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Relembre detalhes da Síndrome de Fournier

O que é a Síndrome de Fournier

A Síndrome de Fournier é uma infecção necrotizante de partes moles. Ela acomete fáscia, músculo, pele e subcutâneo, causando destruição e necrose progressivas. Inicialmente descrita como uma fascite de períneo, em homens. Ou seja, é uma  infecção perineal acompanhada de necrose das fáscias.

Seus fatores de risco são: idade, imunossupressão, diabetes, doenças oncológicas, obesidade e desnutrição.

Diagnóstico 

O diagnóstico é difícil e geralmente mais tardio, pois é uma infecção profunda que demora para dar sintomas aparentes. Quando apresenta sintomas, veremos um quadro clínico agudo e de rápida evolução. Inicialmente uma lesão com dor, eritema, sinais flogísticos e febre. Evolui rapidamente para isquemia, necrose, secreção purulenta e sepse. O diagnóstico é clínico, com exame físico.Os exames laboratoriais vão ser usados para estratificar a gravidade e os exames de imagem podem ser usados para diagnóstico diferencial e para estimar a profundidade da lesão, desde que, não atrasem o tratamento cirúrgico em questão.

Tratamento

O tratamento é cirúrgico, de urgência. Vamos associar ao tratamento o uso de antibióticos de amplo espectro, cobrindo Gram +, Gram – e anaeróbios (Ceftriaxone e Clindamicina são uma boa pedida inicial). Hidratação endovenosa, analgesia, sondagem vesical de demora, tratamento para sepse. A cirurgia é a prioridade absoluta. Precisamos desbridar todos os tecidos desvitalizados e necrosados, removendo os focos infecciosos. Vamos realizar curativos e reabordagens programadas. O paciente será submetido a mais de um procedimento cirúrgico. Se o  fechamento primário não der certo, as suturas vão isquemiar ou reinfeccionar  o tecido já frágil. No intraoperatório, precisamos avaliar a necessidade de derivação do trânsito intestinal.

Condições especiais

Vamos indicar colostomia em pacientes com síndrome de Fournier que se apresentem com acometimento perianal intenso e complexo, em que o tônus do esfíncter retal esteja prejudicado e que os cuidados de higiene local sejam difíceis ou impossíveis. Alguns pacientes podem ser manejados com limpezas e trocas diárias, ou mantém o tônus e conseguem controlar as evacuações. Ou até podemos usar equipamentos como o Flex-seal (uma sonda retal que funciona como um esvaziador das fezes, protegendo a região perianal). E atenção. A colostomia nos pacientes com Síndrome de Fournier vai ser em alça. Não tem razão nenhuma em se fazer uma colostomia terminal nestes pacientes. O tratamento  se dá por etapas na síndrome de Fournier (desbridamento inicial, reoperações para limpeza, uso de curativo a vácuo, fechamento parcial, fechamento final com retalhos).

Mas e agora?

Bom, agora já lembramos um resumão sobre essa síndrome,  vamos testar nossos conhecimentos com algumas questões!

SUS-SP 2023

  1.  Acerca da síndrome de Fournier, assinale a alternativa incorreta:

a) Trata-se de uma infecção perineal acompanhada de necrose das fáscias de Buck, Scarpa e Colles.
b) O tratamento envolve desbridamento cirúrgico e antibioticoterapia de largo espectro.
c) É obrigatória a confecção de colostomia terminal ou em alça para desvio de trânsito intestinal.
d)Essa síndrome normalmente acomete pacientes com algum grau de comprometimento imunológico.
e)Exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico, mas não devem retardar o procedimento operatório, uma vez que tais pacientes podem desenvolver rapidamente choque séptico.

Comentário:

A – INCORRETA – Correto. Síndrome de Fournier = Fasceíte necrotizante de períneo.

B – INCORRETA –Correto. Indicação de cirurgia de urgência, com desbridamento dos tecidos infectados e necrosados + antibioticoterapia de amplo espectro.

C – CORRETA – Negativo. Vamos indicar colostomia em pacientes com síndrome de Fournier que se apresentem com acometimento perianal intenso e complexo, em que o tônus do esfíncter retal esteja prejudicado e que eu imagine que os cuidados de higiene local sejam difíceis ou impossíveis. Como dito acima, existem outros casos que impossibilitam a generalização da questão. 

D – INCORRETA – Fatores de risco incluem imunossupressão, diabetes, doenças oncológicas, obesidade, desnutrição. Ou seja, pacientes com algum grau de comprometimento imunológico, por variadas causas.

E – INCORRETA – Síndrome de Fournier é uma urgência médica. Pacientes precisam ser submetidos a um tratamento intensivo rapidamente, com reposição volêmica, antibioticoterapia de amplo espectro e desbridamento cirúrgico. Caso não retardem o tratamento, exames complementares podem ser indicados, para auxiliar no diagnóstico diferencial e na avaliação de profundidade do acometimento da doença.

Unitau-SP 2023

       2.   A gangrena de Fournier é uma infecção perineal grave, com mais de 30% de mortalidade. Para o tratamento adequado é importante que, como primeira medida, seja realizado(a):

a) desbridamento extenso da área comprometida
b) ileostomia em alça logo no início dos sintomas
c) ressecção dos testículos precocemente
d) esfincterotomia da musculatura anal

Comentário 

A – CORRETA – o desbridamente das áreas acometidas e a antibioticoterapia precoce são as principais medidas para resolução do quadro.

B – INCORRETA – pode ser utilizada em alguns casos como medida para controlar a contaminação local, porém não é medida inicial no tratamento.

C – INCORRETA – se possível, devemos poupar os testículos.

D – INCORRETA – quando possível, os esfíncteres devem ser preservados.

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Kiara Adelino
Kiara Adelino
Estudante do 2º semestre de Medicina. Adoro qualquer atividade que envolva mexer o corpo e aprender coisas novas.
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