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Saiba como funciona a Hemoterapia e sua importância

O que é hemoterapia?

Hemoterapia é a área da medicina que se dedica ao estudo, à coleta, ao processamento e à transfusão de sangue e seus componentes. Em resumo, é o uso do sangue como tratamento para diversas condições de saúde.

Por que a hemoterapia é importante?

  •  Tratamento de doenças: É fundamental para tratar doenças como anemia, hemofilia, câncer e outras condições que envolvem perda de sangue ou disfunções nas células sanguíneas.
  •  Cirurgias: Durante cirurgias, a hemoterapia é utilizada para repor o sangue perdido e garantir a estabilidade do paciente.
  • Acidentes: Em casos de acidentes com grande perda de sangue, a transfusão é essencial para salvar vidas.

Como funciona?

  • Doação: Pessoas saudáveis doam sangue, que é coletado em um banco de sangue.
  • Processamento: O sangue doado é separado em seus componentes: hemácias (glóbulos vermelhos), plasma, plaquetas e outros.
  • Análises: Cada componente é analisado para garantir a segurança e a compatibilidade com o receptor.
  • Transfusão: O componente sanguíneo adequado é administrado ao paciente que precisa, através de uma infusão intravenosa.

Quais os principais componentes do sangue?

  • Hemácias: Transportam oxigênio para as células do corpo.
  • Plasma: Líquido que contém proteínas, nutrientes e fatores de coagulação.
  • Plaquetas: Essenciais para a coagulação do sangue e a cicatrização de feridas.

Concentrado de Hemácias – CH

  • O uso é recomendado no intuito de tratar ou prevenir iminente e inadequada liberação de oxigênio aos tecidos;
  •   Anemias com Hb > 10 g/dl, em geral, são bem toleradas;
  •  Hb < 7 g/dL → há risco de comprometimento das funções vitais;
  •  Hb entre 7-10 g/dL → a indicação é dependente das condições clínicas do paciente.
  •  Tempo de infusão: 1-4 horas;
    *Atenção! 1 CH → aumenta Hb em 1 g/dL e Ht em 3%.

 Plasma Fresco Congelado – PFC

  •  É a porção acelular do sangue, obtida a partir da centrifugação do sangue total. Constituído de água, carboidratos, lipídios e proteínas. Dentre as proteínas, estão: albumina; fatores de coagulação; globulinas;
  • A fim de manter a preservação dos fatores de coagulação, o PFC deve ser completamente congelado após 8 horas da coleta;
  •  Não possui anticorpos eritrocitários irregulares de relevante importância clínica;

  Indicações

  • TP ou TTPA > 1,5x o normal na presença de sangramento ativo ou necessidade de procedimentos invasivos;
  •    Reversão em caráter de emergência do uso de cumarínicos (se não disponível complexo protrombínico);
  •    Deficiência de antitrombina III, proteína C ou S na vigência de fenômenos trombóticos significativos;
  •    Plasmaférese terapêutica de PTT;
  •    Transfusão maciça.
  •  Dose: 10-20 ml/kg.
    *ATENÇÃO! O PFC deve ser usado para o tratamento dos pacientes com distúrbio da coagulação devido à deficiência de múltiplos fatores.

Quais os tipos de Hemácias?

Crioprecipitado

Tem uso indicado para o tratamento da hipofibrinogenemia adquirida (< 100 mg/dL) ou na vigência de deficiência do fator XIII (condição extremamente rara);
*Contudo, é contraindicado no tratamento da hemofilia do tipo A e na doença de Von Willebrand;

  • Dose e administração:
    • 1-1,5 U para cada 10 kg de peso corporal;
    • Tempo de infusão: 30 minutos.

Procedimentos Especiais

Desleucocitação

  • Objetivo: redução dos leucócitos;
  • Útil para prevenção de RFNH (reação febril não hemolítica) e aloimunização → assim sendo, é interessante aos pacientes imunossuprimidos e politransfundidos;
  • Indicações clínicas:
    •   Hemoglobinopatias;
    •    Anemias hemolíticas hereditárias;
    •    Antecedentes de duas ou mais reações febris não hemolíticas;
    •    Candidatos a TMO;
    •    Síndrome de imunodeficiências congênitas;
    •    Transplante de órgãos sólidos;
    •    Anemia aplástica;
    •    Leucemia mieloide aguda.

Irradiação

  • Objetivo: inativação dos linfócitos T;
  • Age na prevenção da doença do enxerto vs. hospedeiro associada à transfusão (DECH-AT);
  • Indicações clínicas:
    •    Transfusão intrauterina;
    •    RN prematuros (< 28 s) ou baixo peso (1.200 g);
    •    Portadores de imunodeficiências congênitas graves;
    •    Pós-TMO;
    •    Receptor de transplante de órgão sólido em uso de imunossupressores;
    •    Tratamento quimioterápico ou uso de imunossupressores recente ou nos últimos 6 meses;
    •    Quando o receptor tiver qualquer grau de parentesco com o doador. 

Lavagem

  • Objetivo: redução do plasma;
  • Promove a redução de reações alérgicas → útil para quadros de reação alérgica grave ou deficiência de IgA;
  • Indicações clínicas:
    • Antecedente de reações alérgicas graves associadas a transfusões não evitadas com uso de medicamentos;
    • Pacientes com deficiência de IgA, haptoglobina ou transferrina com história prévia de reação anafilática durante transfusões anteriores.

Reações Transfusionais

  • A transfusão dos hemocomponentes é um evento que acarreta riscos e benefícios ao receptor;
  •  A despeito da correta indicação e da administração do procedimento, a ocorrência das reações ainda é possível;
  •  Deste modo, é essencial o reconhecimento precoce do quadro!
  • A reação transfusional pode ser dita como qualquer intercorrência relacionada à transfusão de um hemocomponente, podendo ser durante ou após a administração;
  •  Pode ocorrer independentemente da correta indicação da hemocomponente;
  •  Classificação: temporalidade: imediatas → em até 24 horas da transfusão; tardias → após 24 horas da transfusão. Reação: imunológica; não imunológica. 

 Tipos de reações

  •  RFNH;
  •  Reação Alérgica;
  •  TACO;
  •  Reação Hemolítica;
  •  TRALI.

Reação febril não hemolítica

  •  É a reação transfusional mais comum;
  •  Reação de hipersensibilidade do tipo II;
  •  Presença de anticorpos contra antígenos HLA do doador.
  •  Geralmente, tende a ocorrer ao final da transfusão;
  •  Manifestações clínicas:
    • Febre;
    • Calafrios;
    • Dor lombar leve.

Conduta: Avaliar a afastar potenciais causas graves de febre, como: hemólise; contaminação bacteriana.

Reação alérgica

  •  É uma reação de hipersensibilidade do tipo I;
  •  Pode ser dividida em 3 estágios:
    • Leve → acometimento cutâneo; Prurido; Urticária; Placas eritematosas;
    • Moderado → edema de Quincke – angioedema; broncoespasmo; diarreia; 
    • Grave → choque anafilático.
  •  Lesão pulmonar relacionada à transfusão;
  •  Qualquer hemocomponente que contenha plasma pode desencadear TRALI;
  •  O risco em componente plasmático é maior → plasma e plaquetas.
  •  Pode ser moderada a grave;
  •  Geralmente desenvolve-se 2-6 horas após a transfusão;
  •  Ocorre devido a transfusão de anticorpos anti-HLA presentes no plasma do doador;
  •  Os anticorpos se ligam aos antígenos dos leucócitos do receptor, desencadeando eventos imunológicos que aumentam a permeabilidade vascular pulmonar;
  • Redução do risco → utilizar plasma, crioprecipitado e plaquetas, preferencialmente de:
    •   Doador do sexo masculino;
    •  Doadora do sexo feminino nulípara.
  • Sinais e sintomas:
    •     Dispneia;
    •   Hipoxemia;
    •   Infiltrado pulmonar bilateral;
    •  Aumento de BNP ou pró-BNP;
    •  Sem outras causas que melhor justifiquem o quadro clínico.

TACO – Transfusion-associated circulatory overload

  • Observa-se um edema pulmonar decorrente de sobrecarga volêmica;
  •  Manifesta-se pela administração de grande volume de hemocomponentes;
  •  O tratamento é semelhante ao edema pulmonar cardiogênico;
  •  Apresenta boa resposta ao uso de diuréticos de alça.
  • *Critérios diagnósticos:
    • Falência respiratória aguda ou com piora;
    • Evidência de edema pulmonar – observado no exame físico ou em exame de imagem;
    • Aumento de BNP ou pró-BNP;
    • Sem outras causas que melhor justifiquem o quadro clínico.

Conduta imediata frente a uma reação transfusional

  • O que fazer imediatamente?
  •  Parar a transfusão!!!
  •  Manter a linha venosa com soro fisiológico 0,9%;
  •  Notificar o médico do paciente e o Banco de Sangue;
  •  Devolver ao Banco de Sangue a bolsa e o equipamento de transfusão;
  •  Em caso de febre ou suspeita de reação hemolítica aguda, encaminhar uma amostra de sangue do paciente com heparina ao Banco de Sangue; e coletar outra amostra em frasco de hemocultura para o Laboratório de Bacteriologia do Serviço de Análises Clínicas.

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Kiara Adelino
Kiara Adelino
Estudante do 2º semestre de Medicina. Adoro qualquer atividade que envolva mexer o corpo e aprender coisas novas.
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