A perda gestacional recorrente é uma condição que afeta muitos casais em todo o mundo, trazendo consigo angústia e preocupação.
Resumo
A European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE) lançou recentemente uma nova diretriz sobre a perda gestacional recorrente, que visa fornecer orientações atualizadas e baseadas em evidências para o diagnóstico e tratamento dessa condição.
Então não perca este post, discutiremos alguns dos principais tópicos abordados por essa nova guideline!
Definição de perda gestacional recorrente
A perda gestacional é a interrupção espontânea de uma gravidez antes de 24 semanas de gestação. Sendo assim, quando ocorrem duas ou mais perdas consecutivas, caracteriza-se a perda gestacional recorrente.
Fatores de Risco
A idade materna avançada (especialmente acima de 40 anos) está entre os principais fatores de risco, junto com histórico prévio de perda gestacional.
Além disso, podemos citar também alterações estruturais uterinas e síndromes genéticas, trombofilias e alterações imunlógicas como outros fatores de risco identificados.
Modificáveis
Dentre os fatores de risco comportamentais modificáveis tem-se:
- Tabagismo;
- Sobrepeso/Obesidade;
- Etilismo do casal (lembre-se que não só a mulher deve fazer parte da investigação).
Investigação da perda gestacional recorrente
Em primeiro lugar, a investigação da perda gestacional recorrente é fundamental para identificar as possíveis causas subjacentes e orientar o tratamento adequado. Dessa forma, a nova guideline da ESHRE destaca a importância de uma abordagem abrangente e individualizada durante a investigação. Alguns dos aspectos-chave a serem considerados incluem:
- Avaliação genética: testes genéticos podem ser realizados para identificar possíveis anomalias cromossômicas nos pais, não se recomenda a investigação do concepto de uma perda gestacional.
- Avaliação da anatomia uterina: exames de imagem, como a ultrassonografia 3d, histerossonografia ou a ressonância magnética, são uma possibilidade para avaliar a estrutura do útero em busca de anomalias que possam comprometer a implantação e o desenvolvimento adequado do embrião.
- Testes de trombofilias: distúrbios de coagulação sanguínea, como a síndrome do anticorpo antifosfolipídeo, podem aumentar o risco de perda gestacional recorrente. O screening para trombofilias hereditárias quando a mulher apresenta outros fatores de risco para trombofilias, ou após duas perdas gestacionais (dosar anticorpos antifosfolípides e considerar dosar antiB2 glicoproteína)
- Avaliação hormonal e imunológica: desequilíbrios hormonais e alterações no sistema imunológico podem desempenhar um papel na perda gestacional recorrente. Testes laboratoriais podem ser realizados para investigar essas possíveis causas, como FAN, TSH, T4L). Não se recomenda rastrear Síndrome de Ovários Policísticos, de prolactina ou de hormônios androgênicos.
- Investigação masculina: investigação sobre atos nocivos, como uso de álcool e outras drogas. Assim, uma consideração é a análise do DNA espermático.
Tratamento da perda gestacional recorrente
O tratamento da perda gestacional recorrente é complexo e varia de acordo com as causas identificadas durante a investigação. Por isso a abordagem terapêutica deve ser individualizada e adaptada a cada caso específico.
Alteração genética
Recomenda-se aconselhamento genético e oferecimento de terapias alternativas para viabilizar a gestação.
Trombofilias
No caso de trombofilias hereditárias, não há a necessidade de tratamento a não ser que a indicação seja outra.
Mulheres com o Anticorpo Antifosfolípide POSITIVO + ≥ Três Perdas gestacionais devem ser tratadas com AAS (ácido acetilsalicílico) na dose de 75-100mg/dia iniciado antes da concepção, e doses de Heparina profilática após o beta-HCG positivo.
Alterações metabólicas e endocrinológicas
Nesses casos uma indicação é a suplementação prévia com vitamina D. Quando identificado hipotireoidismos, o tratamento com levotiroxina está bem indicado, entretanto, a guideline afirma que não há evidências científicas suficientes para considerar o tratamento para hipotiroidismo subclínico.
Não se recomenda o uso de progesterona ou metformina em mulheres com perda gestacional recorrente o uso de antioxidantes para fator masculino.
Alteração morfológica uterina
Em casos de anomalias uterinas identificadas, intervenções cirúrgicas, como a ressecção de pólipos ou a correção de septos uterinos, podem ser necessárias para melhorar as condições do útero e aumentar as chances de uma gestação bem-sucedida.
Perda gestacional frequente sem causa aparente
Por fim, a guideline traz alguns estudos sobre o uso de repetidas e altas doses de imunoglobulina humana do tipo IgG, mostrando que pode melhorar a taxa de nascidos vivos em mulheres com mais de 4 perdas e quando usadas no início da gestação.
A administração de progesterona, via vaginal, pode melhorar a taxa de nascidos vivos em mulheres com mais de três perdas e sangramento vaginal na gestação anterior.
Não é recomendado o uso de heparina e/ou ácido acetilsalicílico, sem a identificação prévia de alguma trombofilia.
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