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quarta-feira, 05 fevereiro
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Vantagens e desafios de fazer residência médica longe de casa 

Na hora da escolha da residência médica, um milhão de dúvidas preenche nossos pensamentos: “Qual será o melhor serviço e qual o considerado referência na área que escolhemos?” “Será que fica próximo onde moro?” ou “Será que vale a pena fazer uma mudança enorme para estar no local de escolha?”

Pensando nisso e no fato de que os resultados das provas de residência médica estão sendo divulgados, achamos interessante conversar um pouco sobre as vantagens e os grandes desafios enfrentados pelos residentes que, em busca da melhor especialização, saem do conforto de suas casas e familiares e vão em busca de seu sonho de se tornar o melhor naquilo que escolheram fazer.

Dicas dos residentes

Em conversa com uma residente de Ginecologia e Obstetrícia do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – IMIP, Bianca França, comentou que é fundamental conhecer as consequências que aquela decisão trará e os meios necessários para tornar tal mudança possível. Durante o relato, ela disse que um dos seus grandes enganos foi pensar que encontraria de forma mais rápida e fácil plantões extras da residência a fim de complementar a renda e arcar com as novas despesas. Além disso, aconselhou a entender se é possível conciliar esses plantões com a carga horária da residência que, a depender da especialidade, possuem mais ou menos demandas. 

Entrando em outro tópico importante, comentou o quanto foi desafiador conciliar a nova rotina de “dona de casa” e residente. Manter a casa arrumada, roupas limpas, louça em dia e cozinhar tornaram-se tarefas difíceis, já que ao mesmo tempo precisava estar no hospital, devido a carga horária exaustiva, além de precisar estudar seus pacientes e se aprofundar nos temas discutidos durante o dia. 

Para ela, estar longe de casa e das pessoas que ama foi uma das partes mais difíceis de aprender a lidar. No entanto, conta que além do seu grupo de residentes ter sido essencial como seu apoio emocional por dividirem todo o processo e turbulências da residência, ela buscou comunidades que pudessem somar à esse apoio, como um grupo de oração. Nos deixou a dica de frequentar ou conhecer essas  comunidades, como grupos de corrida e oração, lembrando que devemos prezar por nosso tempo de descanso e autocuidado, que é fundamental. 

Finalizando nossa conversa, conta que o que a fez não desistir foi ter sempre em mente que, desde o começo, ela tinha um propósito e estava rodeada de pessoas que estavam a apoiando e torcendo, mesmo de longe. 

Por fim, para trazer outro olhar sobre esse tema tão relevante e influente nas nossas futuras escolhas, conversei com um amigo residente de Pediatria no IMIP, que escreveu um depoimento sobre tudo que passou até chegar aqui e quais são os desafios que enfrenta e todas as realizações que conquistou. Veja a seguir:

Ítalo Bernardo, Residente de Pediatria do IMIP

A escolha da especialidade já nos gera um turbilhão de dúvidas, e se junta ao receio do primeiro plantão, da dúvida maior “será que vou dar conta?” Acho esse um bom ponto de partida para falar sobre as mudanças que ocorrem nas nossas vidas a partir do fim da graduação que, diga-se de passagem, já é por conta própria um período de crescimento pessoal e profissional surreal. 
A verdade é que há muito tempo saí de casa na busca do sonho de ser médico, então dentre todas as mudanças que fiz, essa, poderíamos dizer, que eu já estaria preparado. Engano meu, foi uma das mais importantes! A residência médica é um mundo à parte. Eu sou de uma cidade com apenas 8 mil habitantes do interior do Ceará, e lembro como se fosse hoje minha primeira reunião clínica na residência médica, na qual eu chorei na noite anterior por cair a ficha de tudo que eu já havia passado e lutado para estar aqui. O sacrifício de não estar presente em datas tão importantes, como aniversários e confraternizações com amigos e família sempre pesa muito nas nossas escolhas dentro da residência e também na escolha dela.
Sempre tive o desejo de fazer residência médica fora do país, então pra isso eu decidi que iria trabalhar alguns anos após a graduação, juntar um certo valor que fosse interessante para custear todas as mudanças. Contudo, por questões pessoais, infelizmente tive de adiar esse sonho e optei por trabalhar um pouco mais, foi quando me apaixonei pela Medicina de Família e Comunidade, na qual atuei por 3 anos. E foi no meu cotidiano e no sorriso das crianças nas consultas de puericultura que eu fui percebendo meu lugar. A vida muitas vezes é dura com quem escolhe a medicina, mas também é gratificante e iluminadora quando a própria rotina te faz perceber o caminho certo, eu diria até que de forma divina. 
Uma das questões mais duras da residência médica é a sua rotina exaustiva, que por vezes chegamos em casa esgotados. Então a saúde mental do residente precisa de todo suporte possível, uma rede de apoio, e claro, acompanhamento especializado com psicólogo é sempre muito importante. Manter um bom vínculo com nossos amigos da residência e sempre expandir a rede de amizades e apoio, e lembrar que além de rede de contatos, a residência precisa ser confortável e um local de crescimento pessoal também. Então sempre que possível até fora da residência manter uma rotina saudável, com prática de esportes ajuda muito a manter a mente um pouco mais leve, sem perder bons hábitos, tentando ajustar a alimentação que deve ser, em troca da que consigo ter (pela correria).
Por ser de outro estado, eu já imaginava que teria de me organizar financeiramente para as despesas maiores que teria morando sozinho, e conciliar muitas vezes os plantões externos com a rotina não é tarefa fácil, mas possível.
A esperança que um dia iremos concluir mais uma parte dessa caminhada e ficar mais próximos ainda do sonho maior é o que nos move todos os dias, mesmo sendo cansativa, a residência médica hoje é a ponte para muitas realizações pessoais e profissionais.

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Cecília Campozana Piasson
Cecília Campozana Piasson
Recifense, apaixonada pela medicina, pela praia e por aventuras. Encontrei na medicina meu grande propósito de vida: ajudar minha família e a todos que cheguem até mim.
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