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quarta-feira, 09 outubro
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Saiba quais as infecções congênitas que mais caem nas provas de residência

O que são infecções congênitas? 

Esse tipo de infecção é adquirida intrauterinamente ou durante o trabalho de parto (perinatais) pelo bebê. Elas significam elevadas chances de morbidade e mortalidade devido a condição delicada de saúde do bebê em formação ou recém nascido. Elas são ainda mais graves quando adquiridas no primeiro trimestre da gestação e somente algumas possuem  rastreio sorológico pelo pré-natal (sífilis, toxoplasmose, HIV e hepatites B e C). As alterações resultantes variam com o tipo de infecção, mas quase 90% são assintomáticas ao nascimento. A avaliação inicial inclui a história materna,  exames físicos e neurológicos do RN, hemograma e outros exames específicos a essa idade. 

Principais

Mnemônico: SToRCHZ 

Esse mnemônico serve para relembrar o perigo das infecções por Sífilis, Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes simples e Zika.  Vamos explorar um pouco delas: 

Sífilis

Causada pelo espiroqueta Treponema pallidum, essa é uma infecção que transmite-se por via transplacentária /contato direto (lesão no canal de parto) ou por qualquer IG em qualquer estágio de doença materna. Para identificação, existem 2 tipos de teste: o treponêmico (o teste rápido, que se mantém positivo mesmo após o tratamento) e o não treponêmico (o  título que decai e serve como controle de tratamento).  A apresentação clínica pode ser precoce (antes dos 2 anos) com efeitos mucocutâneos, musculoesqueléticos e outros mais específicos (como icterícia); tardia (acima dos 2 anos)  com evolução das manifestações precoces, fronte olímpica, perfuração do palato e outros. A avaliação inicial passa por 3 estágios:  avaliação materna, cuidado clínico do RN e VDRL pareado.

Referências; Site Meyer Lab https://pin.it/6ahxBAK2F

Toxoplasmose

Causada pelo protozoário intracelular Toxoplasma gondii, essa infecção pode ser transmitida por via transplacentária e pode ocorrer em qualquer fase gestacional (quanto mais perto do termo, menor gravidade e maior chance de transmissão). O bebê infectado apresenta, nos primeiros meses, a tríade: coriorretinite, hidrocefalia e calcificações cerebrais difusas.

O teste do pezinho ampliado já inclui a triagem neonatal para toxoplasmose, principalmente em grávidas que têm acesso a animais de estimação em casa (os gatos são os principais vetores dessa doença). Se identificada tardiamente, ocorrem mais sequelas neurológicas e oculares! O diagnóstico antes do nascimento é feito por USG pré-natal, amniocentese e tratamento materno. Já o realizado após o nascimento busca avaliar os sintomas de infecção usando teste do pezinho ampliado, IgM ou Iga, USTF, fundoscopia e outros.  O tratamento é feito com Sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico por 12 meses. 

Citomegalovirose Congênita

É uma infecção comum em todo o mundo e é transmitida durante a infecção primária, a reativação ou a reinfecção materna. Ela normalmente é assintomática ao nascimento (10% apenas demonstram calcificações periventriculares, microcefalia, PIG, perda auditiva neurossensorial, petéquias, icterícia e hepatoesplenomegalia).

Referências: Site de saúde Mejor con Salud https://pin.it/3IH1yXmhe

A avaliação do RN é feita por fundoscopia, avaliação auditiva, HMG, bilirrubinas, transaminases, USTF/TC e LCR. Nesse podemos diagnosticar o bebê por PCR ou isolamento viral na saliva e urina até a 3 semana. Por fim, o tratamento deve ser feito em casos de doença moderada ou grave com Ganciclovir (em quadros graves) e Valganciclovir (estável).

Síndrome da Rubéola

Infecção viral, com maiores índices de transmissão no primeiro trimestre e que cursa em malformações. O quadro clínico apresentado pelo bebê infectado inclui perda  auditiva neurossensorial, cardiopatia congênita, alterações oculares, “muffin de mirtilo” e doenças endocrinológicas (manifestação tardia).

Referências: Science Photo Library https://pin.it/4oowYGxaO 

 A avaliação da condição do bebê é feita pela observação  do HMG, da função hepática, radiografia dos ossos longos, fundoscopia, audiometria, neuroimagem, LCR e ecocardiograma. Para essa infecção, o diagnóstico é confirmado por IgM, PCR ou isolamento viral. Ainda não existe um tratamento específico, mas o bebê é direcionado a seguimento com especialistas. Ainda assim, a prevenção é feita pela vacinação materna (tríplice viral).

Herpes simples

Sendo causada por dois tipos de vírus (HS1 e HS2), essa infecção pode ser transmitida por lesões no canal de parto. Quando doente, o bebê apresenta características da doença mucocutânea: lesões cutâneas, orais, vesiculares e conjuntivite; acometimento de SNC; meningoencefalite; convulsões e letargia. A investigação envolve swab de conjuntiva, boca, nasofaringe e ânus, PCR viral do sangue e LCR (se houver histórico de infecções). Por fim, o tratamento é feito com Aciclovir. 

Referências: revista Metrópoles

Zika Vírus

Como o nome já explicita, é um vírus. Ele pode ser transmitido via transplacentaria para o bebê, enquanto a mãe foi infectada pela picada do A. aegypti ou em relações sexuais. O quadro clínico clínico é a microcefalia com desproporção facial, mas podemos citar também a artrogripose (articulações rígidas), hipertonia, hiperreflexia e calcificações intracranianas.

Referência: Blog DW

A avaliação do bebê ocorre, principalmente, pelo controle do perímetro cefálico nas primeiras 48 horas de vida (microcefalia se o escore Z for menor que -2), exame neurológico completo e por fim, a notificação da suspeita! Os exames mais usados são por imagem (USTF e TC) e fundoscopia. Devido a gravidade, o diagnóstico é facilitado por vários tipos de exame, como o exame rápido, sorologia, ELISA Igm e IgG e o padrão ouro: RT-qPCR. 

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Kiara Adelino
Kiara Adelino
Estudante do 2º semestre de Medicina. Adoro qualquer atividade que envolva mexer o corpo e aprender coisas novas.
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