A propedêutica dermatológica se diferencia da semiologia geral por sua abordagem específica. Em dermatologia, o exame físico do paciente é prioritário e orienta a anamnese, ao contrário do que ocorre em outras especialidades. Primeiramente, deve-se realizar o exame das lesões e identificar sintomas subjetivos para então conduzir a anamnese.
Nesse sentido, a importância da morfologia das lesões é crucial para o diagnóstico dermatológico, tornando essencial a inspeção e palpação das lesões, além de manobras complementares como a digito-pressão e a avaliação de edema. A história clínica deve detalhar a localização, duração, sintomas e tratamentos anteriores das lesões, bem como antecedentes pessoais e familiares, com especial atenção para dermatoses profissionais e alérgicas (dermatites de contato, urticárias, dermatite atópica, etc.).
O exame subjetivo foca nos sintomas que o paciente associa às lesões, sendo o prurido um dado muito relevante. Sendo assim, é necessário avaliar fatores desencadeantes, evolução, periodicidade e intensidade do prurido, além de outros sintomas como dor, ardor e alterações sensoriais. Este enfoque detalhado é fundamental para uma abordagem diagnóstica eficaz em dermatologia.
Exame dermatológico
Inspeção geral da pele
Para realizar uma inspeção dermatológica eficaz, o ambiente deve ter boa iluminação e o exame deve ser minucioso e abranger toda a superfície corporal, incluindo cabelos, unhas e mucosas, considerando a busca por lesões não mencionadas pelo paciente.
A avaliação deve considerar as seguintes características:
Tipo de pele:
- Eudérmica: pele normal;
- Xerósica: pele ressecada, espessa, com tendência à descamação, prurido e fissuras; mais comum em idosos.
- Seborreica: pele oleosa devido à secreção excessiva de sebo; mais comum na puberdade.
Fácies:
- Traços característicos observados no rosto do paciente, que podem sugerir doenças específicas.
Coloração:
- A cor da pele é influenciada pela melanina e pelo plexo vascular. Alterações patológicas são mais facilmente detectadas em pele clara, enquanto podem ser mascaradas em pele escura, dificultando o diagnóstico.
Palpação geral da pele
Nesta etapa, deve-se avaliar:
Elasticidade:
Avaliada pelo pinçamento da pele para verificar sua capacidade de estender-se e retornar à condição inicial. A pele pode ser:
- Normal
- Hipoelástica: observada em idosos, desnutridos, desidratados e em abdome de multíparas.
- Hiperelástica: encontrada na síndrome de Ehlers-Danlos, onde a pele distende-se 2 a 3 vezes mais que o normal.
Presença de edema
Linfonodos
Devem ser palpados em todas as cadeias para avaliar características como tamanho, número, consistência, forma, sensibilidade local, mobilidade, coalescência, fistulização e estado da pele ao redor.
Abaulamentos ou retrações: devem ser palpados, pois podem indicar processos neoplásicos.
Exame das lesões principais
Uma vez achada a lesão, é necessário realizar o exame específico para caracterizá-las., seguindo os seguintes passos:
Inspeção
- Número;
- Distribuição: localizadas ou disseminadas;
- Forma: classificar em simétricas ou assimétricas e se são monomorfas ou polimorfas. Em alguns casos, as lesões possuem formas específicas, podendo ser: anulares, numulares, circinadas, policíclicas, arciforme ou reniforme, discóides, figuradas, geográficas, serpiginosas, corimbiformes, gutatas, em íris ou em alvo, lineares, em placas, puntiformes, zosteriformes, lenticulares, foliáceas, fungoides, miliares, giratas, poligonais, umbilicadas, pedunculadas, sésseis, acuminadas, cribiformes;
- Tamanho: descrito em centímetros;
- Coloração
- Contornos: regulares ou irregulares;
- Limites: precisos ou imprecisos;
- Superfície.
Palpação
- Consistência: classificar como endurecida, cística ou fibroelástica;
- Temperatura;
- Textura: normal, áspera, lisa ou fina;
- Espessura: normal, hipertrófica ou atrófica;
- Profundidade;
- Dor;
- Umidade: normal, aumentada ou diminuída;
Mobilidade: normal, aumentada, diminuída ou ausente.
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