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quinta-feira, 30 janeiro
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Interpretação da Espirometria: ferramenta para análise pneumática do paciente

A espirometria é uma ferramenta fundamental na prática clínica pneumológica, oferecendo insights valiosos sobre a função pulmonar. Com os novos casos de Metapneumovírus, as síndromes respiratórias voltaram a atenção das mídias, por isso são temas importantes para as próximas provas de residência médica. Então, vamos relembrar os aspectos essenciais da interpretação e aplicação clínica da espirometria.

Fundamentos Fisiológicos

Antes de mergulharmos nos detalhes técnicos, é crucial compreender a base fisiológica por trás da espirometria. A segmentação brônquica, desde a traqueia até os sacos alveolares, resulta em diferentes calibres de vias aéreas, influenciando diretamente os fluxos e resistências aéreas. A espirometria captura a resultante dessas variações, fornecendo uma visão global da função pulmonar.

Fonte: Acervo de Aulas do Grupo MedCof.

Volumes e Capacidades Pulmonares

Essas medidas são nomeadas conforme alguns critérios: 

  • Volume Corrente (VC): Volume de ar movimentado durante a respiração tranquila.
  • Capacidade Pulmonar Total (CPT): Volume máximo de ar nos pulmões após inspiração profunda.
  • Volume Residual (VR): Volume de ar que permanece nos pulmões após expiração máxima.
  • Capacidade Vital (CV): Diferença entre CPT e VR, representando o volume máximo que pode ser mobilizado.
Fonte: Acervo de Aulas do Grupo MedCof.

Técnica e Interpretação da Espirometria

Morfologia da Curva

A análise da morfologia da curva é o primeiro passo crucial na interpretação da espirometria. Uma curva aceitável deve apresentar:

  • Pico bem definido na alça expiratória
  • Formato elíptico na alça inspiratória
  • Ausência de artefatos (tosse, fechamento precoce da glote)

Os tipos de curva são classificados de A a H, onde A é a chuva típica fluxo-volume e as demais implicam erros técnicos. A curva B configura atraso no sopro; a curva C e D apresentam volume subótimo, ou seja, volume reto extrapolar; a curva E evidência término abrupto do fluxo; a curva F tem presença de serrilhado, que causa variação do fluxo aéreo; a curva G tem expiração abrupta; a curva H tem inflexão da curva, representando alteração no esforço respiratório.

Fonte: Acervo de Aulas do Grupo MedCof 

Parâmetros Essenciais

  • CVF (Capacidade Vital Forçada): Ideal > 10s, aceitável > 6s
  • VEF1 (Volume Expiratório Forçado no 1º segundo)
  • VEF1/CVF: Relação crucial para identificar obstrução

Critérios de Normalidade

  • VEF1: > 80% do previsto ou acima do LIN (Limite Inferior da Normalidade)
  • CVF: > 80% do previsto ou acima do LIN
  • VEF1/CVF: > 0,70 ou acima do LIN

Padrões de Distúrbios Ventilatórios

Quando os padrões não são respeitados, podemos identificar alguns distúrbios conforme a maneira e intensidade da irregularidade. Dentre eles temos: Distúrbio Ventilatório Obstrutivo,  Distúrbio Ventilatório Restritivo, Distúrbio Ventilatório Inespecífico e Distúrbio Ventilatório Misto/Combinado.

Distúrbio Ventilatório Obstrutivo (DVO)

Os padrões encontrados nesse tipo são: 

  • VEF1/CVF < 0,70 ou LIN
  • VEF1 < 80% do previsto
  • CVF pode estar normal ou reduzida

Gravidade do DVO também pode ser nivelada conforme a intensidade dos padrões encontrados:

  • Leve: VEF1 60-80% do previsto
  • Moderado: VEF1 40-60% do previsto
  • Grave: VEF1 < 40% do previsto

Distúrbio Ventilatório Restritivo (DVR)

Os padrões encontrados são: 

  • VEF1/CVF normal ou aumentada
  • CVF reduzida (< 50% do previsto ou 51-65% com alta probabilidade clínica)
  • VEF1 reduzido proporcionalmente à CVF

Distúrbio Ventilatório Misto (DVM)

Combina características de DVO e DVR. Uma dica valiosa é calcular a diferença entre %CVF e %VEF1:

  • ≥ 25 pontos percentuais: provável hiperinsuflação associada
  • 13-25 pontos percentuais: mecanismo de redução incerto
  • < 12 pontos percentuais: provável restrição verdadeira

Distúrbio Ventilatório Inespecífico (DVI)

Nesse tipo encontramos:

  • VEF1/CVF normal
  • CVF e VEF1 reduzidos proporcionalmente
  • CVF entre 50% e 80% do previsto

Ponto chave: Prova Broncodilatadora

Essencial para avaliar a reversibilidade da obstrução e diferenciar condições como asma e DPOC.

Critérios para resposta positiva são:

  • Aumento do VEF1 ou CVF ≥ 200ml E ≥ 12% do valor absoluto pré-broncodilatador

Aplicações Clínicas

Asma

Tipicamente apresenta DVO com resposta broncodilatadora positiva. Nesse caso, a espirometria pode ser normal em períodos assintomáticos.

DPOC

DVO geralmente sem resposta broncodilatadora significativa. Importante notar que até 40% dos pacientes com DPOC podem apresentar resposta broncodilatadora positiva.

Doenças Restritivas

Suspeitar de DVR em casos de:

  • Doenças pulmonares intersticiais
  • Deformidades da caixa torácica
  • Derrame pleural
  • Doenças neuromusculares
  • Obesidade mórbida

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Kiara Adelino
Kiara Adelino
Estudante do 2º semestre de Medicina. Adoro qualquer atividade que envolva mexer o corpo e aprender coisas novas.
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