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Entenda como funciona a Videolaparoscopia

O que é?

A videolaparoscopia é um tipo de cirurgia que permite ao médico visualizar o interior do abdômen através de uma pequena câmera. Essa câmera é inserida no corpo através de pequenas incisões, permitindo realizar procedimentos cirúrgicos com menor invasão. Essa técnica proporciona melhores resultados para o paciente, já que o corpo dele é menos invadido, além de reduzir a probabilidade de erros e melhorar a proficiência da operação. A ciência do processo de laparoscopia para o médico é fundamental para evoluir profissionalmente e para se adequar às novas demandas do mercado de trabalho.

Pra que serve?

No que tange aos diagnósticos, ela possibilita identificar a causa de dores abdominais, inflamações e outros problemas. Já no tratamento, ela auxilia nos processos de : Remover apêndice, vesícula biliar, hérnias e realizar outras cirurgias. Falando das vantagens dessa técnica, podemos citar:

  • Menos dor: Menos incisões significam menos dor e recuperação mais rápida;
  • Menor tempo de internação: Em muitos casos, você pode voltar para casa no mesmo dia ou no dia seguinte;
  • Menos cicatrizes: As incisões são menores, resultando em cicatrizes menos visíveis.

Pontos importantes!

Antes de explorar como essa técnica funciona, precisamos diferenciá-la de laparotomia!

Laparotomia

  •  A visão é apenas 2D (a da laparoscopia é 3D);
  • O tato é através de pinças;
  • O posicionamento dos profissionais é diferente (estão em constante contato com o paciente); 
  • O pneumoperitônio e suas repercussões não são inflados (na videolaparoscopia é necessário uma cavidade nesta região).

Finalmente, como é feita?

 O primeiro ponto a se realizar é o preparo da cirurgia : 

  • O paciente deve estar devidamente anestesiado e com a roupa adequada para o processo;
  • O rack de vídeo e os instrumentos de acesso devem estar ao alcance do Cirurgião;
  • O gás para o pneumoperitônio deve ser suficiente para o processo inteiro;
  • Os trocanteres devem estar no local correto (meio pelo qual a pinça entra no abdome); 
  • A antissepsia e assepsia devem ser devidamente feitas.

Quais os tipos?

Acesso à cavidade abdominal

Nesse caso, ela pode ser feita por:

  • Acesso Aberto (Hasson).

A dissecação é direta sob visão e as pinças são colocadas na cavidade. Esse método é, teoricamente, mais seguro. 

  • Acesso Fechado (Veress).

Primeiramente, é feita a punção e a insuflação. Deve se escolher um local com menor possibilidade de perfuração de vísceras (como o Ponto de Palmer, o traube, a Cicatriz umbilical, onde também é feito o Hasson, o Ponto de Jain, acima da espinha ilíaca ântero-superior, e o Ponto de Lee, no epigástrio).

Fatores a serem considerados

Para escolher qual o tipo de procedimentos, o paciente e o profissional devem se atentar a tais fatores: 

  • Se o paciente apresenta obesidade (pois há aumento da PIA);
  • Se podemos realizar SDV e SOG para diminuir a PIA;
  • A proficiência do cirurgião, materiais e cirurgias prévias.

Pontos Importantes 

Como esse processo pode ser aplicado em diferentes ocasiões, o MedCof trouxe uma pequena lista de  dicas para cada uma delas para ajudar vocês a entender a videolaparoscopia! Claro que a posição do profissional e do paciente vão variar com  região, mas podemos generalizar alguns casos como:

Colecistite Aguda

  • Proclive – as alças intestinais descem para a pelve, a vesícula fica livre
  • decúbito lateral esquerdo – libera a vesícula das alças

Apendicite Aguda

  • Trendelenburg
  • o decúbito lateral esquerdo 

Hérnia Inguinal 

  • Trendelenburg
  • o decúbito depende do lado da hérnia

 Esôfago e estômago 

  • Proclive
  • Decúbito lateral variável, geralmente esquerdo 

Colon

  • Mudam de posição durante a cirurgia várias vezes a equipe, o paciente e os materiais.

Materiais 

 Gases para insuflação do pneumoperitônio

  • Gás ideal: CO2
  • Cor do cilindro: Cinza 
  • Absorção sistêmica: Limitada
  • Efeito sistêmico: Limitado
  • Excreção e absorção Rápida:
  • Combustível: Não
  • Solúvel: Sim 
  • Fácil de obter: Sim 
  • Barato: Sim
  • Não tóxico: Sim
  • Não embaça a câmera: Sim 

Repercussões do pneumoperitônio

  • Distensão peritoneal: Compressão de estruturas, elevação diafragmática, diminuição do retorno venoso e aumento da resistência vascular periférica. 
  • Cardiovascular: Diminuição do débito cardíaco, diminuição do retorno venoso, aumento da resistência vascular periférica e pulmonar, aumento da pressão venosa central e de oclusão da artéria pulmonar, e hipovolemia.
  • Hepático e renal: Diminuição do fluxo sanguíneo portal, diminuição do clearance de lactato, diminuição do fluxo sanguíneo renal, diminuição do débito urinário e diminuição da taxa de filtração glomerular.
  • Pulmonar: Diminuição da expansibilidade pulmonar, diminuição da PaO2, aumento do shunt intrapulmonar, da pressão de pico e da pressão endotraqueal, diminuição da PaCO2 e aparecimento de atelectasias pulmonares.
  • Sistema nervoso central: Aumento da PIC e diminuição da PPC (pressão de perfusão cerebral). 

Parâmetros de insuflação

  •  Fluxo/Volume: Ideal 3L/min; máximo 5L/min. 
  • PIA normal: 5mmHg; em obesos 9 a 10 mmHg.

Principais usos da Laparoscopia 

  •   Laparoscopia terapêutica;
  •   Laparoscopia diagnóstica;
  •   Toracoscopia;
  •   Mediastinoscopia;
  •    No trauma.

OBS: É uma via de acesso, a técnica não muda.

Contraindicações 

Absolutas

  • Instabilidade hemodinâmica;
  • Trauma crânio encefálico grave (pois aumenta a PIC)

Relativas

  • Doença cardiopulmonar grave;
  • TCE moderado;
  • Cirurgias prévias;
  • Obesidade mórbida;
  • Hipertensão portal;
  • Sem equipe ou material;
  • Proficiência;
  • Gestante? (no 2º trimestre é melhor para realizar, com muito cuidado).

Complicações

  • Punções iatrogênicas:
    • Perfuração de órgãos e alças, sangramentos.
  • Embolia gasosa:
    • Paciente evolui com choque cardiogênico inexplicável;
    • Conduta: *Posição decúbito lateral esquerdo em Trendelenburg (Durant);
      Aspirar gás pelo Cateter Venoso Central.
  • Hiperventilação;
    • Colapso cardiovascular / Sangramento incontrolável;
    • 1ª medida, na dúvida = Desinsuflar pneumoperitônio;
    • Estar sempre preparado para converter a cirurgia para aberta.

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Kiara Adelino
Kiara Adelino
Estudante do 2º semestre de Medicina. Adoro qualquer atividade que envolva mexer o corpo e aprender coisas novas.
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