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sexta-feira, 18 outubro
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Identificação da Hemoptise na Clínica Médica 

A hemoptise é um sangramento proveniente de via aérea baixa (traqueia ou brônquios) que pode ser caracterizada como de vulto (grande monta) ou hemoptoica (secreção com raios de sangue).  Ela se diferencia de bronquiectasia pois, nessa última, há sangramento proveniente das artérias brônquicas dilatadas.

Tipos

Hemoptise volumosa

Também chamada de maciça, a hemoptise volumosa é definida objetivamente por sangramento >600 mL em 24h. Nesse tipo, há risco de “inundação” da via aérea do paciente (via aérea comprometida). Devemos, por isso, considerar cometimentos de ramos da aorta diante de sangramentos importantes.

Hemoptise não volumosa

Diferentemente do outro tipo, o volume de sangue não ultrapassa 600 mL em um dia, mas ainda assim devemos observar se o volume pode evoluir.

Diferenças da Hemoptise e Hematêmese

Como vimos, a hemoptise ocorre quando há explosões sanguíneas ou sanguinolentas através da tosse, diferentemente da hematêmese, na qual há vômito com sangue de origem do sistema gastro-intestinal. O diagnóstico da hemoptise, além dos exames físicos e sintomatologia do paciente, pode ocorrer por broncoscopia. Já o diagnóstico da hematêmese inclui a confirmação endoscópica. 

Fonte: Acervo Pinterest

Cuidados a tomar

  • 1° passo: a primeira conduta a tomar é a proteção da via aérea, com possível intubação seletiva;
  • 2° passo: nesse momento, precisamos localizar o sangramento. Se ele for estável, é preciso sempre realizar TC antes da broncoscopia para localizar aproximadamente o local de sangramento (a broncoscopia auxilia na intubação seletiva do brônquio saudável para evitar a sua inundação);
  • 3° passo: A partir de então, podemos realizar o tratamento tópico (broncoscopia terapêutica flexível ou rígida + aspiração do conteúdo hemático). Além disso,  realizamos instilação de solução com adrenalina, solução salina gelada e plasma de argônio (similar a eletrocautério para tentativa de contenção do sangramento). 

Se as tentativas locais falharem ou não forem viáveis, devemos realizar a embolização das artérias brônquicas, para conter o sangramento emergencial (servindo como ponte para a cirurgia de ressecção). Sobretudo, é importante evitar levar o paciente para a ressecção cirúrgica em vigência de sangramento devido à maior morbimortalidade.  

Cirurgias e complicações 

A ressecção cirúrgica e o tratamento definitivo, sempre que possível deve ser eletivo. Quando realizado em vigência de sangramento volumoso, há cerca de 50% de mortalidade devido a inundação pulmonar. Por isso, para evitar a inundação, o paciente deve ser posicionado em decúbito ventral horizontal, a fim de que evite escorrer o sangue para o pulmão sadio contralateral ou utilizar tubos seletivos (mais utilizados, mas não podem ser mantidos por mais do que 24h para não causar necrose da parede brônquica).

Fonte: Acervo de aulas do Grupo MedCof

Algumas condições podem dificultar a cirurgia, realizada por toracotomia ou cirurgia robótica,  como: 

  •  Aderências pleuropulmonares;
  • Cavidade pleural residual;
  • Drenagem anterior ou posterior;
  • Bloqueio de nervo frênico;
  • Toracoplastia e mioplastia.
Cavidade pleural residual. Fonte: www.radiopaedia.org
Toracoplastia. Fonte: www.radiopaedia.org

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Kiara Adelino
Kiara Adelino
Estudante do 2º semestre de Medicina. Adoro qualquer atividade que envolva mexer o corpo e aprender coisas novas.
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