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sábado, 04 maio
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Síndrome de Guillain Barré: quando suspeitar e como diagnosticar?

Nesse post vamos conferir a suspeita, diagnóstico e tratamento sobre a  síndrome de Guillain Barré

Sumário

Imagine que você está num plantão na UPA da sua cidade e chega um homem, de 56 anos, com queixa de fraqueza em membros inferiores que iniciou nos pés e foi “subindo” até o quadril. O paciente é previamente hígido e não tem nenhuma comorbidade. Qual a sua principal hipótese diagnóstica?

Síndrome de Guillain Barré (SGB)

Apesar de ser considerada rara, a SGB é a neuropatia inflamatória adquirida mais comum. Essa condição afeta mais homens e sua incidência aumenta em 20% a cada 10 anos de vida, ou seja, pessoas mais velhas tem maiores chances de desenvolver a doença.

A fisiopatologia da doença, até hoje, não é totalmente compreendida, mas envolve processo autoimune.

⚠️ No Brasil, a incidência da SGB aumentou desde a epidemia do Zika Vírus. Vamos entender por que?

Na grande maioria dos pacientes (2/3), a SGB ocorre 1 a 3 semanas após uma infecção, cirurgia ou vacinação. Os patógenos mais comuns envolvidos no desenvolvimento da SGB são: campylobacter jejuni, vírus entéricos, herpes vírus e mycoplasma.

Quando suspeitar de síndrome de Guillain Barré?

Clínica clássica: fraqueza muscular ascendente e diminuição ou ausência dos reflexos tendinosos profundos.

A fraqueza costuma ser mais intensa na região proximal. Em alguns casos raros, a fraqueza pode ser localizada. A SGB é uma doença monofásica, que alcançar seu nadir entre 2 e 4 semanas. Pode ocorrer envolvimento cranial em até 50% dos casos, disfunção autonômica em até 25% e necessidade de suporte ventilação em 19% dos casos.

Como fechar diagnóstico da síndrome de Guillain Barré?

O diagnóstico é essencialmente clínico e consiste na presença obrigatória dessas 3 condições:

Critérios obrigatórios Corroboram com a hipótese diagnóstica
Déficit motor flácido simétrico Curso monofásico com platô em 12 horas a 28 dias
Diminuição ou ausência de reflexos profundos Simetria relativa
Ausência de outras causas Sintomas sensitivos leves
  Melhora dos sintomas em até 4 semanas do platô
  Envolvimento de nervos cranianos (facial, bulbar e oculomotor)
  Disfunção autonômica
  Ausência de febre no início dos sintomas neurológicas

EXAMES COMPLEMENTARES PODEM AJUDAR NO DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DE GUILLAIN BARRÉ

⚠️ Em alguns casos, no começo do quadro, a ENMG pode se apresentar sem alterações.

  • Exame do líquido cefalorraquidiano evidenciando celularidade < 50/mcl e hiperproteinorraquia. </aside>

  • Eletroneuromiografia (ENMG) evidenciando condução lenta e bloqueio.

  • Ressonância magnética evidenciando realce na raiz lombar ou cauda equina (sensibilidade de 83%).

  • Ultrassonografia de nervo também pode ser realizada como alternativa à RNM.

Como tratar a síndrome de Guillain Barré?

O tratamento da síndrome de Guillain Barré pode ser feito com imunoglobulina endovenosa ou plasmaférese. Devemos optar pela imunoglobulina venosa se o paciente apresentar disfunção autonômica ou se for criança.

As dosagens podem ser conferidas abaixo.

Imunoglobulina EV Plasmaférese
2g/kg por 5 dias 50ml/kg por sessão (4-5 sessões)

⚠️ LEMBRE-SE: A imunoglobulina EV pode causar anafilaxia. Por isso, deve sempre ser administrada em ambiente hospitalar e com epinefrina disponível em local próximo. Além disso, podemos prescrever anti-histamínicos até 30 minutos antes da aplicação da medicação

Tanto a imunoglobulina quanto a plasmaférese podem desencadear efeitos adversos, como disfunção hepática e tromboembolismo venoso. Por isso, devemos prescrever heparina profilática.

Qual o prognóstico da síndrome de Guillain Barré?

Pacientes com idade avançada, necessidade de suporte ventilatório e com história de infecção por campylobacter jejuni têm prognóstico mais reservado.

Aprendeu quando suspeitar e como diagnosticar a síndrome de Guillain Barré? Continua ligado no nosso blog, pois em breve iremos discutir outros tipos de síndrome.

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