.

Síndrome de Edwards

Tipo marcante de trissomias, afeta o cromossomo 13. A Síndrome tem alta letalidade precoce, com muitas crianças não sobrevivendo além do primeiro ano de vida. As características incluem malformações cardíacas, atraso no desenvolvimento e outras anomalias congênitas. O manejo é principalmente de suporte, focando na qualidade de vida. Fenotipicamente, identificamos microcefalia, fissuras palpebrais, nariz hipoplásico, occipício proeminente, fenda palatina, cardiopatias e osso esterno curto, entre outros achados.

Fonte: https://images.app.goo.gl/sNvfkXqfHy5Cu1Jf9

Síndrome de Marfan

A Síndrome de Marfan é uma desordem do tecido conjuntivo autossômica dominante, causada por mutações no gene FBN1. Afeta aproximadamente 1 em 5.000 a 10.000 nascidos vivos. As manifestações incluem alta estatura desproporcional, deformidades esqueléticas, e risco de complicações cardiovasculares como aneurisma de aorta. O manejo envolve monitoramento regular e intervenções cirúrgicas quando necessário.

Fonte: Dean, John. “Marfan syndrome: clinical diagnosis and management.” European Journal of Human Genetics 15.7 (2007): 724-733.

Síndrome de Noonan

A Síndrome de Noonan, uma condição autossômica dominante, é causada por mutações na via RAS-MAPK. Afeta 1 em 1.000 a 2.500 nascidos vivos. Os pacientes apresentam características bem similares à Síndrome de Turner, como baixa estatura, pescoço alado e cardiopatias congênitas. O tratamento é sintomático, incluindo terapia com hormônio de crescimento.

Fonte: Roberts, Amy E., et al. “Noonan syndrome.” The Lancet 381.9863 (2013): 333-342. 

Neurofibromatose Tipo 1

A Neurofibromatose Tipo 1 é uma condição autossômica dominante que afeta 1 em 3.000 nascidos vivos. Caracteriza-se por manchas café com leite, neurofibromas cutâneos e risco aumentado de tumores malignos. O diagnóstico é clínico, baseado em critérios como o número de manchas e presença de nódulos de Lisch. O manejo foca no monitoramento e tratamento das complicações.

Fonte: https://images.app.goo.gl/UxtGx7L1fpQmfquQ9 

X Frágil

A Síndrome do X Frágil é a causa mais comum de deficiência intelectual herdada, resultante da expansão de repetições CGG no gene FMR1. Os pacientes apresentam disfunção cognitiva, espectro autista e características faciais típicas. O manejo envolve suporte educacional e terapias comportamentais.

Mucopolisacaridosis

As mucopolissacaridoses são doenças hereditárias causadas por mutações em enzimas lisossomais. Afetam principalmente o tecido conjuntivo e o sistema nervoso central. As manifestações incluem acometimento intelectual, hepatoesplenomegalia e alterações ósseas. O diagnóstico é feito por testes enzimáticos e o tratamento pode incluir terapia de reposição enzimática.

Síndrome de Prader-Willi

A Síndrome de Prader-Willi é a principal causa genética de obesidade, ocorrendo em 1 em 15.000 nascidos vivos. Caracteriza-se por hipotonia, atraso no desenvolvimento, e hiperfagia. O manejo inclui controle dietético rigoroso e terapia com hormônio de crescimento.

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Kiara Adelino
Kiara Adelino
Estudante do 2º semestre de Medicina. Adoro qualquer atividade que envolva mexer o corpo e aprender coisas novas.
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