Halsted: vida e contribuições cirúrgicas

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William Stewart Halsted nasceu em 1852 em Nova York. Iniciou seus estudos em Boston e posteriormente foi admitido em Yale, quando decidiu não seguir os negócios da família e estudar medicina.

 

Entrou na faculdade de medicina de Nova York em 1874, em um curso de 3 anos de duração, porém quase inteiramente didático, necessitando de atividades extracurriculares como complemento da educação. Após sua formatura no Hospital Bellevue iniciou as observações de cirurgias e, por conta da falta de treinamento adequado, decidiu viajar pela Europa para acompanhar médicos famosos para só então dar início à sua carreira.

 

Modificou a técnica de Lister – de antissepsia nas práticas operatórias; estabeleceu a descontaminação de mãos e instrumentos antes da realização das cirurgias. Realizou a primeira transfusão de sangue de emergência em sua irmã, que teve uma hemorragia após o parto, retirando seu próprio sangue com uma seringa e transferindo para ela – ainda não havia identificação dos grupos ABO na época.

 

Após ler artigos sobre a utilização de cocaína com objetivos anestésicos na oftalmologia, iniciou testes em seus estudantes como substância para anestesia local, porém acabou se viciando na droga, o que afetou drasticamente seu comportamento e trabalho, sendo necessária sua internação como uma tentativa de acabar com o vício, mas acabou se viciando também em morfina.

 

Com o objetivo de ajudar o amigo, o patologista William Welch convidou Halsted para participar da criação de uma escola médica na Universidade Johns Hopkins como um recomeço de sua vida profissional. Nos três primeiros anos Halsted se manteve nos laboratórios, realizando grandes progressos em pesquisas e dando início aos procedimentos cirúrgicos em animais, exigindo que fossem seguidos os mesmos critérios utilizados para cirurgias em seres humanos.

 

Nesse período, internou-se novamente para tratar mais uma vez seu vício e após seu tratamento foi convidado a ser o cirurgião-chefe da instituição que havia trabalhado nesses últimos anos. Criou, assim, a primeira residência médica em cirurgia, estipulando critérios rigorosos para total imersão da prática cirúrgica, sendo exigido que os homens não fossem casados e estivessem totalmente disponíveis a cada minuto do dia, todos os dias na semana, além de não haver um período determinado para finalização da imersão, sendo este definido através de uma avaliação que seria feita pelos professores.

 

Halsted introduziu diversas novas operações, como a mastectomia radical para câncer de mama e uma das primeiras operações de bexiga na América – realizada em sua própria mãe.

 

mastectomia halsted
Ilustrações de William S. Halsted representando a técnica de mastectomia radical. (A) Incisão na pele com retalho triangular de gordura. (B) Demonstração da mastectomia antes da amputação final.

 

Em 1922, aos 70 anos, Dr. Halsted faleceu vítima de pneumonia e os obituários deram ênfase às suas técnicas vanguardistas de educação cirúrgica e seu fundamental papel na fundação do Hospital John Hopkins, deixando seus vícios em segundo plano.

 

 

 

 

 

Referências bibliográficas:
CAVALCANTE, Francisco Pimentel. Halsted antes da fama. Mastologia News – Publicação oficial da Sociedade Brasileira de Mastologia – Número 20 – Dezembro de 2016 – p. 10 – 13.
PINCELLI, Renato. Breve história do pó: o fim da carreira. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/hypercubic/2014/11/breve-histria-do-p-o-fim-da-carreira/
VARELLA, Drauzio. A cirurgia e o câncer. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/a-cirurgia-e-o-cancer-artigo/
Freeman, Matthew & Gopman, Jared & Salzberg, C.. (2018). The evolution of mastectomy surgical technique: From mutilation to medicine. Gland Surgery. 7. 308-315. 10.21037/gs.2017.09.07.

 

 

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