Populações Especiais: como garantir um bom atendimento em casos de traumas 

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O que são populações especiais?

O atendimento ao trauma é um dos pilares da emergência médica, exigindo rapidez, precisão e um conhecimento aprofundado das particularidades de cada paciente. No entanto, quando se trata de populações especiais, como idosos, crianças e gestantes, o desafio se intensifica. Esses grupos possuem demandas específicas às suas condições corporais, por isso conhecer cada particularidade é fundamental para um apoio médico eficaz em traumas.  

(Imagem: Pinterest)

O atendimento ao trauma é um dos pilares da emergência médica, exigindo rapidez, precisão e um conhecimento aprofundado das particularidades de cada paciente. No entanto, quando se trata de populações especiais, como idosos, crianças e gestantes, o desafio se intensifica. Esses grupos possuem demandas específicas às suas condições corporais, por isso conhecer cada particularidade é fundamental para um apoio médico eficaz em traumas.  

Trauma Geriátrico

O trauma em idosos apresenta desafios únicos devido às alterações fisiológicas do envelhecimento, comorbidades preexistentes e o uso contínuo de medicamentos que podem afetar tanto os achados clínicos quanto às condutas necessárias.

Mecanismos de Trauma Comuns

  • Quedas: principal causa de trauma em idosos.
  • Acidentes Automobilísticos: devido à diminuição da capacidade de resposta e reflexos.
  • Violência: infelizmente, uma realidade crescente.

Especificidades 

O corpo idoso sofre alterações fisiológicas, como redução da reserva respiratória, diminuição da capacidade de resposta cardiovascular e maior suscetibilidade à hipotermia. Além disso, algumas comorbidades são muito frequentes, sendo elas: hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca, arritmias e doenças neurológicas são comuns.

Quando falamos do público idoso, o uso de medicamentos orientados por médicos pode ser de uso diário. Alguns idosos usam de antiagregantes, anticoagulantes e betabloqueadores, o que aumenta o risco de sangramentos e dificulta a resposta ao choque.

Manejo de Trauma Geriátrico

O tratamento segue o ABCDE do trauma, mas com atenção redobrada às particularidades dos idosos.

  1. A (Via Aérea e Coluna Cervical)

 Rigidez cervical e mandibular, uso de dentaduras podem dificultar o manejo da via aérea. Doses menores para intubação são recomendadas devido ao risco de rebaixamento do nível de consciência

  1. B (Respiração e Ventilação)

 Reserva respiratória diminuída e DPOC associada aumentam o risco de broncoaspiração e dificultam a troca gasosa. Fraturas de costela simples podem causar contusão pulmonar grave e pneumonia.

  1. C (Circulação)

 Uso de antiagregantes e anticoagulantes aumenta o risco de sangramentos. Comorbidades como hipertensão e insuficiência cardíaca dificultam a resposta ao choque com taquicardia e hipotensão.

  1. D e E (Déficit Neurológico e Exposição)

 Alto risco de delirium e maior suscetibilidade à hipotermia devido à desnutrição e menor gordura subcutânea.

Trauma Pediátrico

O trauma pediátrico é a principal causa de morte e morbidade na infância, exigindo uma abordagem diferenciada devido às particularidades anatômicas e fisiológicas das crianças.

Especificidades 

  • Hipóxia e Hipoventilação: cinco vezes mais comuns em crianças.
  • Estrutura Corporal Frágil: maior vulnerabilidade a lesões.
  • Vias Aéreas: crânio proporcionalmente maior, via aérea mais anteriorizada e traqueia mais curta.
  • Caixa Torácica: mais complacente, com menor proteção óssea.

Manejo de Trauma Pediátrico

  1. A (Via Aérea e Coluna Cervical)

 Cricotireoidostomia cirúrgica só é recomendada em maiores de 12 anos. Além disso, precisamos evitar a rotação de 180 graus da cânula de Guedel para não machucar o palato e a intubação nasotraqueal é contraindicada.

  1. B (Respiração e Ventilação)

 Fraturas de costela em crianças indicam traumas de altíssima energia ou maus tratos. A frequência respiratória aumentada torna as crianças menos tolerantes à hipóxia.

  1. C (Circulação)

A regra prática para a pressão arterial sistólica (PAS) é 90 + 2x a idade. A hipotensão é um sinal tardio, precedida por taquicardia e palidez. Ademais, o acesso intraósseo é a melhor segunda opção para não especialistas.

  1. D e E (Déficit Neurológico e Exposição)

Suscetibilidade à hipotermia devido ao metabolismo acelerado e o abaulamento de fontanelas pode indicar lesões expansivas.

Trauma na Gestante: Duplo Desafio

O trauma na gestante representa um duplo desafio, pois exige o cuidado com a mãe e o feto. Essa condição merece muita atenção, pois é a principal causa de morte não obstétrica na gestação.

Mecanismos de Trauma Comuns

  • Acidentes Automobilísticos: principal causa.
  • Quedas: aumento do risco devido às alterações do centro de gravidade.
  • Violência Doméstica: uma triste realidade.

Especificidades 

O corpo gravídico apresenta algumas alterações fisiológicas, como hipocapnia comum (PaCO2 > 35 mmHg pode indicar falência respiratória), compressão da veia cava pelo útero e diminuição do retorno venoso. O sofrimento fetal é o sinal mais sensível de choque hipovolêmico materno!

Manejo do Trauma na Gestante

  1. A (Via Aérea e Coluna Cervical)

Sem particularidades.

  1. B (Respiração e Ventilação)

Monitorar a PaCO2, pois a hipocapnia é comum.

  1. C (Circulação)

Colocar a paciente em decúbito lateral esquerdo ou mobilizar o útero manualmente para evitar a compressão da veia cava. Evitar vasopressores.

  1. D e E (Trauma Abdominal)

 A posição do útero e dos intestinos varia conforme a idade gestacional, dificultando a avaliação de peritonite. Risco de embolia amniótica e coagulação intravascular disseminada.

Considerações Adicionais

No caso das gestantes, a cardiotocografia deve ser contínua, pois ela é essencial para monitorar o bem-estar fetal. Alguns exames podem ser feitos conforme a suspeita clínica, independentemente do risco fetal.

Ainda mais especificamente para as Gestantes Rh-, há  risco de aloimunização feto-materna. Por isso, devemos administrar imunoglobulina anti-Rh se > 11 semanas de gestação.

Por fim, podemos falar da cesariana de urgência, considerada em casos de instabilidade materna ou sofrimento fetal (com feto > 22/23 semanas).

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