20.1 C
São Paulo
domingo, 19 maio
InícioGinecologia e ObstetríciaToxoplasmose na gestação: aprenda a avaliar e conduzir.

Toxoplasmose na gestação: aprenda a avaliar e conduzir.

feto-Toxoplasmosea
A toxoplasmose é uma infecção parasitária transmitida por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados

Nesse post vamos abordar sobre a avaliação da toxoplasmose na gestação, e como conduzir frente ao diagnóstico sorológico evidenciado.

Durante o pré-natal de uma paciente, os cuidados são redobrados em relação à proteção do binômio materno-fetal, principalmente quando tratamos de infecções que podem ser transmitidas por via placentária.

Introdução

A toxoplasmose é uma infecção parasitária transmitida por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados, além do contato com fezes de gatos (oocistos ou esporozítos) ou carne crua (bradizoítas).

Ciclo de Transmissão

UpToDate. 2023.

A gestante pode transmitir o parasita para o feto, causando toxoplasmose congênita, por via transplacentária. Essa transmissão ocorre especialmente na vigência da infecção aguda, por isso é imprescindível o rastreio durante o pré-natal.

Toxoplasmose Congênita

A toxoplasmose congênita é uma preocupação extremamente relevante, uma vez que a infecção pode levar a uma série de malformações congênitas.

Manifestação

A maioria dos recém-nascidos também são assintomáticos, mas, quando presentes, os sintomas podem ser graves e irreversíveis, como:

    • Catarata congênita;

    • Microftalmia;

  • Perda visual (coriorretinite);
UpToDate. 2023
  • Hepatoesplenomegalia, icterícia, ascite;

UpToDate. 2023.
    • Púrpura trombocitopênica;

    • Crises convulsivas;

    • Hidrocefalia, disgenesia do corpo caloso e envolvimento cerebelar

  • Calcificações costumam ser mais grosseiras e aleatórias no parênquima encefálico.
UpToDate. 2023.
  • Microcefalia e distúrbios de migração neuronal são achados pouco comuns.

💡 LEMBRE-SE!

Quanto MENOR a idade gestacional, MAIOR é o risco de complicações na toxoplasmose congênita.

Diagnóstico

O diagnóstico da toxoplasmose na gestação é baseado na avaliação das sorologias da toxoplasmose IgM e IgG, e só é fechado quando temos duas amostras positivas com um intervalo de no mínimo 2 semanas.

É importante entender o significado de cada resultado:

    • IgM Positivo: indica uma infecção aguda recente, já que o IgM começa a aparecer após 1 semana da infecção e não é capaz de atravessar a barreira placentária.
        • Logo, se o feto possui IgM, positivo indica, infecção fetal!

    • IgG Positivo: Isso sugere que a gestante teve exposição há no mínimo 2-4 semanas, e permanece positivo durante toda a vida.
        • Teste de avidez: verifica a intensidade da ligação (avidez) pelo antígeno, portanto:
            • Alta Avidez: sugere infecção antiga, há cerca de ≥ 4 meses.

            • Baixa Avidez: sugere infecção recente

  • IgA

💡 LEMBRE-SE!

As recomendações do Ministério da Saúde recomendam solicitar as Sorologias IGM e IGG nos exames do primeiro trimestre da gestação.

Conduta

A conduta após a avaliação sorológica depende do resultado:

    • Sorologias Negativa (IgG e IgM -): Não infectada – medidas preventivas + rastreio trimestral deve ser realizado.
        • Medidas Preventivas: evitar carnes mal cozidas, correta higienização de frutas e legumes, evitar contato com gatos, evitar contato sem proteção com terra.

    • IgG +/IgM – : Imune ou Infecção Crônica – Não há risco de reativação em gestante imunocompetentes. logo, não necessitar repetir exames.

    • IgG – / IgM +: Infecção muito recente ou Falso positivo – Solicitar IgA
        • IgA +→ Infecção confirmada → Iniciar tratamento + Pré-Natal de alto risco;

        • IgA – →Falso positivo → Suspender tratamento + Seguimento habitual;

        • Se IgA indisponível→ Iniciar Tratamento e repetir Sorologias em 2-3 semanas.
            • IgG +→ Infecção confirmada (houve soroconversão) → Manter tratamento + Pré-Natal de alto risco;

            • IgG – →Falso positivo (indepedentemente de IgM) → Suspender tratamento + Seguimento habitual;

        • Realizar Amniocentese (padrão-ouro para diagnóstico fetal) após 18 semanas de IG ou no mínimo 4 semanas da provável infecção

  • IgG + / IgM +: Infecção aguda ou crônica – Depende da IG.
      • IG < 16 semanas → Solicitar Teste de Avidez;
          • Alta (>60%) → Infecção pré-gestacional/crônica→ Não tratar!

          • Intermediária (30-60%) → Inconclusivo → Iniciar tratamento!

          • Baixa(<30%) → Infecção aguda→ Iniciar tratamento + Pré-natal de alto risco !

      • Se IG > 16 semanas → Teste de avidez não ajuda a diferenciar! → Iniciar tratamento.

    • Realizar Amniocentese (padrão-ouro para diagnóstico fetal) após 18 semanas de IG ou no mínimo 4 semanas da provável infecção

⚠️ APRENDA A INICIAR O TRATAMENTO.

    • Até 18° semana → Espiramicina 1000mg VO de 8/8h + PCR de Liquido Amniótico+ USG mensal;

    • >18° semana → Pirimetamina 50mg VO 12/12 por 2 dias, seguido de Pirimetamina 25 mg VO 12/12h + Sulfadiazina 1g VO 6/6h + Ácido Folínico 15mg VO 1x/d + PCR de Liquido Amniótico + USG mensal;

Avaliação do Feto : LA (Amniocentese) e/ou USG

    • LA (+) e/ou alteração na ecografia fetal compatível com infecção congênita→ Manter SD+P+AF até o parto.

    • LA (-) e ecografia fetal normal→ Avaliar idade gestacional e risco fetal ao considerar substituir SD/P/AF por espiramicina.

    • Nas infecções adquiridas no último trimestre→ Manter SD/P/AF até o parto;

    • Na ausência de Amniocentese → Manter SD/P/AF até o parto;

      O método que te aprova

      Se você quer garantir a sua aprovação nas provas de residência, então conheça o grupo MedCof e a metodologia que já aprovou mais de 10 mil residentes pelo país. Confira abaixo o episódio do nosso podcast papo de aprovado em que nossos coordenadores conversam com quem pode comprovar na prática a recompensa de confiar em nosso método:

POSTS RELACIONADOS