Enxaqueca: aprenda a identificar e como tratar

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mulher com enxaqueca

Neste post iremos falar sobre tratamentos da cefaleia, popularmente conhecida como enxaqueca.

A cefaleia é a 3ª queixa mais frequente nos ambulatórios de clínica médica. Nos ambulatórios de neurologia, é o motivo mais frequente de consultas. Portanto, é importante que saibamos classificar e tratar as cefaleias.

Fatores precipitantes

  • Estresse emocional.
  • Hormônios femininos.
  • Jejum.
  • Clima.
  • Distúrbios do sono.
  • Cervicalgia.
  • Luzes e odores excessivos.
  • Álcool e fumaça.
  • Alimentação.

Fatores de risco

  • Obesidade.
  • Crises frequentes.
  • Uso excessivo de opioides e cafeína.
  • Eventos estressantes.
  • Depressão.
  • Distúrbios do sono.
  • Alodinia cutânea.

Estágios da crise de enxaqueca

Pródromos ou sintomas premonitórios  — ESTÁGIO 1

O estágio 1 está presente em cerca de 60% dos casos e podem anteceder a dor em até 48 horas. Os sintomas incluem:

  • Alterações de humor.
  • Irritabilidade.
  • Fadiga.
  • Anorexia.
  • Náuseas.
  • Bocejo.
  • Compulsão por alimentos.
  • Dificuldade de concentração e/ou raciocínio.
  • Sono agitado.
  • Avidez por doces.
  • Retenção hídrica.

Aura — ESTÁGIO 2

O estágio 2 ocorre em 20% das crises e é caracterizado por sintomas neurológicos que precedem a dor e duram cerca de 1 horas. Geralmente, cessam quando a cefaleia começa. Dessa forma, os sintomas podem ser:

  • Alterações visuais — mais comum.
    • Fosfenas = sensação luminosa produzida com as pálpebras fechadas, notadamente pela pressão da mão no globo do olho.
    • Escotomas = **diminuição da capacidade de enxergar, sempre rodeados por um campo de visão normal. São manchas que provocam espaços escuros que atrapalham o olhar.
  • Alterações sensitivas, como dormência e parestesias.
  • Alterações motoras (raras).
  • Alterações de linguagem, como leves dificuldades de expressão e disfagia franca.

Cefaleia propriamente dita — ESTÁGIO 3

As crises duram de 4 a 72 horas. Geralmente, são unilaterais e em região frontotemporal. A dor varia de moderada a intensa, podendo ser pulsátil ou latejante e é agravada por atividade física ou movimentação da cabeça. Também, piora com atividades habituais, como caminhar e subir escadas.

Sintomas associados — ESTÁGIO 4

  • Náuseas → mais comum (87%).
  • Vômitos.
  • Fotofobia.
  • Fonofobia.
  • Osmofobia/olfactofobia.

Período de Resolução

Alguns pacientes podem apresentar vômitos ou sonolência.

Sintomas Residuais ou Pósdromo — ESTÁGIO 5

Também chamada de fase de exaustão. Caracterizada pela presença de fadiga, fraqueza, dificuldade de concentração e confusão mental.

Tratamentos não farmacológicos

Os tratamentos não farmacológicos da exaqueca são focados em evitar fatores desencadeantes. Para ajudar a descobrir o que desencadeia as crises, um diário de dor é útil.

Dentre as opções de tratamento, temos:

  • Técnicas de relaxamento, controle de estresse, psicoterapia;
  • Fisioterapia;
  • Manter dieta saudável e balanceada;
  • Evitar álcool e cafeína em excesso.

Tratamento farmacológico abortivo

O tratamento farmacológico abortivo deve ser realizado durante as crises.

TRIPTANOS — drogas de escolha.

  • Agonistas seletivos dos receptores serotonérgicos 5HT1. Causam vasoconstrição preferencial dos vasos cerebrais e meníngeos e podem causar, como efeito adverso: dormência, formigamento, calor, vertigem.
  • Contraindicações:
    • HAS não controlada ou doença coronariana, pois podem causar vasoespasmos.
    • Gestantes *risco de aborto.
MEDICAMENTODOSE BAIXADOSE USUALDOSE ALTA
Eletriptano20mg40mg80mg
Sumatriptano25mg50mg100mg
Rizatriptano5mg10mg20mg
Almotriptano6,25mg12,5mg25mg

DERIVADOS DE ERGOTAMINA — em desuso.

  • Agonistas não seletivos de serotonina, atuando em todos os subtipos de receptores.
  • Ergotamina e di-hidroergotamina — comercialmente chamados de cefaliv e cefalium.

Apresentam os mesmos efeitos adversos dos triptanos. Além de náuseas, vômitos e isquemia de extremidades.

ANALGÉSICOS COMUNS E AINES

MEDICAMENTODOSE
Paracetamol500mg-1g VO
Dipirona1g VO
Diclofenaco100mg VO
Naproxeno500-850mg VO
Cetoprofeno75mg VO

Tratamento farmacológico profilático

PARA QUEM INDICAR?

  • ≥ 3 crises/mês.
  • Grau de incapacidade importante.
  • Falência de medicação de resgate.
  • Subtipos especiais de enxaquecas.
  • Ineficácia da profilaxia não farmacológica.

BLOQUEADORES BETA-ADRENÉRGICOS — tratamento de escolha.

MEDICAMENTODOSE
Propanolol40-240mg/dia em 2-3 tomadas
Atenolol25-150mg/dia em 1-2 tomadas
Metoprolol100-200mg/dia em 1-2 tomadas

Principais contraindicações:

  • Bloqueios atrioventriculares.
  • Asma brônquica.
  • DPOC *contraindicação relativa.

ANTIDEPRESSIVOS

Úteis em casos de enxaqueca associada a sintomas depressivos, insônia, abuso de analgésicos, alta frequência de crises e associação à cefaléia tensional crônica.

MEDICAMENTOSDOSE
Amitriptilina12,5-75mg/dia à noite
Nortriptilina10-75mg/dia à noite

ANTICONVULSIVANTES

MEDICAMENTODOSE
Ácido valproico500-1.500mg/dia em 2-3 tomadas
Divalproato de sódio500-1.500mg/dia em 1-2 tomadas
Topiramato25-200mg/dia

BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO

Dentre os BCC, apenas a flunarizina tem eficácia comprovada. Podemos usar 5 a 10mg/dia em tomada única.

Acompanhamento do paciente em tratamento profilático

Aumentar a dose a cada 2 a 3 semanas até alcançar a dose máxima ou até que os efeitos colaterais impeçam o aumento. Nesses casos, podemos associar a outra medicação, as associações mais comuns são: betabloqueadores + antidepressivos.

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