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sexta-feira, 22 novembro
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Saiba mais sobre o Calendário Vacinal do idoso

Por motivos epidemiológicos e condições inerentes à senescência, a vacinação de idosos possui particularidades. No texto abaixo você entenderá quais vacinas devem ser aplicadas seguindo as recomendações tanto da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), quanto do Programa Nacional de Imunizações (PNI)

Além disso, separamos algumas questões de provas de residência médica para mostrar como o assunto aparece nas provas. 

Influenza

Possui dose única anual, indicada acima de 60 anos e considera-se uma vacina de rotina. A indicação anual dessa vacina é devido ao risco aumentado de formas graves e óbito por influenza após os 60 anos.

Há dois tipos de vacina: quadrivalente e a trivalente. A quadrivalente oferece maior proteção, mas só está disponível de forma privada. 

Esquema vacinal

Indica-se uma dose ao ano e, de acordo com a Sociedade Brasileira Imunizações (SBIm), pacientes em situações epidemiológicas de risco, pode ser considerado uma segunda aplicação 3 meses após a aplicação da dose anual de rotina.

Pneumocócica 13 e 23

Sendo ambas as vacinas consideradas de rotina, entre a 13 e a 31 há diferenças na aplicação:

  • Pneumocócica 13: aplicada em dose única, disponibilizada apenas em clínica privada 
  • Pneumocócica 23: reforço necessário após 5 anos, disponibilizada no SUS para grupo de risco aumentado.  

Esquema ideal da pneumocócica 13 e 23

Idealmente, a pneumo 13 é indicada primeiro e, depois de 6 a 12 meses, a pneumo 23. Após 5 anos, o reforço da pneumo 23 pode ser aplicado. 

Além disso, pelo Tratado de Geriatria e Gerontologia, a primeira aplicação de pneumo 23 pode seguir o intervalo de 2 meses, mas, em termos de prova de residência médica, o intervalo que é mais cobrado é o de 6 a 12 meses!

E atenção, essas vacinas não aplicam-se juntas

Esquema vacinal alternativo da pneumocócica 13 e 23

Em um cenário em que o paciente recebeu primeiro a pneumo 23, o esquema vacinal é modificado!

Seguindo essa lógica, a próxima dose a ser aplicada é a pneumo 13 com um intervalo de 12 meses. 

Após uma dose de pneumo 13, o reforço da pneumo 23 pode ser feito depois de 6 a 12 meses, entretanto, fique atento ao intervalo entre as doses de pneumo 23, que deve respeitar o período de 5 anos!

Além disso, de acordo com o calendário da SBIm, se a segunda dose de pneumo 23 foi aplicada antes dos 60 anos, está recomendada uma terceira dose depois dessa idade, com intervalo mínimo de cinco anos da última dose.

Herpes Zóster

Recomendada acima de 50 anos, essa vacina é, também, de rotina, e há dois tipos de vacina: uma atenuada, dada em dose única, e uma vacina inativada, dada em duas doses seguindo intervalo de 2 meses entre as duas doses. Ambas as vacinas estão disponíveis apenas na rede privada.

O motivo para a recomendação dessa vacina não é só a redução da taxa de herpes zoster, mas também a redução das sequelas, como a neuralgia pós herpética. 

Entre a vacina atenuada e a inativada, qual oferece maior proteção? A inativada! A vacina inativada apresenta maior proteção e maior eficácia. Além disso, a vacina atenuada é contraindicada para imunossuprimidos!

Esquema vacinal

Para pacientes que tiveram HZ:

  • esperar 12 meses para tomar a vacina atenuada;
  • ou esperar 6 meses para tomar a vacina inativada. 

Em relação aos pacientes que já tomaram a vacina atenuada e desejam tomar a vacina inativada, é necessário o intervalo de, no mínimo, 2 meses entre as doses.

Tríplice bacteriana: difteria, tétano e coqueluche

Indicada de rotina e disponibilizada pelo SUS, essa vacina inativada é recomendada desde o primeiro ano de vida.

Esquema vacinal

Com esquema de vacinação básico completo, a indicação é: reforço a cada 10 anos. 

Com o esquema de vacinação básico incompleto: dTPa a qualquer momento; 1 ou 2 dose de dT (dupla bacteriana do tipo adulto), de modo a completar 3 doses de vacina que contém o componente tetânico. 

Não vacinados e/ou histórico vacinal desconhecido:  dTPa + 2 doses de dT no esquema 0 – 2 – 4 à 8 meses.

Hepatite B

De rotina, essa vacina inativada é indicada desde o primeiro ano de vida e disponível no SUS.

Esquema vacinal

Três doses no esquema 0-1-6 meses, inclusive para idosos que não possuem histórico de vacinação.

Febre amarela

A vacina da febre amarela é disponibilizada pelo SUS e é uma vacina atenuada

Esquema vacinal

Em dose única, a indicação exige cautela: para idosos não vacinados previamente, a indicação é feita após avaliação médica de risco versus benefício, considerando também o risco individual de infecção.  

De acordo com a SBIm, embora raro, está descrito risco aumentado de eventos adversos graves na primovacinação de indivíduos maiores de 60 anos. 

COVID

É uma vacina que deve ser recomendada de rotina e, atualmente, há 4 opções: CoronaVac (inativada), AstraZeneca (recombinante), Pfizer (RNA mensageiro) e Jannsen (vetor viral).

Esquema vacinal

De acordo com SBIm, 2022: para receber as vacinas contra o COVID-19, é necessário aguardar o completo restabelecimento e, no mínimo, 4 semanas após o início dos sintomas. Indivíduos que estejam assintomáticos e tiveram resultado positivo no exame de RT-PCR também devem esperar 4 semanas para a vacinação. 

Além disso, os indivíduos devem preferencialmente completar o esquema vacinal com a mesma vacina. Vacinas diferentes serão usadas em situações excepcionais, nas quais não é possível administrar a segunda dose com o mesmo produto, como, por exemplo, na falta do imunizante, anafilaxia, entre outros.

Para outras vacinas, basta que haja a recuperação clínica, ausência de febre por, pelo menos, 24 horas e o fim do período de isolamento para pessoas com COVID-19.

Calendários disponibilizados pelo governo e pela SBIm  

Para conferir na íntegra os calendários disponibilizados pelo Ministério da Saúde e pela SBIm basta clicar nos links abaixo: 

Vacinação do idoso é cobrado na prova de residência médica? 

Sim! De forma objetiva, as questões abordam a vacinação do idoso com um foco: esquema vacinal!

1) R1 acesso direto –  SUS-SP, 2020

Segundo o Calendário Nacional de Vacinação, as vacinas para pessoas com 60 anos ou mais, além da vacina anual contra influenza, são:

a) Hepatite B, febre amarela, dupla adulto, pneumocócica 23 valente.
b) Tríplice viral, febre amarela, pneumocócica 15 valente.
c) Meningocócica C, hepatite B, febre amarela, dupla adulto.
d) Hepatite A, dupla adulto, febre amarela, pneumocócica 10 valente (conjugada).
e) DTP (difteria, tétano e coqueluche), febre amarela, pneumocócica 10 v alente (conjugada).

2) R+ Clínica – UNIFESP, 2021

Sobre a vacinação antipneumocócica em pessoas idosas é correto afirmar que:

  1. A vacina polissacarídica 23-valente induz níveis de anticorpos maiores e mais persistentes que a conjugada 13-valente.
  2. A imunização concomitante com vacina polissacarídica 23-valente e influenza é contraindicada em maiores de 60 anos.
  3. A imunização com vacina conjugada 13-valente está disponível no SUS para idosos institucionalizados ou com asplenia.
  4. A imunização inicia-se com uma dose de conjugada 13-valente e, após seis a doze meses, administra-se a polissacarídica 23-valente.

3) R1 acesso direto – EINSTEIN, 2022

Um usuário idoso do Sistema Único de Saúde recebeu no mesmo dia, por opção pessoal e dificuldade de locomoção até a Unidade Básica de Saúde (UBS), a vacina anual de vírus atenuado contra influenza e a segunda dose da vacina AstraZeneca contra COVID-19. Segundo a Organização Mundial da Saúde, essa coadministração é:

a) Aceitável e sem forte evidência de gerar aumento de eventos adversos.
b) Desaconselhável pelo risco de reduzir a formação de anticorpos contra os dois vírus.
c) Desaconselhável pela forte evidência de redução de eficácia de ambas as vacinas.
d) Aceitável, mas com forte evidência de aumento de eventos adversos.

Gabarito 

  1. A

Hepatite B, febre amarela, dupla adulto, pneumocócica 23 valente.

  1. D

Exatamente como dita a orientação da SBIM. Ainda se recomenda um reforço único com a vacina polissacarídica 23-valente 5 anos após a última dose.

  1. A

Não só é aceitável, como realmente há uma baixa taxa de efeitos adversos acumulados.

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Giulia Gallucci
Giulia Gallucci
Estudante de Medicina. Entusiasta da organização e da atividade fisica.
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