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domingo, 19 maio
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O que é ascite, como identificá-la e o que fazer inicialmente

A ascite é o acúmulo anormal de líquido na cavidade peritoneal, podendo indicar uma variedade de condições subjacentes

O que é ascite?

A ascite é o acúmulo anormal de líquido na cavidade peritoneal, podendo indicar uma variedade de condições subjacentes. Portanto, é importante reconhecer os sinais precoces dessa condição e saber como proceder inicialmente para garantir um manejo adequado.

Como identificar a ascite no exame físico?

No exame físico, a suspeita de ascite pode ser levantada por meio de testes simples, como os de macicez móvel e piparote. A macicez móvel é mais sensível e pode ser detectada pela percussão abdominal, observando a mudança dos sons mediante mudança de decúbito (movimentação do líquido).

Enquanto o teste de piparote consiste em aplicar um rápido golpe com os dedos na parede abdominal e observar a onda de choque. É menos sensível (só detectado em grandes ascites). Ambos os testes são indicativos de acúmulo de líquido na cavidade peritoneal.

O que fazer em casos de dúvidas da presença de ascite?

A confirmação diagnóstica da ascite, em caso de dúvidas pelo exame físico, geralmente é realizada por meio de ultrassonografia abdominal, que pode identificar o acúmulo de líquido a partir de quantidades mínimas, cerca de 100 ml.

Em casos suspeitos, uma paracentese abdominal pode ser indicada para coletar amostras do líquido ascítico para análise posterior.

Como avaliar o líquido ascítico?

A análise do líquido ascítico obtido por paracentese é essencial para diferenciar entre transudato e exsudato, o que pode fornecer informações cruciais sobre a causa subjacente da ascite.

O gradiente soro-ascite (GASA), que é a diferença entre os níveis de albumina no soro e no líquido ascítico, é um parâmetro frequentemente utilizado para essa avaliação.

Se o GASA for maior ou igual que 1.1, sugere-se um transudato, com causas como cirrose hepática, insuficiência cardíaca ou obstrução venosa hepática.

Por outro lado, se o GASA for menor que 1.1, indica um exsudato, podendo estar associado a condições como neoplasias, pancreatite ou tuberculose peritoneal.

Como tratar ascite em paciente cirrótico?


1. Restrição de sódio (e hídrica em alguns casos) – A restrição de sódio é uma medida fundamental no tratamento da ascite em pacientes cirróticos. Recomenda-se uma ingestão diária de sódio inferior a 2 g para reduzir a retenção de líquidos.
Além disso, a restrição hídrica é indicada apenas no caso de hiponatremia dilucional, ajudando a controlar o acúmulo de fluidos.

2. Uso de diuréticos – A terapia farmacológica com diuréticos, como a espironolactona e a furosemida, desempenha um papel importante no tratamento da ascite.
A combinação desses medicamentos pode ajudar a promover a diurese e reduzir o volume de líquido acumulado na cavidade abdominal. A meta de perda de peso geralmente é de 0,5 kg/dia, ou 1 kg/dia em casos de edema significativo. Pesar o paciente na mesma balança e no mesmo horário, diariamente, pode ser uma boa estratégia para monitorizar a perda de peso diária.

3. Paracentese terapêutica – Nos casos de ascite refratária, em que as medidas conservadoras não são eficazes, a paracentese terapêutica pode ser considerada. Este procedimento envolve a remoção do líquido ascítico da cavidade abdominal por punção.
É importante monitorar a quantidade de líquido retirado durante a paracentese. Se mais de 5 litros de líquido forem removidos, é recomendada a administração de albumina na proporção de 6-10 g por litro retirado. Isso ajuda a prevenir complicações, como a síndrome hepatorrenal.

4. Transplante intra-hepático de derivados da veia porta (TIPS) – Em casos selecionados e menos frequentemente disponíveis, o TIPS pode ser uma opção para o tratamento da ascite refratária em pacientes cirróticos. Este procedimento envolve a criação de uma comunicação entre os ramos da veia porta e da veia hepática para reduzir a pressão portal e melhorar a circulação sanguínea. No entanto, o TIPS está associado a riscos e complicações, e sua indicação deve ser cuidadosamente avaliada pelo médico.

O tratamento da ascite em pacientes cirróticos requer uma abordagem multifacetada, que inclui medidas dietéticas, uso de diuréticos, paracentese terapêutica e, em alguns casos, intervenções mais invasivas, como o TIPS.

É importante que o manejo seja individualizado de acordo com as necessidades e características de cada paciente, buscando sempre otimizar os resultados clínicos e a qualidade de vida.

Conclusão:

Identificar e avaliar precocemente a ascite é crucial para iniciar o tratamento adequado e investigar a causa subjacente dessa condição. Ao suspeitar de ascite com base nos sinais clínicos e nos resultados dos exames, é importante encaminhar o paciente para uma avaliação médica completa, incluindo exames complementares e a realização de uma paracentese, se necessário.

O diagnóstico e o tratamento oportunos podem ajudar a melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes afetados por essa condição.

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