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sexta-feira, 22 novembro
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Processos de Cicatrização na Prova de Residência Médica

Texto escrito por Kiara Adelino, estudante de medicina Facisc Quixeramobim

O entendimento desse processo é sumário principalmente nas residências de Dermatologia e Cirurgia, por isso os médicos interessados em se formar nessa área devem dominar tal assunto. Sendo um processo complexo, que envolve inúmeras células e compostos orgânicos, consiste em reestruturar tecidos corporais, por meio de uma coordenada cascata de eventos. Didaticamente, é dividido em 3 fases: inflamatória, proliferativa (ou granular) e remodelação (ou maturação).

Diferentes tipos de feridas

O início do processo, a velocidade e o resultado dependem primariamente, do tipo da ferida, sendo eles: incisivas (ou cortantes), provocadas por objeto afiados e com bordas regulares e pouco profunda;  cortocontusas, com bordas irregulares e contusões nos tecidos próximos; perfurantes, causadas por instrumentos longos e fino e resulta em ferimento cutâneo puntiforme ou linear; escoriações, causada por atrito e comumente contém partículas de corpos estranhos; laceração, sofre gravetação ou pressão e resulta em ferimentos irregulares e mais profundos que as escoriações; avulsão, que ocorre  quando parte o corpo é parcialmente ou totalmente arrancada.

Limpeza

Uma limpeza devida da ferida, com avaliação, irrigação abundante, assepsia e curativo apropriado são primordiais para que o organismo possa recuperar totalmente o tecido lesado.

Composição Orgânica

 É válido ressaltar que o colágeno é a proteína mais abundante do corpo e, também, o principal componente da matriz extracelular dos tecidos. Por isso, podemos destacar que o tecido cicatricial possui resultado da síntese, fixação e degradação do colágeno. A lesão tecidual coloca elementos sanguíneos em contato com o colágeno e outras substâncias da matriz extracelular, provocando desgranulação de plaquetas e ativação da cascata de coagulação e do complemento (enzimas que ajudam na defesa contra infecções). Com isso, há liberação de vários mediadores vasoativos e quimiotáticos que conduzem o processo cicatricial mediante atração de células inflamatórias para a região ferida. Esse processo é dividido em 3 fases: 

Inflamatória 

Iniciada no exato momento da lesão e dura cerca de 3 dias, se não houver infecções e o organismo estiver saudável. Imediatamente, o corpo tenta fazer a hemostasia com a contração dos pequenos vasos próximos. Assim, há agregação plaquetária, ativação da cascata de coagulação e formação de matriz de fibrina, que age como barreira para impedir a contaminação. Os sinais de inflamação são rubor, calor, edema e dor. Os mastócitos desgranulados liberam fatores de crescimento, quimiocinas, citocinas, histamina e outros mediadores permeáveis.

Proliferativa 

Dessa forma, formada por angiogênese, reepitelização, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. Se estende do quarto dia ao termino da segunda semana. Também formada pela formação de tecido de granulação e é o marco inicial da formação da cicatriz. Os fibroblastos e as células endoteliais são as principais células envolvidas. Uma característica importante dessa fase é a formação de novos vasos sanguíneos, o que dá aporte de nutrientes necessários e aumento de células para o local. Assim, durante as primeiras 36 horas há proliferação de células do epitélio. Células de queratinócitos, células epiteliais e células tronco epiteliais aproximam as bordas e induzem a neoepitelização. Depois do desbridamento (remoção do tecido necrótico), mediadores liberados por macrofagos intensificam a ativação dos fibroblastos. A última etapa é a formação de tecido de granulação, formando um tecido de aparência vermelha e com muitos vasos imaturos (que sangram facilmente).

Maturação 

Caracterizada pela deposição organizada de colágeno. É a fase de maior importância clínica, pois é quando a ferida recebe maior suporte orgânico.  Essa fase pode durar até um ano e ocorre um aumento na resistência da ferida, sem aumento na quantidade de colágeno, apenas com remodelamento das fibras da proteína. O colágeno tipo III (produzido inicialmente) que é mais fino, tem substituição por um mais espesso direcionado ao longo das linhas de tensão aumentando a força tênsil da lesão. A boa cicatrização depende do equilíbrio da quebra da matriz antiga e deposição da nova matriz, através da ação de colagenoses e leucócitos. Após o fim desse processo, essas células sofrem apoptose. Se elas não forem destruídas, vai haver maior síntese de matriz e contração da lesão, causando quelóides (cicatrizes que ultrapassam os limites da incisão). Com o fim da neoangiogênese, há repigmentação, pois os melanócitos começam a proliferar, fechando o ciclo de cicatrização. 

Tipos de cicatrização

Primeira intenção

Quando há ferimento limpo , com bordas aproximadas pouca perda de tecido, edema mínimo, sem infecção ou corpo estranho. A recuperação é rápida, com fechamento total em  horas tipo de cicatrização cirúrgica.

Segunda intenção

Ferimento potencialmente contaminado ou infectado, com bordas distantes ou em pacientes com certas doenças crônicas. A fase inflamatória é bastante evidente, que necessita de mais tecido de granulação, além de epitelização visível.  Demanda maior tempo de fechamento e aspecto menos estético. 

Fatores que afetam

Existem fatores  sistêmicos e locais que podem interferir nesse processo. Os sistêmicos podem ser pontuados por estado nutricional, medicamentos e radioterapia, idade, hiperatividade e doenças do paciente. Já os locais podem ser a localização da ferida, possíveis infecções e existência de corpo estranho. 

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