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sexta-feira, 22 novembro
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‘Tilt’ no câncer: Confira a entrevista com o biomédico responsável pela descoberta

Acervo Pessoal/Matheus Dias

A equipe do Blog MedCof teve a oportunidade de realizar uma entrevista exclusiva com o biomédico Matheus Henrique Dias, responsável pela descoberta do “Tilt no Câncer”, abordando pontos sobre sua trajetória, possíveis desafios e experiências durante a realização do projeto.

‘Tilt‘ no Câncer: uma nova forma de combater a doença

O biomédico brasileiro Matheus Henrique Dias, com atuação de destaque no campo da oncologia, desenvolveu uma técnica inovadora capaz de combater o câncer de maneira mais precisa e eficaz. A nossa equipe do Blog MedCof realizou uma entrevista exclusiva com o Dr. Matheus, que nos contou tudo sobre o projeto, suas pesquisas e sua trajetória.

Apelidada como “Tilt no Câncer”, a nova abordagem consiste em estimular e sobrecarregar células cancerígenas, forçando-as a um ponto de desestabilização que resulta na sua autodestruição. Essa descoberta representa um avanço promissor no tratamento de diversas neoplasias, pois visa afetar diretamente as células doentes sem prejudicar as células saudáveis ao redor.

O método, que ainda está em fase de estudos e testes, já desperta a atenção da comunidade científica internacional e traz novas esperanças para pacientes e familiares que buscam terapias mais seguras e eficientes.

“Doutor, nos conte um pouco sobre a sua trajetória?”

Matheus nos conta que, após terminar o colégio sem uma direção clara, passou alguns anos fora do mundo acadêmico. Mais tarde, optou pela biomedicina, atraído pela área biológica da graduação. Durante os estudos, ele se destacou em bioquímica e logo iniciou um estágio em um laboratório na USP, onde mergulhou em pesquisas complexas sobre o ciclo celular.

Durante seu doutorado, deparou-se com um fenômeno curioso: um fator de crescimento que, ao invés de estimular, reduzia o crescimento de células tumorais. Decidido a investigar, ele publicou descobertas promissoras para terapias de câncer, contudo, sabia que para avançar precisaria de uma infraestrutura mais avançada, por isso, decidiu buscar oportunidades internacionais.

“E como surgiu a ideia de ir para a Holanda?”

No Brasil, ele enfrentava alguns desafios, principalmente na demora para obter reagentes e na manutenção de equipamentos, o que tornava o progresso mais lento. Porém, Matheus reconhece o apoio essencial das instituições brasileiras de fomento, que viabilizaram sua pesquisa até então.

Sem contatos diretos, Matheus planejou uma abordagem inovadora: ele iria a um congresso na Croácia no qual um pesquisador holandês participaria. Foi até o país, apresentou-lhe suas ideias, acabou sendo muito bem recebido e, meses depois, mudou-se para a Holanda, onde deu continuidade ao seu trabalho com novas perspectivas e suporte de pesquisa avançado.

Além disso, sobre o processo de viajar internacionalmente para encontrar com o pesquisador, ele nos conta “Não ficava pensando no que poderia dar errado ou pensando que não deveria falar com ele porque era um pesquisador famoso ou essas coisas limitantes que as pessoas pensam.”

Desafios pela frente

Apesar de promissora, Matheus destaca que a implementação da descoberta no Brasil pode enfrentar desafios complexos e imprevisíveis. O biomédico explica que muitos fatores escapam do controle, envolvendo acordos entre empresas, autorizações de agências de saúde e o suporte de hospitais e médicos locais. “Como as drogas propostas são experimentais, elas não estão disponíveis para uso comum. Para que sejam testadas em solo brasileiro, seria necessário um acordo entre as empresas farmacêuticas para disponibilizar essas drogas, bem como autorizações de autoridades sanitárias. Além disso, seria preciso contar com a colaboração de hospitais e de médicos que estejam dispostos a realizar os testes.” conta.

Segundo Matheus, a colaboração com médicos e pesquisadores brasileiros é fundamental para aumentar o interesse no país e considerar alternativas com drogas já aprovadas no país. Além disso, ele acredita que essa aproximação pode acelerar o processo de implementação, mas reconhece que é impossível prever o andamento, dada a complexidade dos fatores envolvidos.

Responsabilidade da descoberta

“Foi ficando cada vez mais claro ao longo do tempo para mim que, não é suficiente entender como as coisas funcionam, o importante é entender e transformar esse conhecimento em alguma coisa que de fato melhore a vida da pessoa. Se o conhecimento fica somente dentro da sua cabeça, para satisfazer o seu apetite intelectual, não resolve nada. O que resolve é quando você coloca esse conhecimento a serviço das pessoas.” Matheus fala.

O verdadeiro propósito da ciência vai muito além do entendimento teórico dos processos biológicos. Matheus busca transformar esse conhecimento em algo que realmente impacte a vida das pessoas. Desde que encontrou sua vocação na biologia molecular e bioquímica, ele sentiu uma responsabilidade crescente, sendo ela: não basta apenas descobrir como as coisas funcionam, é preciso usar o conhecimento para beneficiar quem realmente precisa.

Esse comprometimento o levou a perseguir uma abordagem que pudesse algum dia ajudar pacientes a receberem mais do que apenas um diagnóstico, mas sim permitir que eles possam voltar para suas casas com a esperança da cura. Além de tudo, Matheus acredita que o cientista deve se abrir a novas ideias, questionando dogmas e olhando para os dados de forma honesta e independente, sem se prender a uma visão rígida.

Embora os desafios sejam numerosos, ele mantém a convicção de que vale a pena lutar por uma causa a qual acredita. Acreditar que um avanço é possível, mesmo que o câncer ainda não tenha cura, é essencial para seu trabalho diário. Com essa visão, Matheus se sente guiado pelo objetivo de fazer a diferença, lembrando que a ciência é, sobretudo, um serviço à humanidade.

“A minha ideia é, algum dia, mandar um paciente de volta pra casa, ao invés de dar um diagnóstico no qual ela sabe que a vida dela está por um fio.

Depois que eu descobri que eu poderia ajudar nesse sentido, nunca pensei em fazer nenhuma outra coisa. Neste momento não tem nada mais importante do que isso, para mim.”

Referências: https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/09/21/tilt-no-cancer-tecnica-brasileira-que-sobrecarrega-celula-cancerigena-promete-parar-avanco-da-doenca.ghtml

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Luísa Porto
Luísa Porto
Estudante de Jornalismo do 4º semestre, encantada pela área da comunicação e fã de automobilismo
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