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sexta-feira, 22 novembro
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Sarampo: quadro clínico, diagnóstico e tratamento!

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Definição e epidemiologia do sarampo

O sarampo é uma doença exantemática causada por um vírus do gênero Morbilivirus, com amplo espectro clínico. É um problema de saúde pública, dado seu alto potencial de transmissão e poder de evoluir para quadros graves.

Essa doença tem distribuição universal e, em todo o mundo, há cerca de 30 a 40 milhões de casos anualmente. No Brasil, devido à queda da cobertura vacinal, em 2018, o sarampo voltou a circular, levando o país a perder o certificado de eliminação do sarampo dado pela OMS. Entre 2018 e 2021, houve 40 mil casos de sarampo, com 40 óbitos em território nacional.

 

Fisiopatologia da doença

A transmissão do sarampo se dá por meio de secreções respiratórias e se inicia antes do surgimento do exantema até o início de sua descamação e pode ocorrer tanto por gotículas, quanto por aerossol.

O Morbilivirus coloniza as vias aéreas superiores e se replica nas mucosas. Após essa fase de intensa replicação, surge a viremia, sendo que o patógeno atinge medula, vísceras abdominais, pele e sistema nervoso. É possível encontrá-lo no sangue desde o período prodrômico até o quarto dia de exantema. Já os anticorpos são encontrados em titulação máxima em 2 a 3 semanas contadas da infecção.

Nos casos mais graves, ocorre ação persistente do vírus do sarampo no sistema nervoso central, que impede a erradicação pelo sistema imune, o que leva ao desenvolvimento de panencefalite esclerosante subaguda, após longo período de incubação.

Quadro clínico do sarampo

O período de incubação é de 7 a 14 dias e a evolução da doença se divide em três fases bem definidas, quais sejam:

a) período prodrômico;
b) período exantemático e;
c) período de convalescença.

Período prodrômico

Dura cerca de seis dias, com comprometimento das mucosas. Caracteriza esse período o surgimento de febre alta, tosse produtiva, coriza, conjuntivite e fotofobia. Pode haver linfonodomegalia e hepatoesplenomegalia.

Nessa fase, há um achado patognomônico do sarampo, que é o sinal de Koplik – manchas brancas com halo avermelhado na mucosa oral próxima aos pré-molares – , que surge cerca de 24 horas antes do final desse período.

 

Período exantemático

Há piora dos sintomas do período prodrômico, com prostração do paciente e surgimento do exantema do sarampo, que é maculopapular, se distribuem de forma cefalocaudal e é morbiliforme, ou seja, o exantema é entremeado por pele sã. Pode haver também vômitos, anorexia e otite.

O aumento da quantidade de secreções de vias respiratórias podem se manifestar com surgimento de ruídos adventícios na ausculta pulmonar. As vias aéreas superiores geralmente estão inflamadas e podem apresentar lesões por infecções secundárias.

 

Período de convalescença

Com a evolução do quadro, as máculas escurecem e descamam de forma fina, com aspecto furfuráceo. Há melhora da febre, entretanto há persistência de tosse e anorexia, sendo que esta pode levar à desnutrição, podendo prolongar a fase de recuperação.

 

Complicações do sarampo

Os quadros clínicos mais graves geralmente ocorrem durante o período exantemático, porém podem ocorrer em outras fases. São mais prevalentes em pacientes imunodeprimidos e em populações desnutridas.

As complicações mais comuns são as pneumonias, que podem ser tanto pelo acometimento dos pulmões pelo próprio vírus do sarampo ou por infecções bacterianas secundárias. Em lactentes, é uma causa importante de morbimortalidade.

A encefalite – não confundir com panencefalite esclerosante subaguda – pode ocorrer entre o 6º e 20º dia após o surgimento do exantema, com elevação de temperatura, convulsões, alteração do nível de consciência e paralisia de membros. Acomete cerca de 0,1% dos pacientes com sarampo e tem letalidade de, aproximadamente, 10%.

 

Diagnóstico

O diagnóstico do sarampo é eminentemente clínico, desde que haja a apresentação compatível com a doença, conforme os achados acima especificados. Entretanto, existem alguns exames que podem ser úteis, caso haja dúvida diagnóstica, como a presença de IgM no sangue e RT-PCR em swab de nasofaringe.

Tratamento do sarampo

Não existe tratamento específico para o sarampo, sendo que ele é eminentemente de suporte, como manter o paciente hidratado e bem nutrido e controlar a febre. Infecções bacterianas secundárias devem ser tratadas com antibioticoterapia.

Deve-se também suplementar vitamina A em crianças, pois reduz a morbimortalidade dos pacientes. Naquelas com menos de 6 meses, a dose é de 50000 UI, entre 6 e 12 meses, de 100000 UI e nas acima de 1 ano, 200000 UI.

Profilaxia

Atualmente, existe disponível no Programa Nacional de Imunizações, a vacina contra o sarampo, que está presente como Tríplice Viral ou SCR e Tetra Viral. Para crianças, o esquema é 1 dose de SCR aos 12 meses e outra de Tetra Viral aos 15 meses. Adolescentes e adultos até 29 anos não vacinados devem receber 2 doses de Tríplice Viral, e aqueles entre 30 a 59 anos, 1 dose.

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