Os pacientes que apresentam FSSL e mantém um estado geral bom são conduzidos de maneira diferente, através de uma classificação por idade. Leia este texto até o final e saiba mais sobre a doença e o Critério de Rochester.
No post anterior, discutimos que febre sem sinais localizatórios (FSSL) é aquela que ocorre em criança previamente hígida, de até 36 meses de idade, por menos de 7 dias e que a histórica clínica e o exame físico não revelam causa. Também, conversamos sobre a condução de um caso de FSSL + toxemia.
Classificação por idade
FSSL sem toxemia em RN (<30 dias)
Devemos sempre hospitalar os recém-nascidos com FSSL para investigar a presença de sepse. Para isso, coletamos: sangue, urina e LCR. Até termos os resultados das culturas, devemos iniciar antibioticoterapia empírica:
Ampicilina + cefalosporina de 3ªg (cefotaxima ou ceftriaxona).
FSSL sem toxemia em lactente jovem (1 a 3 meses)
Nas crianças de 1 a 3 meses, devemos usar os critérios de Rochester para definir o risco de infecção bacteriana grave (IBG).
Critério de Rochester para avaliação de risco em crianças febris abaixo dos 60 dias
Critérios de baixo risco para infecção bacteriana grave
Critérios clínicos
- Previamente saudável;
- Nascido a termo e sem complicações durante hospitalização no berçário;
- Não tem aparência tóxica;
- Sem evidência de infecção bacteriana ao exame físico;
- Sem doença crônica.
Critério laboratoiais
- Contagem de leucócitos entre 5 e 15 000/mm3;
- Contagem absoluta de bastonetes < 1.500/mm3;
- Microscopia sedimento urinário com contagem ≤ 10 leucócitos/campo.
Consideramos baixo risco quando o paciente preencher TODOS os critérios. Na presença de alto risco, devemos hospitalar o paciente, coletar exames (hemocultura, urocultura, LCR, RX de tórax) e iniciar antibioticoterapia empírica:
Cefalosporina de 3ªg (cefotaxima ou ceftriaxona).
Se estivermos diante da suspeita de meningite, devemos iniciar vancomicina para tratar possível S. pneumoniae resistente à penicilina até obter o resultado dos exames.
FSSL sem toxemia em pacientes de 3 a 36 meses
Na faixa etária de 3 meses a 3 anos, temos maior prevalência de algumas infecções bacterianas importantes:
- Otite média agud
- Sinusite
- Pneumonia
- Enterite
- Infecção do trato urinário (ITU)
- Osteomielite
- Meningite
São considerados fatores de risco de maior probabilidade de bacteremia oculta:
- Temperatura ≥ 39ºC
- Leucometria ≥ 15.000/microL
- Aumento da contagem absoluta de neutrófilos, bastões
- Aumento de VHS e PCR
A conduta de FSSL em crianças de 3 a 36 meses varia de acordo com a febre. Em todos os casos, devemos afastar a hipótese de ITU, através de EAS e urocultura. No caso de pacientes com > 39º C, devemos adicionar alguns exames, como hemograma, hemocultura e provas de fase aguda.
Nossa suspeita de bacteremia oculta é maior na presença de: leucócitos > 20.000/mm³ ou total de neutrófilos > 10.000/mm³ + radiografia de tórax normal.
Em crianças sem vacinação completa para H. influenza, Streptococcus e Neisseria, devemos iniciar antibioticoterapia empírica com cefalosporina de 3ª geração (ceftriaxona 50mg/kg IM) e agendar retorno diário para reavaliação clínica e verificação do andamento da hemocultura. Já as crianças com vacinação completa, devem ser reavaliadas ambulatorialmente, sem necessidade de prescrição de antibiotico empírico.
Abaixo temos um fluxograma do SBP que aborda a condução de casos de FSSL.
Antitérmicos
Antitérmicos só devem ser utilizados na presença de desconforto devido à febre, como irritabilidade, choro, letargia, inapetência e distúrbios do sono.
Em menores de 30 dias, o único antitérmico indicado é o paracetamol com ajuste de acordo com o peso em quilos.
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